Lukács: ritorno al concreto

di György Lukács

da Lukács parla. Interviste (1963-1971), a cura di A. Infranca, Edizioni Punto Rosso, Milano 2019.

Intervista concessa a Naïm Kattan e pubblicata nella “Quinzaine Littéraire”, 1/15 dicembre 1966 con il titolo “Lukács: revenir an concret”. Tradotta e pubblicata in italiano da “L’Espresso”, n. 2, gennaio 1967, p. 11 con il titolo “Lo scrittore a piede libero”, senza indicazione del traduttore.


L’appartamento di Lukács è all’ultimo piano di un edificio che si affaccia sul Danubio. Le pareti sono tappezzate di libri. Guardo a caso: opere complete di Hegel e di Marx. Sulla scrivania, altri libri, riviste in ungherese, in tedesco, in francese. È qui, che da dieci anni, Lukács prosegue nel suo lavoro.

Si sa che fu Ministro della Cultura nel governo di Imre Nagy. Dopo che la rivoluzione ungherese fu schiacciata, Lukács visse alcuni mesi, in un esilio volontario, in Romania. Dal suo ritorno, si è imposto il compito di terminare la sua “summa” filosofica. Un primo volume di più di mille pagine è già stato pubblicato in tedesco. Lukács è in tenuta da lavoro: pantaloni scuri, giacca kaki. Piccolo e magro, dà l’impressione di possedere un mondo. Ci si dimentica che egli ha 82 anni.

«Ho cominciato la mia vera opera a 70 anni», esordisce Lukács. «A volte, si direbbe che esistano delle eccezioni alle leggi biologiche. In questo senso sono un seguace di Epicuro. Ma io pure invecchio. Per molto tempo ho cercato la mia vera strada. Sono stato idealista, poi hegeliano, e in Storia e coscienza di classe ho cercato di essere marxista. Durante lunghi anni sono stato funzionario del Partito Comunista a Mosca; è in questo periodo che ho avuto il tempo di leggere e rileggere molto, da Omero a Gorki. Fino al 1930, però, i miei scritti erano soprattutto delle esperienze intellettuali. È dopo che vennero i primi traguardi e le basi per il lavoro successivo.

Questi scritti possono sembrare oggi superati, ma essi hanno forse fornito ad altri un suggerimento, una spinta. Certo, può sembrare strano che io abbia dovuto toccare il settantesimo anno per mettermi a lavorare intorno alla mia opera. Una vita non è poi infinita. Pensate a Marx, a questo genio colossale. Ebbene egli non è riuscito a dare che un abbozzo del suo metodo. Nella sua opera non ci sono tutte le risposte che vorremmo. In realtà, stava nel suo tempo. Io utilizzo il suo metodo per i miei studi di estetica. Se egli vivesse oggi, sono sicuro che scriverebbe di estetica». Continua a leggere

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Georg Lukács e a literatura do século XX

di Carlos Nelson Coutinho

da Lukács, Proust, Kafka, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.

[Questo testo rappresenta il capitolo 1 del libro, la cui Appendice contiene uno scambio di lettere tra l’autore e L., e una rassegna dei passi di testi lukacsiani in cui l’ultimo L. parla di Kafka. Come si capirà leggendo il capitolo qui proposto, il libro nel suo complesso vuole condurre un’analisi dell’opera dei due autori citati nel titolo, partendo da tarde categorie lukacsiane criticando quelle espresse da L. medesimo in L’attualità del realismo critico, in particolare l’opposizione realismo/avanguardia – specie per i due autori in oggetto – e la posizione di fronte al socialismo quale criterio di valore per giudicare un’opera del XX secolo. L’importanza di questo scritto ci sembra risiedere non solo nella serietà dell’argomentazione – la cui validità è oggetto del giudizio del lettore – ma anche nell’aver affrontato testi lukacsiani non tradotti in italiano e – per quel che ne sappiamo – per niente letti dai critici italiani].


1.

Uma análise das obras de Marcel Proust e de Franz Kafka — ainda que sumária e parcial, como a que pretendo esboçar nos capítulos seguintes deste livro — requer sempre uma justificativa prévia. Poucos autores, contemporâneos ou não, mereceram uma similar atenção por parte da crítica. Quase todos os pensadores importantes do século XX sentiram a necessidade de acertar contas com a obra destes dois autores, sobretudo com aquela de Kafka. Cabe assim uma pergunta: restará algo a dizer sobre Proust e Kafka? Não terá essa vasta literatura crítica, ou pelo menos sua parte mais significativa, indicado e explicitado a totalidade dos possíveis ângulos de abordagem e, sem naturalmente esgotar o conteúdo da produção destes dois autores (que, como o de toda grande obra de arte, é sempre em certo sentido inesgotável), fornecido o máximo de conhecimento possível — na etapa histórica em que vivemos — sobre o seu significado essencial?

Não se trata, evidentemente, de propor uma resposta radicalmente negativa. Nessa massa de análises críticas de variada orientação, podem-se indicar alguns pontos firmes essenciais, ou seja, conquistas que se incorporaram definitivamente à compreensão do significado do mundo estético de Proust e de Kafka. Mas, ao mesmo tempo, também é possível observar que a descoberta de tais pontos e a fixação dessas conquistas ocorreram freqüentemente no interior de visões de conjunto problemáticas, que, em muitos casos, lançaram um denso véu de equívocos sobre a verdadeira natureza estético-ideológica dos relatos destes dois notáveis escritores.

No caso de Proust, tais equívocos dizem respeito, essencialmente, ao lugar ocupado por sua obra na evolução da literatura e, em particular, do romance. Embora À la recherche du temps perdu tenha, na época do seu aparecimento, despertado forte oposição nos meios “vanguardistas”, tornou-se depois moeda corrente na crítica mais recente a inclusão de Proust, juntamente com Joyce e Kafka, entre os iniciadores da “revolução formal” que caracterizarla a chamada “literatura de vanguarda”. Apontada como exemplo de superação da “anacrônica” estrutura romanesca tradicional, a obra proustiana aparece assim desligada da herança realista que, no plano da arte narrativa, alcançou sua máxima expressão no romance do século XIX.

Ainda que dominante, esta leitura “vanguardista” de Proust está longe de ser unânime. Thomas Mann, por exemplo — que jamais se limitou, em suas análises literárias, a uma abordagem puramente estilística dos autores e das obras —, incluiu Proust entre os romancistas do século XIX, colocando-o expressamente ao lado de Balzac, Stendhal, Flaubert, Tolstoi e Dostoievski. Além disso, desde o aparecimento dos primeiros tomos da Recherche, houve críticos franceses que, como Jacques Rivière — cuja análise, de resto, mereceu a aprovação do próprio Proust —, insistiram sobre o caráter antimodernista de sua obra, ou seja, sobre a estreita ligação déla com a “tradição clássica”.1 Estamos diante de duas avaliações radicalmente contrapostas, as quais, precisamente por sua unilateralidade, levam a equívocos. Mas me parece também que, malgrado esta unilateralidade, ambas colocam problemas reais: com efeito, como tentarei demonstrar no capítulo sobre Proust, a melhor chave para entender a obra do romancista francês é mostrar que, embora se situé na tradição do romance do século XIX, ela já antecipa algumas características da literatura própria do século XX, com todas as implicações conteudísticas e formais que disso decorrem.

Já no caso de Kafka, a polêmica não girou sobre a natureza inovadora ou não da forma estética por ele criada: ao que eu saiba, ninguém pos em discussão o caráter vanguardista e inovador de seus relatos. O que aqui esteve em discussão foi, quase sempre, a natureza da visão do mundo que Kafka expressou em sua obra, discussão que deu lugar à criação de inúmeros equívocos. Com seu costumeiro radicalismo, Theodor W. Adorno observou em 1953: “Do que se tem escrito sobre ele [Kafka], pouca coisa conta; a maior parte é existencialismo.”2 E já bem antes, em 1934, Walter Benjamin dissera: “Há dois mal-entendidos possíveis com relação a Kafka: recorrer a uma interpretação natural e a uma interpretação sobrenatural. As duas, a psicanalítica e a teológica, perdem de vista o essencial.”3

No núcleo dessas interpretações equivocadas, parece-me residir, antes de mais nada, um falso conceito de arte, que se expressa, no caso concreto de Kafka, na tentativa de transformar sua obra em “expressão” ou “ilustração” de uma visão do mundo preexistente à construção dos seus relatos. Mais precisamente: o erro fundamental dessas interpretações (existencialistas, psicanalíticas, religiosas, sociológicas) não depende tanto do conteúdo da visão do mundo que em cada oportunidade se atribui a Kafka, conteúdo que — conforme a ideologia do intérprete ou o ambiente cultural do momento — pôde ser indicado como “ilustração” da mística judaica, do complexo de Édipo, da “derrelição” ontológica do homem num mundo absurdo e irracional, das contradiçoes paralisadoras da ideologia pequeno-burguesa de nosso tempo, etc., etc. O problema é que desse modo, implícita ou explicitamente, nega-se o fato de que a obra kafkiana — como toda obra de arte significativa — é representação mimética da realidade social objetiva e não expressão direta de uma subjetividade individual (consciente ou “profunda”) ou pseudo-universal (religiosa ou classista).

Minha convicção — que tentarei expor nos capítulos seguintes deste livro — é que o significado das obras de Proust e de Kafka não reside na “expressão” de uma idéia abstrata qualquer, nem tampouco tem sua gênese na biografia do autor ou na “psicologia social” de uma classe ou de uma nação. Se quisermos alcançãr esse significado em sua riqueza concreta, deveremos analisar estes dois excepcionais escritores à luz de uma poética do realismo, ou seja, de uma teoria da arte como representação (ou figuração mimética) da essência de uma realidade social e humana históricamente determinada. Nos capítulos seguintes, portanto, tentarei definir, por um lado, o conteúdo histórico-humano-social que serve de pressuposto às objetivaçõs estéticas de Proust e de Kafka; e, por outro, o modo pelo qual esse pressuposto é reposto artisticamente na estrutura de seus relatos. Somente a partir desse critério histórico-materialista será possível definir a visão do mundo imanente à obra dos dois autores (única que interessa numa análise estética materialista), bem como os peculiares problemas formais e técnicos que o modo de reposição estética por eles adotado indiscutivelmente coloca.

2.

O leitor informado terá percebido que o método de abordagem acima proposto é aquele formulado e quase sempre aplicado ñas obras da maturidade de Georg Lukács. E aqui se coloca uma questão: esse mesmo leitor saberá também que o juízo de Lukács sobre Proust e, em particular, sobre Kafka, embora tenha sofrido alterações nos últimos anos da sua longa vida, pôde ser considerado — ao contrário daquele que resulta de minhas análises — como essencialmente negativo.

Sobre Proust, Lukács falou muito pouco em sua vasta obra. Ao longo das quase duas mil páginas de sua Estética, por exemplo, o criador da Recherche é mencionado apenas três vezes, e nunca em função de sua obra narrativa, mas de uma incidental observação que ele fez acerca da presença do reflexo da realidade na obra de Mallarmé.4 É também apenas de passagem que Lukács se refere a Proust em duas outras obras, em ambos os casos para indicar que a visão do mundo do narrador francês inspira-se na concepção do tempo de Bergson, que Lukács considera expressão de um intenso subjetivismo irracionalista.5 Já no fim da vida, contudo, num momento em que se dispunha a algumas revisões de seus juízos críticos anteriores sobre a literatura contemporânea (como veremos mais amplamente no caso de Kafka), Lukács afirma, numa entrevista ao poeta inglês Stephen Spender: “O caso de Proust é muito diferente do de Joyce. Em Á la recherche du temps perdu existe um retrato real do mundo, não uma fotomontagem naturalista (pretensiosa e grotesca) de associações [como em Joyce]. O mundo de Proust pôde parecer fragmentário e problemático. De muitas maneiras, ele preenche a situação do último capítulo de L’éducation sentimentale [de Flaubert], em que Frédéric Moreau volta para casa depois do esmagamento da revolução de 1848; ele já não tem nenhuma experiência da realidade, apenas a nostalgia de seu passado perdido. O fato de que esta situação constitua, com exclusividade, o conteúdo da obra de Proust é a razão de seu caráter fragmentario e problemático. Não obstante, estamos diante da figuração de uma situação verdadeira, produzida com arte.”6 Trata-se, a meu ver, de uma fecunda indicação, que — como o leitor poderá comprovar — tento desenvolver no capítulo sobre Proust.

Ao contrário, pelo menos a partir de 1957, foram inúmeras as vezes em que Lukács se referiu a Kafka. Não é difícil perceber que a obra kafkiana provocou no filósofo húngaro uma sincera admiração, ainda que ele a visse como expressão do vanguardismo que tão duramente combatia. Com efeito, Kafka ocupa um posto decisivo na estrutura da obra que, em 1957, Lukács dedicou aos problemas da literatura contemporânea. Contrapondo Thomas Mann e Kafka como a alternativa típica no seio da literatura “burguesa” do século XX, Lukács afirmava nesta obra que, enquanto Mann construíra “um realismo crítico verdadeiro como a vida”, Kafka seria nada mais do que a expressão de “uma decadência artisticamente interessante”.7 A obra kafkiana aparece como a manifestação mais típica da tendência vanguardista, que Lukács rejeitava pelo menos desde os anos 1930. Embora insistisse sobre o talento realista revelado por Kafka na seleção e composição dos detalhes, Lukács afirmava que esse realismo parcial estaria a serviço de uma construção essencialmente alegórica e, como tal, anti-realista: o objetivo final de Kafka seria indicar o “nada” (o absurdo do mundo) como a essência da realidade. Lukács sintetiza de modo bastante claro sua visão da obra kafkiana: “Uma imagem da sociedade capitalista com um pouco de cor local austríaca. O alegórico consiste no fato de que toda a existência dessa camada e de seus dependentes, bem como de suas indefesas vítimas, não é representada como uma realidade concreta, mas como reflexo atemporal daquele nada, daquela transcendência que — não existindo — deve determinar toda a existência.”8

O aparente brilho da análise lukacsiana — que retomava as idéias sobre a alegoria desenvolvidas por Benjamin nos anos 1920 e, desse modo, emprestava um caráter mais sofisticado à sua já antiga condenação sumaria da arte de vanguarda —9 não deve ocultar sua essencial inadequação. Embora com sinal avaliativo invertido, o que Lukács escrevia em 1957 sobre Kafka era também “existencialismo”. Decerto, a interpretação “existencialista”, como veremos no capítulo III, dá conta de parte das produções kafkianas, em particular do romance inacabado O desaparecido (ou América) e de muitos relatos curtos construídos explicitamente como parábolas alegóricas. Mas tal interpretação deixa de lado, por insuficiência ou mesmo por deformação, aquilo que de mais significativo e duradouro foi criado pelo autor de O processo. Em minha opinião, a linha de demarcação entre alegoria e símbolo — tão bem traçada por Lukács em nivel teórico — passa no interior da obra de Kafka e, de modo mais geral, no interior daquilo que o filósofo húngaro chama de “modernismo” ou (como nas línguas neolatinas) “vanguardismo”. Deve-se observar que Lukács, em algumas passagens de escritos posteriores a Realismo crítico hoje, formulou juízos sobre Kafka (assim como o já mencionado sobre Proust) que alteravam objetivamente os formulados em 1957. Todavia, na medida em que ele jamais voltou a tratar sistemáticamente (como fizera em 1957) da obra do autor tcheco, esses juízos fragmentários — ainda que por vezes iluminadores — não podem, por seu caráter tópico, elevar-se a uma nova avaliação global que funcione efetivamente como uma autocrítica.10

3.

Durante algum tempo, estive convencido de que Lukács cometera certamente um “erro de avaliação”, que envolvia Proust e Kafka, mas que tal erro não alterava a justeza essencial de sua teoria sobre a arte e a literatura do século XX.11 Não concordo mais com essa visão simplista, embora recuse igualmente o simplismo oposto, que consistiría em manter a alternativa formulada por Lukács mas com sinal trocado, ou seja, optando por Kafka (pela vanguarda) contra Thomas Mann (contra o realismo).12 São precisamente estas alternativas radicáis que devem ser postas em questão, como tentarei demonstrar em seguida.

O que eu considerava “erros de avaliação” localizados me parecem hoje o índice de certas conexões problemáticas na própria teoria lukacsiana da literatura do século XX, que decorrem em última instancia da concepção geral de Lukács acerca da evolução histórica posterior à Revolução de Outubro de 1917. Desde sua adesão ao marxismo (ocorrida em 1918) até pelo menos meados dos anos 1920, Lukács — como tantos outros comunistas — esteve firmemente convencido de que a época histórica inaugurada pela revolução bolchevique se caracterizava pelo que ele chamou de “atualidade da revolução”, ou seja, pelo fato de que estaría em curso uma rápida expansão aos países ocidentais da revolução socialista concebida segundo o modelo bolchevique. Como se sabe, foi sob a égide desta convicção que Lukács escreveu seus primeiros escritos marxistas.13 Contudo, já no final dos anos 1920, quando havia se tornado evidente o refluxo da onda revolucionária iniciada em 1917, Lukács elaborou uma nova avaliação do presente, cuja primeira expressão aparece em suas Teses de Blum.14 Esta avaliação — que se apoiava essencialmente, como veremos, em dois pressupostos, um bastante problemático e outro inteiramente falso — se manteria pelo menos até meados dos anos 1960, quando o pensador húngaro esboça algumas tardias e quase sempre tímidas tentativas de revisão de suas antigas posições.

O primeiro dos pressupostos a que aludi era a idéia de que uma aliança entre o socialismo e a democracia radical — a grande herança do “período heroico” da burguesia — seria o melhor antídoto contra as tendências reacionárias e fascistas que o capitalismo vinha gestando como resposta à revolução russa. Tal aliança se expressaria, no terreno da ideologia e da arte, por meio de uma aproximação entre os intelectuais burgueses progressistas e os intelectuais socialistas, com base, respectivamente, na defesa da razão e da arte realista. A aliança militar entre as “democracias” ocidentais e a “pátria do socialismo”, ocorrida na luta comum contra o nazifascismo durante a Segunda Guerra Mundial, parecia confirmar plenamente essa idéia, que Lukács partilhou então com a maioria do movimento comunista. Não me parece casual que tenha sido no período das frentes populares — que buscaram e muitas vezes conseguiram criar esta aliança já antes da guerra — que Lukács redigiu algumas de suas principáis obras, não só os belíssimos ensaios sobre o realismo do século XIX (Balzac, Stendhal, Dostoievski, Tolstoi, etc.), mas também as excepcionais monografias sobre O romance histórico e sobre O jovem Hegel, nas quais ele busca precisamente valorizar o legado humanista da burguesia, respectivamente nos terrenos da arte e da filosofia.15

De resto, a enfática defesa desta aliança entre democracia e socialismo permitiu a Lukács evitar o dogmatismo sectario que colocava uma muralha chinesa entre a herança da cultura burguesa (considerada em bloco como reacionária) e uma pretensa cultura socialista “radicalmente nova”. Com isso, ele pôde elaborar uma política cultural relativamente aberta, centrada na valorização da herança democrática que se expressaria no realismo crítico e na defesa da razão, política que se distinguia radicalmente do sectarismo dominante na época de Stalin e mesmo depois dela.16

Não se trata de contestar a validade deste projeto estratégico. É indubitável que Lukács percebeu a problemática essencial do período que se inicia com o refluxo da onda revolucionária iniciada em 1917, ou seja, a necessidade de encontrar um novo modo de articulação entre democracia e socialismo.17 No terreno dos princípios, este projeto era válido não apenas nos anos 1930 e no segundo após-guerra, mas continua a sê-lo — mutatis mutandis — ainda hoje. O que o tornou problemático foram as novas condições geradas precisamente neste segundo após-guerra, quando se tornou evidente que ele não mais poderia ser realizado nos termos em que fora formulado na época das frentes populares. Lukács, contudo, continuou a insistir em sua exeqüibilidade, o que o fez assumir um ponto de vista fortemente “otimista”, cada vez mais negado pelos fatos.

Este “otimismo” transparece em vários escritos lukacsianos imediatamente sucessivos ao fim da guerra. Assim, por exemplo, numa conferência pronunciada em 1946, em um encontro do qual participaram importantes intelectuais da Europa Ocidental, Lukács afirmou com ênfase que estava ocorrendo naquele momento “o começo de um restabelecimento da aliança entre a democracia e o socialismo”.18 Ora, na verdade, o que estava então para se iniciar não era tal aliança, mas sim a “guerra fria”, que consolidaria nos dois lados do mundo um poderoso déficit tanto de democracia quanto de socialismo. O segundo após-guerra, portanto, impôs cada vez mais a necessidade de rever alguns dos conceitos implícitos na estratégia das frentes populares, o que Lukács não quis ou não pôde fazer. Com efeito, tornou-se então evidente que a contradição no seio do mundo burguês não se dava apenas entre a herança da democracia radical e a aberta reação fascista ou belicista, mas também — e agora talvez sobretudo — entre esta herança democrática (cada vez mais fragilizada) e a irrupção de novas formas de dominação e de alienação que já se apresentavam (e iriam se apresentar cada vez mais) sob a cobertura de regimes formalmente democráticos.19

4.

Se esse primeiro pressuposto da visão lukacsiana do presente tornou-se problemático pelas razões apontadas, o segundo revelou-se inteiramente falso: Lukács estava firmemente convencido de que a União Soviética dos anos 1930 e seguintes na qual ele julgava já se ter realizado a transição para o socialismo, ou seja, para uma etapa superior da humanidade continuava a ser um farol seguro e não problemático a indicar o caminho do futuro aos pensadores e artistas que se mantivessem fiéis à herança democrática. Ora, ao contrário do que Lukács supunha, a URSS — que, já em 1932, Gramsci dizia estar dominada pela “estatolatria” — estava longe de se apresentar como expressão de uma humanidade emancipada: a regressão stalinista (iniciada no final dos anos 1920) minimizou, terminando mesmo por extinguir, o fascínio que a Revolução de Outubro certamente exerceu por algum tempo sobre os intelectuais e artistas ocidentais, inclusive sobre muitos daqueles que Lukács considerava “vanguardistas”. De ambos os lados do mundo, portanto, cresceram novas formas — mais sofisticadas porém não menos inumanas — de alienação e de manipulação burocrática da vida. A aliança entre democracia e socialismo, nos moldes em que Lukács a imaginava, não se cumpriu, por escassez tanto de democracia como de socialismo.

Cabe ainda lembrar que somente depois de 1956, ou seja, depois das denúncias dos crimes de Stalin no XX Congresso do PCUS, é que Lukács começou a tomar publicamente distância — e, mesmo assim, quase sempre timidamente — em face das formas sociais e políticas dominantes não só na ex-União Soviética, mas também nos demais países do chamado “socialismo real”, surgidos no segundo após-guerra. Em ambos os casos, a projetada aliança de democracia e socialismo era patentemente desmentida pelos fatos. Esta tomada de distância assume talvez seu ponto mais alto num pequeño livro escrito em 1968, no qual, apesar de indiscutíveis avanços, as formulações do pensador húngaro me parecem ainda insuficientes.20 Neste livro, com efeito, Lukács considera que as deformações do “socialismo real” — que são agora claramente identificadas na ausência de democracia, em particular do que ele chama de “democracia da vida cotidiana” — poderiam ser resolvidas com um simplista e utópico “retorno a Lenin”, a cujo pensamento, diga-se de passagem, Lukács se manteve fanaticamente fiel até o fim da vida. Além disso, as duras críticas contidas neste livro não anulam o fato de que Lukács, malgrado tudo, continuou a se identificar até o fim com o “socialismo real”, como se pôde constatar numa enfática afirmação que ele repetiu reiteradamente em muitas de suas últimas entrevistas: “Do meu ponto de vista, mesmo o pior socialismo é preferível ao melhor capitalismo. Estou profundamente convencido disso e vivi todo este tempo com tal convicção”.21

Por tudo isso, parece-me assim no mínimo problemática a afirmação do pensador húngaro, feita em 1957, de que um dos pontos de discriminação entre o realismo crítico e a “vanguarda” seria a diversa atitude destas duas correntes artísticas em face de uma perspectiva socialista. Para Lukács, o realista crítico “não precisa situar-se no terreno do socialismo, mas basta que o socialismo não seja eliminado a priori dos seus interesses de homem e de artista, que o socialismo não se choque com uma previa recusa do escritor; caso contrário, este escritor privar-se-ia de toda visão orientada para o futuro”.22 Quando se refere à vanguarda, ao contrário, Lukács sente-se “no direito de denunciar, como traço real por trás do cinismo e do niilismo, por trás do desespero e da angústia mais mistificados, a recusa do socialismo”.23 Antes de mais nada, caberia perguntar: mas de que socialismo se trata? Se lembrarmos os traços concretos assumidos pelo chamado “socialismo real”, o único efetivamente existente — que se caracterizava, mesmo depois de Stalin, pela presença de novas formas de alienação e de manipulação burocrática, quando não mesmo pela permanência do uso aberto do terrorismo de Estado —, poderíamos objetar a Lukács que a “recusa do socialismo” nem sempre foi injustificada, nem sempre foi expressão de “cinismo” e de “mistificação”.

Certamente, Lukács tem razão quando afirma que uma perspectiva artística realista deve tomar distância em relação ao presente, ou seja, deve considerar que a realidade da alienação e da manipulação não constitui a condição eterna da vida humana. Mas essa distância pôde não apenas assumir a forma de uma recusa do “socialismo realmente existente” (como ocorre, por exemplo, nos primeiros escritos de Soljenitsin), mas também se fundar numa perspectiva crítica não necessariamente baseada numa abertura para o socialismo em geral (como é o caso, entre outras, da notável obra, de William Styron). A contraposição ao mundo alienado do capitalismo atual de certos valores gerados na época revolucionária da burguesia, como é o caso da luta pela realização da autonomia do indivíduo, pôde funcionar como meio de crítica historicista à aniquilação do indivíduo no presente burocratizado e reificado. Caberia mesmo examinar até que ponto uma perspectiva anticapitalista romântica — que Lukács define univocamente como reacionária — pôde servir de base a construçõs artísticas realistas.

Este novo “estado geral do mundo”, para usarmos uma expressão hegeliana, fez com que um certo pessimismo em face do futuro da humanidade não só encontrasse ampia difusão, mas também se tornasse relativamente justificado. Essa nova modalidade de “consciência infeliz”, para continuarmos com a terminologia de Hegel, era uma “figura do espírito” cuja validade relativa não podia ser prevista no itinerário otimista da “fenomenologia” lukacsiana do presente.24 Uma tal consciência pessimista não era apenas, como parecía supor Lukács, expressão da “decadência”, ou seja, mera resposta reacionária ou desesperada em face das tendências históricas predominantes, as quais, na opinião do filósofo húngaro, apontavam necessariamente para o socialismo — e um socialismo que ele identificava com sua caricatura vigente na União Soviética e nos demais países de modelo soviético. Este pessimismo assinalava também, pelo menos em seus melhores representantes, um justo sentimento de indignação em face do endurecimento burocrático promovido pelo novo capitalismo monopolista, inclusive em suas formas pseudodemocráticas, endurecimento diante do qual o “socialismo realmente existente” estava longe de aparecer como uma alternativa válida. Não foram assim poucos os pensadores e artistas progressistas — alguns abertamente de esquerda — que, com justificadas razões, negaram-se a aceitar a idéia de que “o pior socialismo é preferível ao melhor capitalismo”.

Decerto, a relativa justificação desse pessimismo não anula o fato de que ele frequëntemente expressa uma forma de “falsa consciência”, precisamente na medida em que muitas vezes se coagula na aparente insolubilidade das contradições do período e não é capaz de adotar diante délas um distanciamento crítico. Como Lukács viu corretamente, ainda que com alguns excessos, esta “falsa consciência” pessimista é deletéria no caso da reflexão filosófica, cujo objetivo é precisamente a descoberta das mediações e sua conceituação universalizadora.25 Na arte e na literatura, contudo, as coisas podem se dar diversamente, já que estas últimas têm como meta a figuração de uma particularidade concreta.26

É certo que, em muitas criações artísticas do período — como Lukács apontou corretamente —, as contradições sociais foram transpostas numa abstração falsamente “ontológica”, ou seja, em exemplos de uma pretensa insensatez da realidade enquanto tal, recebendo assim uma configuração formal alegórica e, como tal, anti-realista. Contudo, houve também artistas e escritores de vanguarda — o que Lukács freqüentemente ignorou — que, mesmo sem superarem sua “consciência infeliz” e seu pessimismo, foram capazes de plasmar tais contradições em sua figura social-concreta, apresentando a sua aparente insolubilidade como condição contraria à essência do homem e criando assim autênticos símbolos realistas que expressavam os impasses concretos do homem contemporâneo. Com isso, foram capazes de denunciar esteticamente em suas obras os mitos ideológicos (a “segurança”, o “bem-estar”, o “fim dos conflitos”, etc.) através dos quais se tentou e ainda se tenta legitimar as manifestações aparentemente “democráticas” do capitalismo tardio. Este modo simbólico-realista de expressar artísticamente a “consciência infeliz” contemporânea deu lugar a obras particularmente bem realizadas no terreno da lírica, onde a subjetividade como fator estruturante dispensa claramente a figuração da totalidade. Este me parece ser o caso, por exemplo, de poetas como T. S. Eliot e Rilke (que Lukács avaliava de modo negativo), mas também de outros que ele não conheceu, como Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade. E essa possibilidade se apresenta também no caso da arte narrativa, particularmente da novela, como veremos ao examinar mais de perto a obra de Franz Kafka.

5.

Durante os anos 1930 e 1940, como vimos, foi possível a Lukács defender, com relativo apoio nos fatos, sua perspectiva “otimista” de uma aliança estratégica entre a democracia (que ele sempre teve a lucidez de distinguir do liberalismo) e o socialismo realmente existente. Contudo, com a derrota militar do nazifascismo e a imediata eclosão da guerra fria (que pôs por térra as ilusões de uma convergência duradoura entre as “democracias” ocidentais e o “socialismo” de tipo soviético), esta perspectiva “otimista” perdeu seus vínculos com os fatos, convertendo-se em nada mais do que generosa utopia.

Malgrado isso, nos anos 1950 e no inicio dos 1960 — e, em particular, em Realismo crítico hoje —, Lukács continuou a insistir na necessidade desta aliança, que se expressaria artísticamente na convergência entre realismo crítico e “realismo socialista”, isto é, na comum oposição de ambos ao vanguardismo.27 Mas, enquanto ñas décadas de 1930 e 1940 a base política e ideológica de tal aliança era a concreta frente antifascista, que crescera a partir da própria realidade, esta base é agora apontada por Lukács no chamado “Movimento dos Partidarios da Paz”, uma iniciativa soviética de pouquíssimo impacto entre os intelectuais e artistas ocidentais.28 Se a proposta de articular a polaridade entre fascismo e antifascismo com aquela entre irracionalismo e defesa da razão, ou até mesmo entre vanguarda e realismo, podia aparecer (ainda que muitas vezes forgadamente, sobretudo no segundo caso) como parcialmente justificada no período situado entre os anos 1920 e 1940,29 tornava-se agora impossível — sem cometer uma clara violência contra os fatos — colocar a vanguarda ao lado dos que defendiam a guerra ou a julgavam inevitável e o realismo ao lado dos defensores da paz. Mas é precisamente isso o que faz Lukács em 1957: “O nosso fenômeno de base, portanto, é essa convergência de dois pares de elementos contrastantes: por um lado, realismo ou anti-realismo (vanguardismo, decadência); por outro, luta pela paz ou guerra.”30 Basta, entre muitos outros, o expressivo exemplo de Picasso — o criador de Guernica — para demonstrar a falsidade desta correlação.

A angústia dissolutora que Lukács percebe corretamente em autores como Beckett não se liga somente ao temor de uma hecatombe bélica considerada como inevitável, mas reflete também o horror e a desorientação de “consciências infelizes” (coaguladas fetichisticamente nesta infelicidade) diante das formas vitáis assumidas tanto pelo capitalismo monopolista como pelo “socialismo” burocrático. Lukács está certo ao indicar que Beckett e muitos outros escritores e artistas do século XX constroem suas obras numa forma alegórica, ou seja, transformando experiências vitais históricamente concretas da alienação capitalista ou “socialista” em “condição eterna do homem”. Mas, quando ele afirma que “o nada de Beckett é um mero jogo com abismos ficticios, aos quais não mais corresponde algo de essencial na realidade histórica […]”,31 provavelmente porque o perigo da guerra teria sido superado gragas à ação dos “partidarios da paz”, certamente não faz jus nem à sua aguda inteligência nem ao seu espírito crítico.

Por outro lado, não deverá ter escapado ao leitor de Realismo crítico hoje a dificuldade em que se encontrava Lukács para apontar exemplos contemporâneos de um grande realismo crítico nos moldes em que ele o concebía na época. Thomas Mann, morto em 1955, aparece como um gigante isolado (incidentalmente são citados como realistas Federico García Lorca, Sinclair Lewis, Alberto Moravia e pouquíssimos outros), enquanto na outra margem “vanguardista” do rio se situava, junto com Kafka, a grande maioria dos escritores realmente significativos do século XX. Subsumindo ao conceito de alegoría a totalidade da chamada “vanguarda”, Lukács impedia-se de realizar a única operação capaz não só de salvar a justeza essencial de sua teoria estética e de sua poética realista, mas também, como conseqüência, de lhe permitir uma compreensão mais adequada da arte e da literatura do século XX. Esta necessária operação, a meu ver, consistiría num reexame da produção da vanguarda à luz das novas experiencias históricas acima aludidas e, desse modo, numa distinção — no seio desta produção — entre os autores que, por um lado, apontavam no sentido de uma nova floração do realismo crítico (evidentemente transformado em suas estruturas formais por causa do novo “estado geral do mundo”) e, por outro, aqueles que, “ontologizando” os impasses da época, adotavam efetivamente a alegoría como base formal e ideológica da configuração estética do real.

6.

Contudo, seria um equívoco reduzir apenas a essa avaliação problemática do presente as razões dos limites contidos em Realismo crítico hoje, limites que o próprio Lukács reconheceu no fim da vida.32 Essa avaliação problemática se traduz também numa questão de método, cuja elucidação poderá ajudar o leitor a avaliar melhor o objetivo prioritário deste livro, que consiste precisamente em analisar Proust e Kafka à luz das teorías estético-filosóficas de Lukács, mas em contradição com muitas de suas observações concretas sobre estes dois autores e em parcial discordancia com sua análise das alternativas da literatura no mundo contemporâneo.

Uma leitura atenta de Realismo crítico hoje revela que nele Lukács se afasta, em aspectos essenciais, do método estético-crítico que ele mesmo formulou em suas obras teóricas da maturidade e que aplicou com sucesso na maioria de suas análises concretas de períodos e autores singulares, em particular dos romancistas do século XIX. Façamos um rápido paralelo entre Realismo crítico hoje e O romance histórico. Nessa última obra, escrita em 1936-37 — ou seja, em plena época das frentes populares e da luta antifascista —, a preocupação essencial de Lukács consiste em mostrar como uma determinada constelação histórica objetiva, gerada pela Revolução Francesa e pelas guerras napoleónicas, obrigou o romance a renovar sua forma, no sentido de introduzir a historicidade concreta como elemento determinante na caracterização literária dos personagens e das situações. Esse movimento de renovação formal, que tem seu inicio em Walter Scott e se explícita no grande realismo do século XIX (que, como diz Lukács, aprendeu a “tratar o presente como história”33), é apresentado como a reposição estética de concretos pressupostos histórico-sociais, um processo que o pensador húngaro analisa tanto pelo ângulo da gênese quanto por aquele do resultado artístico-formal. O romance histórico, sobretudo em seus tres primeiros capítulos — entre os quais se destaca a belíssima digressão sobre o romance e o drama enquanto estruturas formais que refletem constelações histórico-universais da vida humana, digressão que é certamente a maior contribuição de Lukács a uma teoría marxista dos gêneros literários34 —, aparece assim como um paradigma, talvez o mais alto na obra lukacsiana, de aplicação criadora do método histórico-sistemático no terreno da literatura. Trata-se precisamente de um método que articula orgánicamente as determinações histórico-sociais com as determinações estruturais imanentes (no caso, as determinações estéticas) das objetivações humanas. Faz parte deste método a utilização por Lukács, não só em O romance histórico
mas também na maior parte de sua obra, da fecunda categoría engelsiana da “vitória do realismo”:35 essa renovação formal do romance, essa capacidade de narrar o presente como história, entra freqüentemente em contradição com a concepção do mundo explicitamente professada pelos romancistas da época, como ocorre sobretudo no caso dos conservadores Walter Scott e Balzac.

Realismo crítico hoje funda-se numa diferente abordagem metodológica. Em vez de partir de uma análise da sociedade contemporânea — ou seja, das transformações sofridas pelo capitalismo em sua etapa monopolista e da involução “estatolátrica” da União Soviética stalinista e pós-stalinista —, Lukács toma como pressuposto de sua investigação o que ele chama de “concepção do mundo subjacente à vanguarda”.36 Tal concepção, que se identificaria essencialmente com aquela formulada em nível teórico pelas várias filosofias irracionalistas, teria seu núcleo central na afirmação de que o homem é um ser ontologicamente solitário, afirmação que se choca frontalmente com a velha noção aristotélica de que o homem, ao contrário, é um “animal social”. Além disso, esta concepção vanguardista se caracterizaria por asseverar que o mundo real não tem um sentido imanente, que tal sentido só poderia provir de uma transcendência que na verdade não existe e que, portanto, se identificaria com o nada. Num processo abstrativo pouco dialético, já que não se apresenta como etapa inicial de uma elevação ao concreto, Lukács subsume sob essa concepção do mundo a totalidade dos autores de vanguarda, em particular Proust e Kafka, afirmando que suas obras não passariam de ilustrações alegóricas deste “nada”.

Em Realismo crítico hoje, portanto, não se trata de deduzir dialeticamente as características formais das obras analisadas a partir das determinações histórico-sociais do seu hic et nunc, como ocorre em O romance histórico, mas de demonstrar que tais obras são ilustração alegórica de uma visão do mundo anterior e transcendente ao produto artístico. Mais grave ainda: para tal demonstração, Lukács não recorre a uma análise imanente, estético-formal, dos autores de vanguarda, através da qual se evidenciasse que a concepção do mundo imanente às suas obras é efetivamente similar áquela visão irracionalista que eles ilustrariam alegóricamente.37 O que ele chama de “concepção subjacente à vanguarda” é definida em termos filosóficos gerais, de modo apriorístico em relação à obra concreta dos escritores; e, quando a produção de tais autores é chamada a corroborar a suposta adesão deles a tal concepção, Lukács freqüentemente se vale de suas declarações conceituais, expostas em ensaios teóricos, cartas, diarios, etc., ou mesmo, como no caso de T. S. Eliot, a fragmentos de poemas que, enquanto fragmentos, tornam-se puramente descritivos e não são capazes de evidenciar com que pathos emocional o ego lírico do poeta norte-americano vivencia na criação poética os eventos que descreve. Portanto, Lukács não parte dos autores para determinar a concepção do mundo que eles expressam em suas obras específicamente estéticas, mas comega por expor os traços gerais abstratos desta suposta concepção “vanguardista”, e só num segundo momento busca subsumir a eia os autores de que trata, em particular Kafka. É evidente que este procedimento lhe facilita defender sua tese, afirmada repetidas vezes ao longo do livro, segundo a qual os autores de vanguarda apenas ilustrariam alegóricamente esta abstrata concepção irracionalista do mundo.

Procedendo desse modo, Lukács abandona o emprego de seu próprio método histórico-sistemático, ou genético-estético, impedindo-se ao mesmo tempo de utilizar a fecunda categoria da “vitória do realismo”, que seria particularmente operatoria — como veremos — nos casos de Proust e, sobretudo, de Kafka. Se, como Lukács diz em Realismo crítico hoje, é “a imagem do mundo que deve ser representada na obra”, ou se o esforço do artista passa a ser o de “reproduzir adecuadamente, com meios poéticos, essa visão do mundo”,38 então desaparece o conceito básico da poética lukacsiana, ou seja, o de que a arte é representação mimética da realidade histórico-social objetiva e não expressão direta da visão do mundo do artista. Em conseqüência, desaparece a possibilidade do cotejo entre a objetivação estética e o mundo histórico-social que lhe serve de pressuposto, cotejo que está na base do mencionado conceito de “vitória do realismo”.

O exemplo maior deste equívoco metodológico transparece precisamente na análise de Kafka. Se, em vez de subsumir o autor tcheco a uma concepção do mundo irracionalista, Lukács tivesse buscado efetuar uma análise imanente de sua obra, certamente veria que a “imagem da sociedade capitalista com cor local austríaca”, que para ele é apenas o substrato inessencial de uma fuga na transcendência alegórica, contém na verdade uma reposição estética das conseqüências humanas mais profundas das novas modalidades de alienação geradas pelo capitalismo em sua fase monopolista.39 O método que o filósofo húngaro utiliza em Realismo crítico hoje está mais próximo do método de Lucien Goldmann (que vê a obra de arte como expressão direta de uma “visão do mundo”)40 do que do método teorizado e aplicado em outros inúmeros casos pelo próprio Lukács (o que concebe a arte como representação mimético-evocativa da realidade). A adoção deste “novo” método prejudica boa parte das análises contidas em Realismo crítico hoje, impedindo Lukács até mesmo de utilizar com maior profundidade (como viria a fazê-lo na Estética de 1963) o conceito benjaminiano de alegoria.

7.

O emprego deste “novo” método — ou, se preferirmos, o temporário abandono do autêntico método histórico-sistemático por ele mesmo elaborado — não permitiu que Lukács aplicasse adequadamente à literatura contemporânea uma de suas mais brilhantes teses, ou seja, a de que “a obra de arte autêntica (e somente essa pôde se tornar a base de uma fecunda universalização histórica ou estética) satisfaz as leis estéticas apenas na medida em que, ao mesmo tempo, as amplia e aprofunda”.41 De que modo, na verdade, se daria essa ampliação e esse aprofundamento na literatura do século XX? Durante os anos 1930 e 1940, Lukács subestimou esse problema, parecendo supor que o realismo de nosso tempo — pelo menos o realismo crítico ocidental — seria uma simples continuação formal do realismo do século XIX. Uma primeira tentativa de resposta, todavia, aparece já nos anos 1960, quando o pensador húngaro formula a idéia de que o realismo crítico é compatível com o uso de técnicas criadas pela vanguarda. Referindo-se a seus ensaios da década de 1930, num prefacio escrito em 1965 para uma reedição dos mesmos, Lukács comentou: “Naquele tempo, quando do primeiro choque (de certo modo) com o modernismo, a prioridade da inovação técnica foi radicalmente negada. Todavia, depois se tornou cada vez mais claro para mim, ao analisar artistas e obras particulares, que — embora essa inovação técnica enquanto principio de julgamento estético merecesse certamente uma total repulsa — certas inovações técnicas podiam se converter, enquanto reflexos de relações humanas realmente novas e independentemente das teorias e intenções de seus inventores e propagandistas, em elementos de figurações verdadeiramente realistas.”42

Graças a essa nova formulação, Lukács pôde não apenas avaliar melhor as produções da maturidade de Thomas Mann, mas também apresentar depois de 1957, ou seja, depois da redação de Realismo crítico hoje, sobretudo em muitas das numerosas entrevistas que concedeu no final de sua vida, uma aitude bem mais aberta diante da produção literária de autores mais recentes, como Jorge Semprun, Heinrich Böll, William Styron, Rolf Hochhutt, etc. Além disso, em algumas páginas acrescentadas em 1963 à edição em inglês de Realismo crítico hoje, Lukács apresenta também como autores realistas não só os norte-americanos Thomas Wolfe e Eugene O’Neill, mas também Elsa Morante e Bertolt Brecht.43 Sobre este último, aliás, cabe lembrar que, em 1945, Lukács ainda o considerava como um autor que “reduz a desejada renovação social da literatura a um experimento formal, certamente interessante e inteligente”; já em 1963, depois de conhecer as obras brechtianas mais tardias, em particular Os fuzis da Senhora Carrar e A vida de Galileu, ele afirma enfaticamente que “o Brecht da maturidade, superando suas anteriores teorias unilaterais [o ’efeito de distanciamento’], tornou-se o maior dramaturgo realista de sua época”.44

Mas esta idéia de que técnicas de vanguarda podem servir ao realismo era insuficiente, precisamente na medida em que não passava de uma solução de compromisso. Um esboço de resposta orgánica viria à luz somente em 1969, no belo ensaio que Lukács, dois anos antes da sua morte, dedicou aos primeiros romances de Alexander Soljenitsin, O primeiro círculo e O pavilhão dos cancerosos.45 Com um esforço teórico digno do maior respeito (Lukács atingira os 84 anos e estava empenhado, ao mesmo tempo, em resolver os complexos problemas teóricos surgidos quando da redação de sua grande obra da velhice, a Ontologia do ser social),46 o filósofo húngaro esboça, na primeira parte desse ensaio, as bases para uma reformulação de sua teoria da literatura contemporânea.

Esse ensaio de 1969 assinala, antes de mais nada, um retorno ao método histórico-sistemático que, como vimos, está na base da poética do realismo elaborada pelo Lukács da maturidade. Em vez de ver na narrativa realista de nosso tempo uma simples continuação formal das velhas tradições do século XIX (ainda que “atualizadas” pelo emprego de técnicas de vanguarda), Lukács indica o modo pelo qual os novos pressupostos sociais e ideológicos do capitalismo tardio conduziram a uma modificação formal da estrutura romanesca, cujo centro não mais seria, como no romance tradicional, a figuração de uma “totalidade de objetos” — segundo a formulação hegeliana recolhida por Lukács —,47 mas a de uma “totalidade de reações”. Lukács observa que “a inovação reside no fato de que a unidade de lugar torna-se o fundamento imediato da composição”, graças à criação de uma especie de “teatro social” que agrupa homens diversos e os obriga a definições que eles não tomariam normalmente em sua vida cotidiana. E o filósofo húngaro continua: “Esse ’teatro’ aparece, portanto, como o desencadeador efetivo e imediato de problemas ideológicos existentes por toda parte em estado latente, mas dos quais só se toma consciência, em sua totalidade contraditória, precisamente neste lugar. […] Desapareceu a necessidade de uma fábula épica homogénea. […] Porém, malgrado a ausência de fábula homogénea, e mesmo em conseqüência dessa ausência, reina uma excepcional intensidade de emoção épica, uma dramática interna. […] Relações épicas coerentes podem nascer de cenas particulares de natureza dramática, mas desprovidas aparentemente de laços internos entre si. E essas relações podem igualmente se ordenar numa totalidade de reações a um vasto complexo de problemas de natureza épica”.48

Lukács não viveu o suficiente para extrair todas as conseqüências desta sua nova formulação, o que teria implicado certamente a reavaliação de boa parte dos seus juízos sobre a literatura do século XX. De qualquer modo, tal reavaliação ocorreu efetivamente em alguns casos concretos, mesmo diante de autores que Lukács já avaliara anteriormente de modo positivo. Neste sentido, dois exemplos são particularmente significativos. Um autor como Thomas Mann, por exemplo, não mais lhe aparece — pelo menos a partir de A montanha mágica — como um continuador da narrativa tradicional, mas, ao contrário, como iniciador da nova forma do romance centrada na “totalidade de reações”; Lukács não hesita mesmo em chamá-lo de “inovador formal”.49 Também o Poema pedagógico do soviético Antón Makarenko deixa de ser visto como precursor da “epopéia socialista” (numa época em que Lukács ainda enxergava “elementos de comunismo” na URSS dos anos 1920)50 e passa a ser tratado como um romance, mas também construido tendo como eixo a “totalidade de reações”. Por outro lado, muitas productes literárias até então condenadas como vanguardistas aparecem agora como exemplos realistas da nova forma romanesca (o caso mais vistoso, mencionado pelo proprio Lukács, é o do romance O homem sem qualidades de Robert Musil)51. E, além disso, a descoberta desse novo tipo de figuração romanesca permite a Lukács explicar de modo mais adequado alguns autores que ele antes considerava como híbridos (ou seja, como realistas clássicos que empregavam técnicas de vanguarda); é o caso, sobretudo, de Heinrich Böll. Esse texto tardío de Lukács, apesar de seu caráter mais indicativo do que sistemático, abre um vasto campo para novas pesquisas e, antes de mais nada, para uma reavaliação das próprias posições lukacsianas diante da literatura de nosso tempo. Não posso fazer aqui mais do que chamar a atenção para a sua importância.

As análises de Proust e de Kafka que empreenderei em seguida orientam-se em duas direções convergentes: por um lado, visam a avaliar estes autores à luz do método histórico-sistemático elaborado por Lukács, mas abandonado por ele em Realismo crítico hoje; e, por outro, como conseqüência, tentam dar uma forma relativamente sistemática às indicações fornecidas pelo filósofo em seus últimos anos de vida, não só em referência direta a produção destes dois autores, mas também no que diz respeito aos problemas histórico-sistemáticos da literatura do século XX como um todo. Muitas de minhas formulações — e, em particular, a que considera Kafka um precursor novelístico da nova forma de romance centrada na “totalidade de reações” e não mais na “totalidade dos objetos” — não se encontram nos textos de Lukács, nem mesmo depois do que eu considero como suas últimas “autocríticas” no campo literário.52 Mas estou convencido de que, em última instância, minha pesquisa pode ser considerada “ortodoxamente” lukacsiana, se considerarmos o conceito de “ortodoxia” precisamente no sentido que o próprio Lukács lhe atribuiu, ou seja, no sentido da fidelidade ao método e não necessariamente às afirmações particulares concretas de um autor.53 Creio que esse fato — o desafio de tentar compreender à luz de Lukács dois autores que o próprio Lukács não compreendeu adequadamente — justifica, pelo menos subjetivamente, que eu acrescente um novo título à já ciclópica bibliografia sobre Proust e Kafka.

1 J. Rivière, “Marcel Proust et la tradition classique” [1920], in Vários autores, Les critiques de notre temps et Proust, Paris, Garnier, 1971, p. 25-31.

2Theodor W. Adorno, “Anotações sobre Kafka”, in Id., Prismas. Crítica cultural e sociedade, São Paulo, Ática, 2001, p. 239.

3W. Benjamin, “Franz Kafka. A propósito do décimo aniversario de sua morte”, in Id., Obras escolhidas, São Paulo, Brasiliense, vol. 1, 1985, p. 152.

4G. Lukács, Estetica, Turim, Einaudi, 1970, 2 vols., p. 745-747 e 749. A edição alemã original é de 1963.

5G. Lukács, La distruzione della ragione, Turim, Einaudi, 1959 (ed. alemã original, 1953), p. 24; Id., Realismo crítico hoje, Brasília, Coordenada, 1969, p. 63. Neste segundo livro, partindo de uma citação de Benjamin, Lukács chega mesmo a dizer que Proust radicalizou ainda mais o subjetivismo irracionalista de Bergson: “Mas, enquanto em Bergson, sob a abstração filosófica, existe a aparência — enganadora — de uma totalidade cósmica, em Proust, ao contrário […], esta concepção do tempo é levada às suas extremas conseqüências, de modo que não resta nenhum vestígio de objetividade”.

6Stephen Spender, “Lukács: o homem sem idade”, in Cadernos brasileiros, ano VII, n° 1, 1965, p. 77-78. Trata-se da tradução para o português de “With Lukács in Budapest”, publicada em Encounter, dezembro de 1964.

7G. Lukács, Realismo crítico hoje, cit., p. 133. No prefácio a este livro, datado de abril de 1957, Lukács diz que comegou a redigilo no “outono de 1955”. Cabe lembrar que também Bertolt Brecht expressou um juízo negativo sobre Kafka. Embora tenha apontado corretamente a figuração antecipadora do “Estado-formigueiro” na obra kafkiana, Brecht afirma — em conversa com Walter Benjamin, em 1934 — que “ele [Kafka] não encontrou solução e não despertou do seu pesadelo”, que era “um espírito impreciso, quimérico” e que, portanto, devia “ser deixado de lado” (cf. W Benjamin, “Entretiens avec Brecht”, in Id., Essais sur Bertolt Brecht, Paris, Maspero, 1969, p. 132 e 135).

8G. Lukács, Realismo crítico hoje, cit., p. 73.

9Lukács voltaria a utilizar amplamente as teses de Benjamin, formuladas em Origem do drama barroco alemão (São Paulo, Brasiliense, 1984 [ed. original, 1928], p. 181 e ss.), no belo capítulo sobre “Alegoria e símbolo” da sua Estetica, cit., vol. 2, p. 1473-1516. Cabe observar, porém, que Kafka não é jamais citado nesse capítulo seminal, embora boa parte do mesmo trate da arte contemporânea. Pode-se ainda lembrar que Kafka tampouco aparece na obra que Lukács dedicou à história da literatura alemã (Breve storia della letteratura tedesca, Turim, Einaudi, 1956 [ed. original, 1945]), uma ausência que não pôde ser explicada pelo fato de Kafka não ser alemão, já que Lukács trata amplamente neste livro de um conterráneo de Kafka, o poeta tcheco — mas, como Kafka, de expressão alemã — Rainer Maria Rilke. Isso parece indicar que Lukács ainda não havia tomado conhecimento da obra de Kafka em 1945. Ao que eu saiba, a primeira menção do filósofo húngaro ao narrador tcheco aparece em La distruzione della ragione (cit., p. 792), no “epílogo” datado de Janeiro de 1953; neste epílogo — ainda que afirme não estar tratando do “valor estético” das obras, mas analisando-as apenas como “índice das correntes sociais” —, Lukács se permite o seguinte despropósito: “Hoje, as manifestações literárias paralelas à economia da apologética direta [do capitalismo] e à filosofia semântica são os representantes do desespero niilista, os Kafka ou os Camus”.

10Para tais juízos, cf. “Kafka na obra do último Lukács”, infra, Apêndices, 2, p. 215-219.

11 Cf., por exemplo, a “Introdução” que escrevi para a edição brasileira de Realismo crítico hoje, cit., p. 7-20.

12Também não concordo com a posição dos que subestimam a importância da categoria do realismo na análise das obras de arte, em particular daquela de Kafka. Uma posição deste tipo aparece em Michael Löwy, Franz Kafka: rêveur insoumis, Paris, Stock, 2004, onde há um capítulo intitulado ironicamente “Digression anecdotique: Kafka était-il réaliste?” (p. 149-159). Trata-se certamente de uma anedota (que Löwy repete) a atribuição a Lukács, quando esteve preso num castelo romeno após o esmagamento da rebelião húngara de 1956, da afirmação de que ele agora estaria convencido de que “Kafka era um realista”. É evidente que a questão do realismo em Kafka (e na arte em geral) não se esgota em anedotas deste tipo.

13Cf., em particular, G. Lukács, Scritti politici giovanili 1919-1928, Bari, Laterza, 1972, p. 3-174; là.,”Kommunismus1920-1921, Pádua, Marsilio, 1972; Id., História e consciência de classe [1923], São Paulo, Martins Fontes, 2004; Id., Lenin. Unità e coerenza del suo pensiero [1924], Turim, Einaudi, 1970. Para um balanço autocrítico deste período, cf. Id., “Prefácio” [1967] a História e consciência de classe, cit., p. 1-50.

14Trata-se do informe que Lukács apresentou, em 1928, a um congresso do clandestino PC húngaro, no quai antecipava idéias que, embora condenadas na época por seu partido e pela Internacional Comunista, seriam mais tarde retomadas por esta última na estratégia da “frente popular” (cf. G. Lukács, “Teses de Blum”, in Temas de ciências humanas, São Paulo, n° 7, 1980, p. 19-30).

15G. Lukács, Le roman historique [1936-1937], Paris, Payot, 1965; e Id., Il giovane Hegel e i problemi della società capitalistica [1938], Turim, Einaudi, 1960. Os principais ensaios de Lukács sobre o realismo do século XIX estão reunidos em Saggi sul realismo [1934-1943], Turim, Einaudi, 1950, mas também em Goethe et son époque [1934-1940], Paris, Nagel, 1949, e em Realisti tedeschi del XIX secolo [1935-1940], Milão, Feltrinelli, 1963.

16Entre os muitos textos que buscam mostrar as divergências entre a obra lukacsiana e o stalinismo, cf. sobretudo Nicolas Tertulian, “G. Lukács e o stalinismo”, in Praxis, Belo Horizonte, n° 2, setembro de 1994, p. 71-108.

17Não é aqui o local para tratar do assunto, mas me parece indiscutível que Gramsci foi além de Lukács na compreensão das novas tarefas teórico-políticas que se colocavam ao marxismo em conseqüência deste refluxo da onda revolucionária no Ocidente e da involução “estatolátrica” que o pensador italiano apontou na URSS staliniana. É nesse contexto que se inscreve a renovaçâo gramsciana da teoria marxista de Estado e revolução, uma renovação que inutilmente procuraríamos na obra de Lukács. Sobre isso, cf., entre outros, C. N. Coutinho, Gramsci. Um estudo sobre seu pensamento político, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003, sobretudo p. 119-164.

18Cf. G. Lukács, in O espírito europeu, Encontros Internacionais de Genebra [1946], Lisboa, Europa-América, 1962, p. 178. O texto desta conferência foi depois publicado com o título “A visão do mundo aristocrática e democrática” (cf., por exemplo, Lukács Gyòrgy, “Arisztrokratikus es Demokratikus Világnezet”, in Id., A polgári filozófia válsága, Budapeste, Hungária, s.d. [mas 1947], p. 107-128). Nesse Encontró, Lukács discute, entre outros, com Julien Benda, Georges Bernanos, Stephen Spender, Karl Jaspers e Maurice Merleau-Ponty.

19Também aqui Gramsci viu mais longe do que Lukács: em seus apontamentos carcerários, o revolucionario italiano previu — já no inicio dos anos 1930 — que o “americanismo” seria um novo modo de ser do capitalismo, dotado de uma expansividade e de uma capacidade de universalização bem maiores do que aquelas do fascismo (cf. A. Gramsci, Cadernos do carcere, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, vol. 4, 2001, p. 217-321). Trata-se de uma previsão que o mundo resultante da Segunda Guerra só fez confirmar.

20G. Lukács, L’uomo e la democrazia, Roma, Lucarini, 1987. Embora escrito em 1968, este pequeño livro — por imposição do PC húngaro, ao qual Lukács (depois de ter sido dele expulso logo após os eventos húngaros de 1956) retornara um ano antes — só foi publicado cerca de quinze anos depois da morte do filósofo, com o título Demokratisierung heute und morgen [Democratização hoje e amanhã], Budapeste, 1985.

21Cf., por exemplo, “En casa con György Lukács” [1968], in Id., Testamento político y otros escritos sobre politica y filosofia, Buenos Aires, Herramienta, 2003, p. 121. Os impasses e aporias que esta identificação entre socialismo e “socialismo realmente existente” (ainda que considerado “o pior socialismo”) provocou no pensamento político e mesmo teórico de Lukács, inclusive em seus escritos posteriores a 1956, foram quase sempre convincentemente analisados pelo seu ex-discípulo István Mészáros, Para além do capital, São Paulo-Campinas, Boitempo-Editora da Unicamp, 2002, sobretudo p. 469-514.

22G. Lukács, Realismo crítico hoje, cit., p. 97.

23Ibid., p. 102-103.

24Ainda que com unilateralismo oposto, este caráter relativamente justificado do pessimismo foi visto e analisado pelos integrantes da Escola de Frankfurt em sua fase “clássica” (Horkheimer, Adorno, Benjamin, Marcuse, etc.). O problema é que alguns deles, sobretudo os dois primeiros, terminaram por transformar este pessimismo relativamente justificado num imobilismo resignado diante do que chamavam de “mundo administrado”. Em outras palavras: não souberam seguir a recomendação de Gramsci no sentido de articular “pessimismo da inteligência” com “otimismo da vontade”.

25Cf. G. Lukács, La distruzione della ragione, cit., mas também Id., Existencialismo ou marxismo? [1948], São Paulo, Ciências Humanas, 1979.

26É esta, precisamente, a lição lukacsiana. Cf., por exemplo, G. Lukács, Introdução a uma estética marxista. Sobre a categoria da particularidade, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1970 [ed. italiana original, 1957]; e Id., Estetica, cit., vol. 2, sobretudo p. 984-1052.

27Embora criticasse duramente o esquematismo vigente em boa parte da literatura soviética, Lukács continuou a crer até o fim na possibilidade de um “realismo socialista”, cujas maiores expressões seriam, segundo ele, Gorki, Cholokhov e Makarenko (cf. Realismo critíco hoje, cit., p. 135-200).

28Sobre a importância atribuida pelo filósofo húngaro ao “Movimento dos Partidarios da Paz”, cf. G. Lukács, La distruzione della ragione, cit., p. 772 e ss.; e Id., Realismo crítico hoje, cit., p. 27-31. Para a permanência de ilusões sobre uma aliança entre “democracias” ocidentais e socialismo soviético, cf. — entre muitos outros textos e entrevistas do inicio dos anos 1960 — G. Lukács, “Problemi della coesistenza culturale” [1964], in Id., Marxismo e politica culturale, Turim, Einaudi, 1968, p. 163-186.

29Não se deve esquecer, por exemplo, a clara adesão dos principais futuristas italianos ao fascismo, as simpatias de alguns expressionistas alemães e de Ezra Pound pelo nazismo ou os vínculos entre o surrealista Salvador Dalí e o franquismo. No Brasil, os modernistas Menotti del Picchia e Plinio Salgado estiveram entre os criadores do integralismo, a versão tupiniquim do fascismo. Mas são pelo menos tão expressivos quanto estes os casos em que vanguardistas no terreno da arte aderiram a posições progressistas e mesmo revolucionárias no terreno da política: basta evocar aqui os casos de Maiakovski, dos surrealistas franceses, do primeiro Brecht ou de Pablo Picasso. E, também neste caso, cabe lembrar os brasileiros Mário e Oswald de Andrade.

30G. Lukács, Realismo crítico hoje, cit., p. 30.

31Cf. G. Lukács, Solschenitzyn, Neuwied e Berlim, Luchterhand, 1970, p. 27. Este pequeño livro conheceu uma imediata edição francesa (Soljénitsine, París, Gallimard, 1970).

32Cf. “Lukács a Coutinho”, 26 de fevereiro de 1968, infra, p. 211.

33G. Lukács, Le román historique, cit., p. 106.

34Ibid., p. 96-189.

35“Quanto mais as opiniões do autor permanecerem ocultas, tanto melhor para a obra de arte. O realismo a que me refiro deve se manifestar a despeito das opiniões dos autores. Permita-me dar um exemplo, o de Balzac, que eu considero um grande mestre do realismo, maior do que todos os Zolas passados, presentes e futuros […]. Balzac era politicamente legitimista; suas simpatias estão com a classe [a aristocracia] destinada à extinção […]. Que Balzac tenha sido obrigado a ir de encontró às suas próprias simpatias de classe e a seus preconceitos políticos; que ele tenha visto e necessidade do colapso dos aristocratas com os quais simpatizava e os tenha descrito como gente que não merecia um destino melhor; que ele tenha visto os verdadeiros homens do futuro no único lugar em que, naquela época, eles podiam ser vistos — eis o que considero uma das maiores vitórias do realismo e uma das maiores realizações do velho Balzac” (Engels a M. Harkness, abril de 1888, in K. Marx e F. Engels, Sobre el arte, Buenos Aires, Estudio, 1967, p. 41-42).

36G. Lukács, Realismo crítico hoje, cit., p. 33-75.

37Uma análise desse tipo, a meu ver, poderia confirmar a natureza alegórica e, como tal, anti-realista de alguns significativos autores de vanguarda, como, por exemplo, Beckett, Camus e o Joyce do Ulisses e do Finnegans Wake. No caso de Joyce, valeria um outro discurso para seu primeiro período, em particular para Dublinenses e O retrato do artista quando jovem.

38Lukács, Realismo crítico hoje, cit., p. 36. É certo que Lukács insiste em que seu interesse volta-se para a visão imanente à obra; mas o desdobramento da sua argumentação, como se pode facilmente comprovar (cf. p. 37, 44, 45, etc.), não confirma essa cautela metodológica.

39Lukács parece ter percebido isso em 1963, quando faz um paralelo entre Kafka e Swift. Cf. “Kafka na obra do último Lukács”, infra, Apêndices, 2, p. 218.

40Cf., em particular, L. Goldmann, Sociologia do romance, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1967, p. 7-28.

41Lukács, Estetica, cit., vol. 1, p. 579. O grifo é meu.

42G. Lukács, Marxismo e teoria da literatura, Rio de Janeiro, Civilizacao Brasileira, 1968, p. 5.

43Cf. G. Lukács, Realism in Our Time, Nova York, Harper Torshbook, 1971, p. 83-89, que reproduz Id., The Meaning of Contemporary Realism, Londres, Merlin, 1963. Estas páginas estão ausentes ñas edições italiana (Il significato attuale del realismo critico, Turim, Einaudi, 1957) e alemã (Wider den missverstandenen Realismuis [Contra o realismo mal compreendido], Hamburgo, Claassen, 1958), bem como na edição francesa (La signification présente du réalisme critique, Paris, Gallimard, 1960) que serviu de base para a edição brasileira que venho citando.

44Cf., respectivamente, G. Lukács, Breve storia della letteratura tedesca, cit., p. 212; e Id., Realism in Our Time, cit., p. 89.

45Cf. G. Lukács, “Solshenitzyns Romane”, in Id., Solschenitzyn, cit., p. 31-85.

46Alguns desses problemas — que levaram Lukács, em 1969, a abandonar o manuscrito já concluido e a empreender a redação de um novo texto — são historiados por Alberto Scarponi e Nicolas Tertulian em seus prefácios às edições italianas do primeiro e do segundo manuscritos (cf., respectivamente, G. Lukács, Per l’ontologia dell’essere sociale, Roma, Riuniti, 1976, vol. 1, p. VII-XV; e Id., Prolegomeni all’ontologia dell’essere sociale, Milão, Guerrini, 1990, p. IX-XXVII). É particularmente interessante o fato de que Lukács tenha chegado a pensar em escrever “O Capital do presente”, projeto que abandonou por causa da idade. Mas foi precisamente a descoberta, ainda que parcial e fragmentaria, das formas tardías do capitalismo monopolista (que, a partir da segunda metade dos anos 1960, ele designa repetidas vezes com o termo “capitalismo manipulatório”) que permitiu a Lukács empreender as “revisões” de sua concepção geral do marxismo (com a compreensão da necessidade de fundá-lo numa ontologia do ser social, em contraste com o irracionalismo e o epistemologismo neopositivista) e — o que aqui nos interessa mais de perto — de sua visão da literatura do século XX. Contudo, mesmo neste periodo derradeiro, permanecem limites na concepção lukacsiana do marxismo, como tentei mostrar sumariamente em C. N. Coutinho, “Lukács, a ontologia e a política”, in Id., Marxismo e política, São Paulo, Cortez, 1996, p. 143-160; e em L. Konder e C. N. Coutinho, “Presença de Lukács no Brasil”, in M. O. Pinassi e S. Lessa (orgs.), Lukács e a atualidade do marxismo, São Paulo, Boitempo, 2002, p. 157-183.

47G. W. F. Hegel, Estética, Lisboa, Guimarães, vol. VII: Poesia, 1964, p. 182 e ss. Quanto à apropriação crítica deste conceito hegeliano por parte de Lukács, cf. não só a segunda parte de Le roman historique, cit., mas também os ensaios “Rapport sur le roman” e “Le roman”, escritos também nos anos 1930, recolhidos em G. Lukács, Écrits de Moscou, Paris, Editions Sociales, 1974, p. 63-78 e 79-140.

48 G. Lukács, Solschenitzyn, cit., p. 34-35.

49Ibid.

50G. Lukács, “Makarenko, Il poema pedagogico” [1951], in Id., La letteratura sovietica, Roma, Riuniti, 1955, p. 169-233.

51G. Lukács, Solschenitzyn, cit., p. 36.

52Lukács, por exemplo, ainda que concorde com a importância do elemento novelístico na obra de Kafka, mencionando explícitamente A metamorfose, é contrário à avaliação positiva de O processo, que ele não considera uma novela. Cf. “Lukács a Coutinho”, 26 de fevereiro de 1968, infra, p. 211-212.

53G. Lukács, História e consciência de classe, cit., p. 64.

Lukács e i decadenti

di Nicola Chiaromonte

«Tempo Presente»  II, n. 8 – agosto 1957

Dopo l’onorevole parte da lui presa alla rivolta ungherese, il 25 novembre scorso Georg Lukács  era stato onorato d’arresto insieme con Imre Nagy, con la vedova Raik e con gli altri che si erano rifugiati presso l’ambasciata iugo­slava, e deportato con loro in Romania. Il 10 aprile, per grazia speciale, egli ha fatto ritorno a Budapest. Senza onore. Evidentemente, il teorico del realismo socialista ha giudicato più realistico continuare a proprio agio le speculazioni di filosofia letteraria che rimanere solidale con gli sconfitti.

Il numero di luglio-agosto di Nuovi argo­menti ci offre la primizia dei pensieri cui si è affaticato Lukács in questi mesi. Si tratta delle «Basi ideologiche dell’avanguardia». Il tratto più notevole dello scritto è che in esso, ormai, il realismo socialista non ha più che una parte di comparsa: esce di scena appena en­trato (alla prima pagina) e, per il resto, la questione è di difendere il realismo borghese contro l’avanguardia decadente. Il realismo bor­ghese è epico e dinamico mentre l’avanguardia è statica: il realismo borghese radica i perso­naggi «nei ranporti concretamente storici, uma­ni, sociali della loro esistenza», mentre l’avan­guardia rappresenta «l’individuo eternamente, essenzialmente solitario, svincolato da tutti i rapporti umani e a maggior ragione da tutti i rapporti sociali»: il realismo borghese rappresenta la possibilità concreta, l’avanguardia la possibilità astratta; il realismo borghese attinge al tipico, l’avanguardia cerca rifugio nell’allegoria. Il realismo borghese infine, secondo Lukács, s’incarna ai tempi nostri (come si sape­va) principalmente in Thomas Mann e subor­dinatamente anche in Sciolokhov e in Moravia; l’avanguardia invece in Beckett, in Joyce, in Kafka, in Musil, in Gottfried Benn, in Hei­degger e, risalendo per li rami, in Hofmannsthal.

Nel seguire il laborioso, e non poco ambiguo, discorso di Lukács, non si può non cominciare coll’osservare che, per legittima che possa esse­re in astratto, o da un diverso punto di vista, nell’argomento del marxista ungherese la di­stinzione fra realismo e avanguardia regge assai male, sia in diritto che in fatto. In diritto, per­ché la latitanza dell’imperativo realista-socialista («non immediatamente applicabile», dice Lukács con cauto eufemismo) priva non solo il censore di ogni base per insegnare all’artista il vero senso della «realtà», ma anche l’artista della bussola che dovrebbe guidarlo a fare arte «dinamica», «sociale» e progressiva. In fatto, perché gli esempi addotti da Lukács sono spes­so altrettanto rozzi che discutibili, e il suo ra­gionare grossolano e tentennante.

Per opporre il «dinamico» Mann allo «sta­tico» Joyce, Lukács non trova di meglio che contrastare i celebri monologhi interiori dell’Ulysses con quello del risveglio di Goethe in Lotte a Weimar: in Joyce, il monologo inte­riore sarebbe fine a se stesso e rivelerebbe «una dinamica permanente ma senza mèta», ossia una concezione dell’uomo come essere informe; in Mann, per contro, il libero gioco delle asso­ciazioni è veramente solo pura tecnica, che vie­ne utilizzata per scoprire e mettere in luce qualcosa che va molto al di là dell’immedia­tezza di quello» e «rappresenta i trapassi di­namici».

A parte ogni giudizio sul valore rispettivo delle due opere, qui Lukács dimentica semplicemente che Lotte a Weimar è di una ventina d’anni posteriore a Ulysses. Il che rende poco mirabile il fatto che l’invenzione di Joyce sia usata da Mann come «pura tecnica». E se non ci fosse questo, rimarrebbe pur sempre che Leopold Bloom è un personaggio plasmato dalla fantasia di Joyce mentre il Goethe di Mann si appoggia alla struttura del Goethe storico, le cui componenti intellettuali e morali l’artista poteva interpretare, ma non aveva da crearle, e nelle quali non è davvero meraviglia che si ritrovassero, già date, una gerarchia di valori e una «storia». Dire che il Bloom di Joyce è avulso dalla storia mentre il Goethe di Mann rivela «le tendenze più profonde di sviluppo della sua personalità… in vista del passato, del presente e dell’avvenire» è una scoperta da rinviare per competenza ai medici di Molière. Se invece di Goethe, Lukács avesse preso ad esempio, fra i personaggi di Mann, Tonio Krö­ger, vi avrebbe trovato non poca staticità, non poco egocentrismo, e anche non poca indiffe­renza ai «trapassi dinamici».

Naturalmente, il problema di quella che Ortega y Gasset chiamò la «disumanizzazione dell’arte» esiste, ed è serio; è anche vero che l’arte di Joyce ne è un esempio eminente. Ma il problema è intellettuale: di accordo col mon­do nella verità. Non si riduce certo al contra­sto fra Joyce e Mann, e nemmeno a quello fra «realismo» e «avanguardia». Anzi, messo in questi termini, esso scompare, perché è molto (troppo) facile scoprire in questi due scrittori il fondo «decadente» che, se non li accomuna, certo non permette di opporli l’uno all’altro con tanta assolutezza; ed è egualmente facile vede­re quel che c’è di rigorosamente «realistico» nell’avanguardia (?) di un Kafka o di un Musil e, per converso, di «avanguardistico» in un Moravia, scrittore il cui mondo è molto dub­bio che sia «dinamico» ed esprima una gerar­chia di valori. Molto facile è, ad esempio, a proposito della frase di Kafka a Max Brod: «Oh, molla speranza, infinita speranza – ma non per noi», citata da Lukács come prova della disperazione «statica» dell’autore del Processo, ritorcere che, anzi, essa è squisita­mente realistica e «concreta». L’artista moder­no è assai più filosofo, e assai più cosciente dei limiti «storici» della sua condizione, che non voglia concedergli il professor Lukács.

Ancora più facile sarebbe mostrare (nel suo linguaggio) quanto di «decadente», di «avanguardistico», di «astorico» si riveli dal modo di argomentare del professor Lukács medesimo. Se Joyce appiattisce la coscienza dell’indi­viduo e ne fa un continuum amorfo, non meno amorfo (quanto ai valori della cultura) è il risultato degli «amalgami» di scrittori, epo­che e tendenze diversissime di cui si compiace il celebre marxista. Mettere nello stesso sacco dell’elemento «storico-sociale» Achille e Wer­ther, Edipo e Tom Jones, Antigone e Anna Karenina, Don Chisciotte e Vautrin, come perso­naggi «realistici», significa obliterare tutto quello che hanno di specifico, e specificamente umano, queste creazioni culturali: non tener al­cun conto di quel che ciascuno di essi signifi­ca, onde farli servire da materiale cementizio a sostegno di una tesi astratta e astorica. Per scrivere una frase come: «Dall’Achille di Ome­ro all’Adrian Leverkühn del Doktor Faustus di Mann, fino a Grigorij Melvekon del Placido Don di Sciolokhov, il gioco vivente delle con­traddizioni di volta in volta centrali è il prin­cipio in ultima istanza determinante dell’essenza…» eccetera, non ci vuole soltanto un’insigne pedanteria: bisogna anche essere infetti da quella particolare specie di «avanguardismo» che non teme gli accostamenti cervellotici e le formule arbitrarie. E che dire della speciosis­sima sforzatura per cui Lukács pretende di da­re come esempio della preferenza borghese (e avanguardistica) per la «pura possibilità» con­tro la «possibilità concreta» un passo in cui Faulkner descrive individui che, nel calore dì una disputa, «facevano di un’irrealtà una pos­sibilità, poi una probabilità, poi un fatto irre­futabile, come fanno appunto gli uomini quan­do lasciano che i loro desideri diventino pa­role»?

In sostanza, per quanto cerchi di evitare quel che v’è di più grossolano nella formula del realismo socialista, l’argomento di Lukács si ridu­ce pur sempre a predicare all’artista l’obbligo «morale» di adottare l’estetica «realista» e di mantenersi nella tradizione, ossia di esprimere sentimenti «positivi» e di reprimere i senti­menti «negativi»: l’obbligo, insomma, di esse­re insincero, giacche altrimenti la predica non avrebbe senso. Ma a noi la verità, comunque detta, importa più del realismo.

L’uso che, da buon marxista, Lukács ha fatto in passato e continua a fare in quest’articolo dell’argomento ad hominem, ci suggerisce di terminare queste note con un’immagine ad hominem: l’immagine di Georg Lukács, tornato a Budapest per grazia speciale, e lì occupato a considerare il pericolo grave d’informità e d’indifferentismo morale che si nasconde nell’arte d’avanguardia. Ebbene, se si dovesse immaginare il «flusso di coscienza» del professor Lukács a Budapest mentre scriveva il suo saggio, si dovrebbe necessariamente immaginare una coscienza nella quale Thomas Mann e Kadar, le sottigliezze su Kafka e le ombre di centinaia di impiccati, il ricordo di un momento di rivolta e l’acquiescenza muta di oggi, le preoccupazioni accademiche e l’immagine dei colleghi imprigionati, si susseguono in una giustapposizione statica «senza mèta né direzione». Qualcosa di molto simile al monologo di Leopold Bloom. Ma molto meno animato ed animoso.

Lukács parla

di György Lukács

intervista di Naïm Kattan

«La Quinzaine littéraire», 1-15 dicembre 1966

trad. it. gyorgylukacs.wordpress.com

Il suo appartamento è situato all’ultimo piano di uno stabile che dà sul Danubio. I libri tappezzano i muri. Guardo qua è la a caso: opere complete di Hegel e di Marx. Sul tavolo dei libri, delle riviste in ungherese, in tedesco, in francese. È qui che da dieci anni Lukács lavora alle sue opere.

Ho iniziato la mia opera vera e propria a settant’anni. Pare che esistano delle eccezioni alle leggi materiali. In questo sono un adepto di Epicuro. Anche io sto invecchiando. Da tanto tempo cerco la mia strada. Sono stato idealista, poi hegeliano. In Storia e coscienza di classe ho provato ad essere marxista. Per molti anni sono stato funzionario del partito comunista a Mosca. Ho potuto rileggere, da Omero a Gorky. Fino al 1930 tutti i miei scritti erano degli esperimenti intellettuali. Poi ci furono degli abbozzi e dei preparativi. Anche se sono superati, questi scritti sono stati di stimolo ad altri. Continua a leggere

Il modello di un’arte-verità: Lukács 1933-1953

di Giuseppe Prestipino

in «Paradigmi. Rivista di critica filosofica». n. 12, 1986.

da Realismo e utopia, Editori Riuniti, Roma 2002.

«Da quando sono stato in grado di pensare», afferma Lukács ripercorrendo le vicende della propria vita, «io sono sempre stato contro il positivismo»1. In effetti, la critica del positivismo è uno dei motivi ricorrenti della sua riflessione, dagli esordi giovanili fino alla postuma Ontologia. E tuttavia, almeno fino a quando le grandi opere sistematiche della tarda maturità non avranno dipanato il contesto filosofico nel quale il suo realismo estetico tendeva a situarsi, il modello di un’arte e di una letteratura realista intrattiene in lui un rapporto piuttosto ambiguo con la tradizione del positivismo e del marxismo positivisteggiante. Continua a leggere

L’estetica di Lukács, i suoi critici, i suoi avversari

di Nicolae Tertulian

da Lukács e il suo tempo. La costanza della ragione sistematica, a c. di M. Valente, Tullio Pironte Editore, Napoli 1984 (Atti del convegno di Roma, dicembre 1981).

La Estetica di Lukács, circa 20 anni dopo l’apparizione nella sua forma compiuta, nei due grandi volumi pubblicati in tedesco dal titolo Die Eigenart des Ästhetischen (La peculiarità dell’estetico), non ha ancor ricevuto, ed è sorprendente che sia così, l’accoglienza critica che attendeva e meritava. Sarebbe errato asserire che manchino del tutto commenti relativi a questa importante opera (io stesso ho dedicato al pensiero estetico di Lukács lunghi e minuziosi studi) ma è certo che un’analisi esauriente della sua struttura profonda, delle sue principali articolazioni, del suo ricco spiegamento categoriale, si fa ancora, a quanto mi risulta, attendere. Continua a leggere

Lukács /Adorno. La riconciliazione impossibile

di Nicolae Tertulian

da György Lukács nel centenario della nascita 1885-1985, a c. di D. Losurdo, P. Salvucci, L. Sichirollo, Quattroventi, Urbino 1986.

Traduzione dal francese di Salvatore Torino.

La storia delle idee dell’ultimo quarto di secolo ha preso in considerazione, del confronto Lukács/Adorno, soprattutto il giuoco delle antinomie e dei conflitti esplosi tra i due filosofi e studiosi di estetica, in seguito alla violenta diatriba lanciata da Adorno nel saggio «Espresste Versöhnung» (Conciliazione sforzata) pubblicato nel 1958 e riprodotto nel volume Noten zur Literatur (Note per la letteratura, 1943-1961, tr. it., Torino, Einaudi, 1979, pp. 238-266), e della replica di Lukács nella Prefazione del 1962 alla Die Theorie des Romans (Teoria del Romanzo, Milano, SugarCo, 1963). La verità è che Lukács, pur sfruttando ogni occasione per manifestare il proprio atteggiamento fortemente critico nei riguardi di Adorno, si è rifiutato di ingaggiare un vero e proprio braccio di ferro contro colui che aveva contestato con tanta virulenza il suo libro Wider den missverstandenen Realismus (Il significato attuale del realismo critico, pubblicato per la prima volta, in Italia, nel 1957 da Einaudi).

L’opposizione tra Lukács e Adorno assume tutta la sua rilevanza, se si tiene conto che si tratta di due filosofi il cui pensiero ha forti radici comuni e presenta finanche incontestabili omologie. La matrice hegeliana, da cui i due teorici traggono la sostanza del loro pensiero dialettico, è presente ovunque nei loro scritti. L’uno e l’altro hanno assimilato in profondità, in succum et sanguinem, la critica di Hegel nei riguardi della soggettività kantiana o fichtiana e del suo preteso potere costitutivo, facendo della tensione dialettica tra soggettività e oggettività la chiave di volta del loro pensiero.

Lo scopo perseguito da Adorno, nell’attacco contro il libro Il significato attuale del realismo critico, è quello di presentare la storia di Lukács come una deplorevole regressione intellettuale. La maggior parte delle argomentazioni di Adorno tendono a mostrare come una coscienza estetica un tempo avanzata (quella dell’autore di L’anima e le forme e Teoria del romanzo) sia finita per essere obnubilata, atrofizzata e degradata a causa del suo impegno politico. Adorno, d’altronde, parla esplicitamente, nell’introduzione al suo testo, del caso Lukács come di un «sacrificio dell’intelletto»: «La persona di Lukács sta al di sopra di ogni dubbio. Ma il tessuto concettuale cui egli ha sacrificato l’intelletto è così ristretto che qualunque cosa voglia in esso respirare più liberamente vi soffoca…» (Note per la letteratura, cit., pp. 239-240).

Il fatto che nella sua implacabile requisitoria Adorno non si limiti a stigmatizzare la posizione del suo avversario con sentenze emesse dall’alto, ma si sforzi di sviluppare una critica interna ed un’analisi immanente dello scritto di Lukács (anche se il testo non è privo di una certa dose di arroganza e di invettive), conferisce alla sua polemica un sicuro interesse. Si è certamente in diritto di interrogarsi sull’oggettività del ritratto che egli abbozza di Lukács, sulla fedeltà dello specchio che egli tende al suo interlocutore. Molto spesso il suo testo contribuisce a mettere in luce più la propria posizione estetica che a fornire una immagine autentica, non-riduttrice, di quella di Lukács. Ma è proprio attraverso questo giuoco di specchi deformanti, attraverso questo scontro basato talvolta su semplificazioni e malintesi, che si arriva al confronto spettacolare di due concezioni estetiche dalle finalità profondamente divergenti. È incontestabile che gli argomenti ad effetto (percutants) di Adorno mettono a dura prova le formulazioni (vues) estetiche di Lukács e una ricostruzione post festum di questa battaglia ideologica ci consente una comprensione più profonda delle due estetiche.

Nella sua polemica Adorno era sinceramente convinto che ci fosse in Lukács un rapporto di connessione troppo stretto tra l’arte e la realtà empirica, sottovalutando in maniera colpevole le metamorfosi, spesso radicali, alle quali il soggetto creatore sottopone la materia empirica. Non esitava, in questo senso, a parlare del «volgare materialismo accanito» che caratterizzerebbe la fedeltà di Lukács all’idea dell’arte come «rispecchiamento della realtà obiettiva» (ibid., p. 240). Paradossalmente, Adorno condivideva pienamente la critica di Hegel all’idea di una soggettività «pura», sradicata, ed aveva fatto della tesi hegeliana secondo la quale la profondità della soggettività si misura nel suo molteplice radicarsi nel mondo oggettivo, un leitmotiv del proprio pensiero.

È così, per esempio, che, nelle considerazioni che egli svolge (nelle lezioni sulla Terminologia filosofica, tenute a Francoforte nel 1962-63) intorno alla nozione di «profondità», vediamo Adorno rendere un grande omaggio alla tesi di Hegel sulla alienazione del soggetto come condizione del suo vero sviluppo (épanouissement). È alla fine di queste considerazioni che egli ricorda la fondatezza del «disgusto» di Goethe per il culto della pura interiorità, sintomo tipico, secondo Adorno, del rancore piccolo borghese nei confronti del mondo (non manca neanche qui di denunciare nella critica heideggeriana della ‘curiosità’, l’espressione filosofica di una tale «interiorità piena di rancore»: cfr. Philosophische Terminologie Band 1, Suhrkamp, stw, 1973, pp. 142 e segg.; Terminologia filosofica, trad. it., Torino, Einaudi, 19752, p. 139).

Ora, ci sembra incontestabile, che sono proprio le idee di Hegel e di Goethe a costituire i veri pilastri della concezione estetica di Lukács (abbiamo cercato di mettere in evidenza questa filiazione decisiva delle idee estetiche di Lukács nelle nostre considerazioni sul rapporto soggetto-oggetto nell’estetica di Lukács; cfr. il nostro libro: Georges Lukács. Etapes de sa pensée esthétique, Sycomore, 1980, pp. 243 e segg.). È vero che è soprattutto nella grande Estetica, apparsa cinque anni dopo il saggio polemico di Adorno, che Lukács ha pienamente sviluppato questa filiazione e si può immaginare che Adorno avrà visto non senza sorpresa Lukács fondare le sue idee estetiche su postulati filosofici che erano propri, ad Adorno, particolarmente cari e vicini.

Ma nel saggio la «Conciliazione sforzata», Adorno sembrava persuaso che Lukács sacrificasse la dialettica intima del processo di creazione artistica ad un «oggettivismo» inestetico (anésthétique), ad una rappresentazione troppo semplicistica tra arte e realtà. Non cessava di rimproverargli una identificazione meccanicistica del contenuto artistico con il reale, una cecità davanti all’alchimia sottile alla quale la materia del reale sarebbe sottomessa da parte di ciò che Adorno amava chiamare «la legge della forma» o «la tecnica». La posta in giuoco del dibattito era evidentemente l’atteggiamento di Lukács nei riguardi dell’arte moderna. È in questa occasione che Adorno ricordava l’importanza del principium stilisationis nell’arte, principio che il giovane Lukács aveva spesso evocato nei suoi primi scritti e che il Lukács della maturità avrebbe perso di vista con la sua adesione alla funesta «teoria del rispecchiamento».

È interessante vedere come, pur partendo da un principio filosofico ed estetico che condivide con Lukács – quello del carattere mediato della soggettività artistica –, dell’idea che il processo di creazione artistica consiste in fondo nella manifestazione del contenuto oggettivo latente della soggettività germinale (idea che ritroveremo nella tesi dell’Estetica di Lukács sull’alienazione di sé del soggetto e la soppressione di questa alienazione con il ritrovamento di sé), Adorno perviene a conclusioni totalmente opposte. Mettiamo momentaneamente tra parentesi gli sviluppi polemici di Adorno che accusa Lukács di imporre all’arte esigenze riservate piuttosto alle scienze sociali, ignorando così la specificità irriducibile dell’arte e il ruolo costitutivo della soggettività in questo campo, tanto queste considerazioni ci sembrano radicalmente infirmate dai testi di Lukács, soprattutto dalla grande Estetica, e tanto, esse ci sembrano non cogliere l’essenziale del pensiero profondo di quest’ultimo.

Lo sforzo teorico di Adorno è finalizzato a perseguire nel movimento interno delle opere, nella loro pura immanenza estetica, nelle più sottili articolazioni della loro «tecnica», l’iscrizione delle tensioni sociali, dello «spirito oggettivo» dell’epoca. Si sforza senza tregua di rispettare, nello stesso tempo, l’autonomia dell’opera d’arte, la sua distanza irriducibile di fronte alla realtà empirica, e il suo carattere di fatto sociale (l’espressione durkheimiana è usata in modo appropriato nel testo tedesco della Teoria estetica).Dobbiamo sottolineare quest’aspetto del pensiero di Adorno, perché è a partire da questa «distanza di fronte all’empirico» e da questa «negazione determinata» del reale immediato, caratteristiche sine qua non della creazione artistica, che egli si crede autorizzato a ricusare con tanto vigore «la teoria del rispecchiamento» di Lukács. Come perviene a conciliare in maniera convincente questi due aspetti apparentemente contraddittori dell’opera d’arte, l’autonomia strutturale e il carattere sociale?

Una sottile dialettica della relazione soggetto-oggetto prende corpo nel cuore stesso della riflessione estetica di Adorno. Egli tiene a sottolineare che il soggetto che si oggettivizza nell’opera d’arte non è il demiurgo essere-per-sé, sovrano ed autosufficiente, di cui parlava la teoria classica dell’arte. La soggettività che si esprime nell’opera d’arte gli appare piuttosto come la cristallizzazione ultima di esperienze sociali molteplici, che finiscono per decantarsi nei movimenti più intimi dell’opera e a sedimentarsi in modo duraturo nella sua forma e nella sua tecnica.

Basta leggere le pagine che Adorno dedica a Beethoven o a Brahms nella Introduzione alla sociologia della musica, o alla poesia lirica nel Discorso sulla poesia lirica e la società (alla fine del quale egli analizza le poesie di Mörike e di Stefan George) per cogliere i tratti caratteristici del metodo critico che propone: immergendosi nell’interiorità dell’opera, di cui pensa di rispettare rigorosamente l’autonomia monadologica (il paragone dell’opera d’arte con la «monade senza finestre» leibniziana è stata formulata per la prima volta dal giovane Lukács nell’estetica di Heidelberg), il critico tende a «delineare» in che modo il soggetto lirico o il soggetto-compositore assorba e raffiguri, in ciò che sembra essere il movimento autarchico dell’opera, le contraddizioni sociali dell’epoca. Adorno tiene spesso a fissare l’attenzione sulla distanza polemica che il soggetto artistico prende necessariamente rispetto alla realtà esistente: l’energia creatrice dell’artista che si aliena nella sua opera (Adorno parla hegelianamente di una «auto-alienazione» o di una oggettivizzazione, il cui risultato è una «oggettività alla seconda potenza», Objektivität zweiter Potenz) sembra nutrirsi spesso degli ostacoli e delle resistenze che l’incontrovertibile realtà sociale oppone all’auto-affermazione dell’umanità del soggetto. Adorno ci avverte che si possono ritrovare nella materia dell’opera i membra disjecta di una società data, ma che la vera vocazione dell’opera è quella di riconciliare in modo ideale, sublimato, trasfigurato, ciò che nella realtà sociale empirica resta diviso, antinómico, irriconciliato. È ciò che il critico chiama la funzione critica inerente all’arte vera. L’arte è definita in questo senso come la «conoscenza negativa» del reale (questa definizione si trova nell’articolo contro Lukács, La Conciliazione sforzata, op. cit., p. 248). Ma è esagerato dire che Adorno incontri così, senza accorgersene, una delle tesi fondamentali dell’estetica di Lukács, quella sviluppata nel capitolo su La missione defeticizzata dell’arte della grande Estetica? Come si spiegano, allora, le grandi divergenze tra due studiosi di estetica che sembrano lavorare con strumenti concettuali comuni, ereditati dalla matrice kantiana e hegeliana con la mediazione del pensiero di Marx?

Ma prima di rispondere a questa domanda, gettiamo uno sguardo su certe analisi più concrete di Adorno, il che ci permetterà di comprendere meglio la sua posizione. Quando parla di Beethoven, soprattutto nel capitolo finale, intitolato «Vermittlung» (Mediazione), della sua Introduzione alla sociologia della musica, pone l’accento sulla totalità che si sviluppa in maniera dinamica come principio ispiratore di quella grande musica. Adorno si preoccupa di mostrare come il lavoro tematico di Beethoven, il principio della variazione in sviluppo (entwicklende Variation), perviene a generare spontaneamente la totalità (che domina «il chimismo dell’opera»), attraverso il superamento reciproco delle opposizioni, degli «interessi individuali».

Il suo obiettivo è di mostrare come attraverso una dialettica che si sviluppa in maniera autonoma, attraverso movimenti che si affermano secondo la loro propria legge interna, attraverso opposizioni, collisioni di motivi individuali e di «negazioni determinate», il discorso musicale beethoveniano arrivi a creare una totalità dinamica nella quale l’individuale e il generale convergono, in modo del tutto simile al divenire dello spirito nella filosofia hegeliana. Le analogie tra Kant e Beethoven, ma soprattutto tra Hegel e Beethoven, sono sottolineate spesso da Adorno. Ma lo scopo principale delle sue considerazioni è quello di indicare l’omologia perfetta che esiste tra lo spirito dialettico della musica beethoveniana e il pathos libertario della società del suo tempo. Il leitmotiv della dimostrazione è che non si tratta per nulla di una «imitazione» del reale o di un «rispecchiamento» del reale da parte della musica beethoveniana, ma di una convergenza, o meglio di una consustanzialità tra un discorso musicale che si sviluppa in maniera autonoma e lo spirito obiettivo profondo dell’epoca del compositore.

Ci sembra evidente che Adorno abbia qualche difficoltà a spiegare come si produca questa osmosi, se si tien conto che egli rifiuta a priori la teoria del rispecchiamento. Egli stesso parla, d’altronde, di una «macchia cieca della conoscenza» quando si tratta di spiegare «l’armonia tra le forze umane di produzione e la tendenza storica» (Introduzione alla sociologia della musica, trad. di G. Manzoni e introd. di L. Rognoni, Torino, Einaudi, 1971, p. 254). Egli si limita a suggerire che la convergenza tra la struttura della musica beethoveniana e la società del suo tempo (chiamata convenzionalmente quella della «borghesia in ascesa») avrebbe come condizione il fatto che la forma di intuizione primaria (di carattere musicale) di Beethoven si trovava mediata in sé dallo spirito della sua classe intorno al 1800. Ciò che lo interessa visibilmente è di dialettizzare questo rapporto tra arte e società, evitando sia la «categoria dubbia» dell’«influenza» che quella meccanicistica (mécanique) del «rispecchiamento»: persegue la migrazione dei conflitti e delle tensioni sociali dell’epoca nello spazio interno dell’opera, confidandoci (en nous confiant) che l’artista assorbe necessariamente questi elementi obiettivi, pur sottoponendoli ad uno sviluppo del tutto autonomo. La coscienza (l’io) del grande artista è per Adorno una coscienza (un io) forte, resistente, che non si piega alle esigenze empiriche del mondo esterno, ma che arriva attraverso il processo di oggettivizzazione dell’opera a padroneggiare difficoltà e resistenze di carattere obiettivo, fino ad esprimere nella sua auto-affermazione una tendenza collettiva, trascendendo la realtà esistente. L’utopia libertaria che risuona nella musica di Beethoven supera lo spirito ufficiale del suo tempo, il quale si incarnerebbe piuttosto in Rossini.

Il rimprovero fondamentale che Adorno rivolge a Lukács nel saggio La conciliazione sforzata è, per l’essenziale, che quest’ultimo resterebbe insensibile, se non cieco alle metamorfosi sottili alle quali la tecnica artistica – particolarmente quella della letteratura di avanguardia – sottopone i contenuti reali. È un grande segno di incomprensione estetica, dice Adorno, identificare semplicisticamente la presenza massiccia del patologico in un settore importante della letteratura di avanguardia, o il sentimento potente del non-senso del mondo in certe opere di Beckett con la semplice trasposizione di situazioni reali nelle opere d’arte. Lukács sembra ignorare che la solitudine, lo sradicamento o la «perdita del mondo» (Weltverlorenheit) rappresentati da certi eroi della letteratura di avanguardia non sono semplici «copie» delle situazioni esistenti tali quali nella realtà, dunque, come sembra affermarlo lo studioso di estetica ungherese, una canonizzazione, per riproduzione non-critica, dell’alienazione reale. Le argomentazioni di Adorno tendono a mettere in luce il ruolo decisivo della mediazione soggettiva nella configurazione artistica, mediazione che Lukács, secondo Adorno, sembra ignorare e ciò fa sì che la rappresentazione esatta, muta, della disperazione o del non-senso in certe opere di avanguardia acquisisca implicitamente un senso critico e polemico.

L’interesse dell’argomentazione di Adorno riposa sulla volontà di presentare Lukács come una coscienza estetica alienata a causa del suo impegno politico: sacrificando al dogma del «realismo socialista» e lavorando con strumenti concettuali rudimentali come il «rispecchiamento» o la «prospettiva», questi arriverebbero inevitabilmente ad occultare il tessuto artistico propriamente detto delle opere e, su un piano più generale, la logica interna del processo artistico.

Ma una analisi attenta del testo incriminato di Lukács da parte di Adorno mostra, in maniera paradossale, che il rimprovero principale – il rimprovero di Lukács – nei riguardi delle opere dell’avanguardia è giustamente l’assenza di una più profonda mediazione, soggettiva e oggettiva, delle situazioni evocate. Ciò che Lukács deplora, è l’insufficienza del filtro, radicato nella personalità dell’artista, sono le carenze dell’io profondo (ciò che il giovane Lukács chiamava, con una espressione kantiana, «l’io intelligibile»), attraverso cui il mondo è rifratto in opere di questo genere. Il punto centrale della sua argomentazione non è rispecchiamento empirico della realtà, come glielo rimprovera Adorno, ma la qualità della soggettività costituiva, quella che si esteriorizza e si oggettiva attraverso l’opera. Quando paragona il monologo di Leopold Bloom o di sua moglie nell’Ulisse di Joyce al monologo interiore di Goethe in Lotte in Weimar di Thomas Mann, Lukács crede di essere all’ascolto dell’io profondo dello scrittore, la sua attenzione si fissa sulla fluidità che anima lo spazio interno dell’opera ed è a partire da questa prospettiva che formula il suo giudizio su ciò che egli considera essere «la differenza di livello» tra i due scrittori; è così che egli giunge ad opporre la poesia umana complessa del romanzo di Thomas Mann al fotomontaggio di associazioni di carattere naturalistico di Joyce. Allorché rifiuta, in pari tempo, nell’introduzione al capitolo intitolato significativamente «L’uomo come nocciolo o come scorza» dell’Estetica, il culto della sensazione rara o un certo impressionismo lirico di Hofmannsthal, o, al polo opposto, il culto dell’oggetto, epurato da ogni antropomorfismo, nel «nouveau roman» di Alain Robbe-Grillet, egli lo fa in nome di una sola e stessa esigenza, in nome di uno sguardo rispettoso della pluridimensionalità e della profondità del mondo.

Non bisogna dimenticare che il rimprovero principale rivolto da Lukács a certe opere dell’avanguardia è che esse restano fissate, nonostante la stilizzazione estrema alla quale sono sottoposte le situazioni reali, al livello dell’immediatezza di queste situazioni, caratteristiche per l’individuo che si confronta con la reificazione generalizzata della tarda società borghese: senza la «distanza critica» necessaria e senza le molteplici mediazioni alle quali la soggettività profonda dei grandi artisti ha sempre sottoposto la materia empirica del reale.

La polemica di Adorno è basata sull’idea che Lukács vorrebbe imporre agli artisti moderni una logica della positività, che per Adorno significa una alienazione della stessa arte moderna ed una regressione brutale in rapporto alle sue vere conquiste. Adorno parla spesso, nel suo testo, dell’«ottimismo ufficiale» che contaminerebbe i ragionamenti di Lukács. Ci si può porre qui una domanda decisiva: è il critico in diritto di confrontare la visione del mondo degli scrittori studiati, visione nella quale egli vede a giusto titolo il principio ispiratore della loro opera, con la sua prospettiva, quella che a maggior ragione considera come giusta e legittima? Non rischia così di cadere in un edificante moralismo (Adorno parla d’altronde del «colore moralista dei concetti critici di Lukács», op. cit., p. 358), che sostituirebbe l’analisi estetica con una pedagogia umanista, e ammonirebbe ex cathedra, la coscienza degli scrittori?

Tutti i critici di Lukács pensano che egli trasgredisca l’immanenza estetica delle opere, imponendo alla loro dialettica interna esigenze eteronome. Ma un’analisi attenta dei suoi testi mostra che egli cerca di svelare nell’intimità delle opere sottoposte alla sua critica uno scivolamento verso uno stato di «falsa coscienza», le cui conseguenze negative sul piano estetico gli appaiono considerevoli. Quando esige una distanza critica nei confronti dei sentimenti provocati dall’alienazione generalizzata e dall’instabilità permanente del mondo che circonda la coscienza degli scrittori (angoscia, paura, diffidenza, ecc.), egli non lo fa in nome di un intervento discorsivo, che spezzerebbe l’immanenza estetica delle opere, o di una presenza tematica diretta delle «contro-tendenze e contro-forze» di cui parla nel Significato attuale del realismo critico. Si tratta piuttosto di un richiamo alla lucidità dello scrittore che non deve lasciare che la sua coscienza si immobilizzi davanti all’irrazionalità del mondo, e può trovare nel suo io profondo una forza di resistenza e di opposizione.

Harold Rosenberg ha ritenuto giusto di ironizzare su questo «volontarismo» di Lukács, che esigerebbe dagli scrittori e dagli artisti una coscienza diversa (altra) da quella che è stata loro imposta dalle condizioni di vita reali. L’articolo di Harold Rosenberg è stato pubblicato nella rivista americana «Dissent», con il titolo G. Lukács e la terza dimensione, ed è stato riprodotto poco dopo (nel 1965) da «Les Temps modernes». Il critico americano cerca di appoggiarsi su Marx e in particolare su una tesi famosa del Manifesto del partito comunista per opporsi a Lukács. Si ritrovano nella sua argomentazione certe tesi di Adorno, di cui tuttavia sembra ignorare il saggio polemico diretto contro Lukács:

«Si Marx a raison et si ‘l’instabilité permanente’ est bien un trait de notre époque, ses effets, après cent ans, n’ont pas manqué de teinter d’angoisse tous nos sentiments et ‘l’agitation permanente’ a fait du chaos l’élément constitutif de la sensibilité contemporaine. En donnant une forme à ces états tels qu’ils sont effectivement éprouvés, la littérature et l’art moderne ne se réfèrent nullement à une condition intemporelle mais à une condition caractéristique de ce temps… La conception que se fait Lukács de la dialectique matérialiste exige paradoxalement que les conditions d’existence soient transformées dans la littérature avant qu’elles ne l’aient été dans la vie. Un art qui traduit l’‘instabilité permanente’ est, quel que soit par ailleurs son caractère, simple ‘naturalisme’ aux yeux de Lukács, et par là même inférieur aux oeuvres réalistes issues des constructions mentales propres à une perspective humaniste sociale». La conclusione di Harold Rosenberg vuole essere sferzante: «Si, pour Marx, toutes formes solides se volatilisent, pour Lukács, elles n’ont aucun droit de se comporter ainsi dans le roman» (G. Lukács et la troisième dimension, «Les Temps modernes», 1965, pp. 921-922).

Nella Conciliazione sforzata, Adorno fonda anche lui la sua critica estetica e le sue prese di posizione nei riguardi di Lukács su una rappresentazione precisa della storia. È d’altronde uno degli aspetti più appassionanti e più istruttivi della polemica tra i due pensatori il modo con cui ciascuno trasforma l’estetica e i suoi propri giudizi sull’arte contemporanea in un terreno di elezione per la propria filosofia della storia. La violenza di certe frasi di Adorno contro Lukács, specie quando Adorno parla dell’atteggiamento di Lukács verso Beckett, si può comprendere unicamente come lo scontro di due visioni della storia contemporanea profondamente diverse. «Critici di tendenza totalitaria come Lukács – scrive Adorno in un saggio sul Finale di partita di Beckett – che infuriano contro quell’invero terribile semplificatore che è Beckett accusandolo di decadenza, fanno assai bene l’interesse dei loro capi: odiano in Beckett ciò che hanno tradito» (Versuch das Endspiel zu verstehen, tr. it., Tentativo di capire il «Finale di partita», in Note per la letteratura, op. cit., pp. 269-270).

È precisamente nel suo articolo su Beckett che Adorno afferma la sua convinzione che la società contemporanea ha subito un cambiamento profondo in rapporto a quella che era stata oggetto dell’analisi di Marx. La «negatività sociale» (die gesellschatliche Negativität) avrebbe assunto tali proporzioni, la reificazione dei rapporti sociali avrebbe raggiunto un tale grado di universalità, che l’idea di una razionalità intrinseca al processo storico, dovendo necessariamente condurre all’abolizione di questa società, gli sembra irrimediabilmente superata. Adorno parla volentieri dell’«irrazionalità» della tarda società borghese, che non gli sembra più padroneggiabile da un soggetto storico positivo. Bisogna ricordarsi, a questo proposito, che alla fine del secondo dei suoi Tre studi su Hegel, Adorno rimprovera a Lukács di aver «riaccesa» una delle tesi «più dubbie» di Hegel, quella su «la razionalità del reale», mentre l’idea che i membra disjecta della società borghese sarebbero suscettibili di essere uniti in una totalità armonica (conformemente al principio hegeliano che la «totalità è verità») gli appariva fuori luogo. Il carattere incommensurabile del male sembra dominare la rappresentazione di Adorno sulla società contemporanea. «L’irrazionalità della società borghese nella sua fase più tarda è restia a farsi comprendere: erano ancora bei tempi quelli in cui si poteva scrivere una critica dell’economia politica di questa società, cogliendola pienamente nella ratio a lei propria. Perché la società ha ormai gettato questa ratio tra i ferri vecchi sostituendola virtualmente con una autorità immediata su ogni cosa» (Note per la letteratura…, op. cit., p. 270). È perfettamente comprensibile che attraverso una tale visione del mondo, Beckett si riveli per Adorno una figura paradigmatica della letteratura moderna. Lo studio che il critico ha consacrato al Finale di partita svela pienamente le sue affinità profonde con l’autore che avrebbe conferito una espressione-limite alla situazione storica della «catastrofe permanente».

Adorno nutriva uno scetticismo profondo riguardo all’esigenza lukacsiana di relativizzare questo sentimento dell’irrazionalità del mondo contemporaneo come se si trattasse di una apparenza o di un simulacro. Lukács, in effetti, non metteva in dubbio l’autenticità di questo sentimento del mondo (Grunderlebnis) che è dell’avanguardia, ma era fermamente convinto che fermarsi lì significava limitarsi al piano dell’immediatezza. Tutti i suoi ragionamenti erano impregnati dalla convinzione che la pressione invadente dell’alienazione, malgrado le sue apparenze di universalità, può essere demistificata (sfatata) e che potenzialità di resistenza e di opposizione alla negatività esistono sempre nell’immanenza stessa del processo storico. Adorno faceva, al contrario, della «immersione impietosa» nella negatività, del fatto di assumere senza compromessi l’atomizzazione radicale della vita e della distruzione dei punti di appoggio tradizionali, fino alla distruzione delle forme ereditate, la fonte di vitalità delle grandi opere dell’avanguardia. «Ciò soltanto dà la sua forza a Kafka, Joyce, Beckett, alla grande musica moderna. Nei loro monologhi echeggia l’ora che è suonata per il mondo: perciò eccitano molto più di quelle che descrivono in modo comunicativo il mondo» (Conciliazione sforzata, in Note per la letteratura, op. cit., p. 255).

Adorno, conseguentemente, si rifiutava di lasciarsi imprigionare da ciò che egli chiamava in modo sarcastico «l’ottimismo ufficiale delle contro-tendenze», di cui Lukács parlava nel suo piccolo libro del 1957.

Ma è sulla nozione di realismo che la separazione si delinea con più forza. Adorno era persuaso che i cambiamenti intervenuti nella struttura della società moderna implicavano che il vero realismo, nel romanzo contemporaneo, comportasse, in maniera apparentemente paradossale, l’abbandono della forma realistica tradizionale. Il punto di partenza delle sue riflessioni a tale riguardo, è la crisi dell’individuo. Nell’epoca del mondo amministrato, della standardizzazione e della reificazione generalizzata dei rapporti interumani, la realtà dell’individuo autonomo, capace di opporsi alla pressione delle circostanze e di giungere finanche a padroneggiarle, gli sembra del tutto superata. Ora, è giustamente questa realtà che forniva la trama sostanziale del romanzo realista tradizionale. Nell’introduzione al testo su «La posizione del narratore nel romanzo contemporaneo», Adorno ha formulato chiaramente «il paradosso» della situazione del narratore davanti alla realtà contemporanea: «non si può più raccontare, mentre la forma del romanzo esige narrazione» (Note per la letteratura, op. cit., p. 38).

Si rifa spesso ad un testo di Brecht, estratto da L’opera da quattro soldi (Dreigroschenbuch),che caratterizza lo ens realissimum della società contemporanea come un insieme di processi e non di fatti immediati, di processi che non si lasciano direttamente rappresentare: «La situazione viene complicata dal fatto che mai una semplice ‘riproduzione della realtà’ dica qualcosa sulla realtà. Una fotografia delle industrie Krupp o della AEG non dice praticamente nulla su queste istituzioni. La realtà vera e propria è scivolata nella funzione. La reificazione dei rapporti umani, e dunque ad esempio la fabbrica, non ci dà più i rapporti stessi» (op. cit., p. 141).

Nella Lettura di Balzac, Adorno non si accontentava di citare Brecht come testimone in favore dell’idea che il realismo come forma letteraria sarebbe superato, «poiché come rappresentazione della realtà non colse la realtà», ma rimprovera en passant Brecht stesso, «che si infilò nella camicia di forza del realismo trattandolo da costume da mascherata» (Note per la letteratura, op. cit., p. 141).

È interessante constatare quanto Adorno sia rimasto fedele nel movimento del suo pensiero alle idee sviluppate nella Teoria del romanzo dal giovane Lukács. La tensione tra ciò che Lukács chiamava il mondo della «convenzione», quello dei rapporti umani reificati (che egli indicava anche come «seconda natura»), e la «pura interiorità» dell’anima, esiliata senza via di scampo in mezzo a questo mondo, è il punto di partenza delle considerazioni di Adorno sul romanzo contemporaneo. Egli si rapportava già esplicitamente a questa idea lukacsiana in uno dei suoi primi testi, la conferenza tenuta nel 1932 alla Kant-Gesellschaft di Francoforte, con il titolo Die Idee der Naturgeschichte; associava in maniera molto significativa, agli sviluppi lukacsiani le tesi di Walter Benjamin sul «lato malato della storia» (la «facies hippocratica der Geschichte») come fonte dell’arte allegorica (Th. W. Adorno, Philosophische Frühschriften in Gesammelte Schriften, Band 1, Surkamp, 1973, pp. 355 ss.). Definendo i romanzi moderni come «epopee negative», Adorno non faceva in fondo che radicalizzare e spingere al limite le tesi di Lukács, il quale si chiedeva alla fine della Teoria del romanzo se gli scritti di Dostoevskij possano ancora considerarsi romanzi, o se non siano piuttosto le prefigurazioni di una resurrezione dell’epopea nel mondo moderno.

Il romanzo moderno appariva ad Adorno come la «cifra» di una situazione storica nella quale si assiste alla «liquidazione dell’individuo». L’abdicazione del soggetto sotto «l’orrore dell’anonimato» non si lascerebbe più esprimere dalla fedeltà alle apparenze, ma dall’acquisizione di una dimensione metafisica, radicata nell’«io intelligibile» dei personaggi (e non nel loro io immediato «empirico») di cui la «tendenza antirealista» del romanzo moderno è l’espressione artistica necessaria. «Il momento antirealistico del nuovo romanzo, la sua dimensione metafisica, viene essa stessa maturata dal suo oggetto reale, una società nella quale gli uomini sono strappati gli uni dagli altri e da se stessi. Nella trascendenza estetica si riflette il disincanto del mondo» (Il narratore del romanzo contemporaneo, in Note per la letteratura, op. cit., p. 40).

Tanto il ragionamento di Adorno sembra pertinente ed illuminante, tanto la sua volontà di mostrare che la categoria del realismo, nell’accezione lukacsiana del termine, oltre a quella che sarebbe diventata inoperante per la letteratura moderna, sarebbe in fondo inapplicabile anche ai grandi classici del diciannovesimo secolo (Balzac e Dickens, per esempio), testimonia di un evidente partito preso. Adorno vuole demistificare l’immagine proposta da Lukács dei grandi realisti del passato, dimostrando (e la sua argomentazione è lungi dall’essere priva di interesse) quanto poco la loro creazione fosse sottomessa alla legge del rispecchiamento mimetico. Balzac non gli sembra, in questo senso, del tutto cosi lontano dai grandi romanzieri del ventesimo secolo (Joyce, Kafka, Musil), quelli che egli chiama ironicamente «le vittime avanguardistiche della giustizia di classe lukacsiana» (Conciliazione sforzata, in Note per la letteratura, op. cit., p. 252).

In un passo molto interessante del testo su Balzac, Lettura di Balzac, Adorno propone una interpretazione molto personale dell’interpretazione formulata da Engels, nella lettera assai nota a Margaret Harnkess, che preferiva Balzac a «tutti i Zola passati, presenti e futuri». Certo, Adorno non si nasconde che Engels fa in questa lettera l’elogio del realismo di Balzac, ma egli ci tiene a precisare che, settant’anni dopo l’affermazione di Engels, l’opera di Balzac appare meno realista di quanto non lo fosse agli occhi dei fondatori del marxismo. Questi erano posti a confronto con l’ondata ascendente di un romanticismo fiorente da bottega; ciò sarebbe sufficiente per togliere all’affermazione di Engels la cauzione che i sostenitori dell’estetica marxista ufficiale vi vogliono trovare per sostenere la loro posizione. Adorno non esita ad interpretare l’elogio di Balzac fatto da Engels a danno di Zola come la testimonianza, in fondo, di una preferenza per gli aspetti «meno realistici» di un’opera che si distingueva nettamente dalla fedeltà pragmatica al reale, su una base di argomenti scientisti, come si caratterizzerebbe l’opera di Zola. È qui che Adorno fa un parallelo rivelatore tra la storia della letteratura realista e ciò che gli sembra essere un fenomeno analogo nella storia della filosofia: identificando più o meno il realismo al naturalismo e stabilendo una stretta connessione tra naturalismo e positivismo, caratterizzati entrambi da una rappresentazione limitata del reale, ridotta all’«esposizione protocollare dei fatti», Adorno riscontra che le recriminazioni degli scrittori naturalisti nei riguardi dei loro predecessori, accusati di essere insufficientemente realisti (Zola versus Balzac), somigliavano perfettamente alle accuse di «metafisica» lanciate dai positivisti ai loro antenati, i veri filosofi.

En passant, Adorno stesso menziona che l’idea di una convergenza tra il senso profondo dell’opera (il senso «metafisico») e lo spirito oggettivo dell’epoca, al di là delle intenzioni discorsive dello scrittore, si trova anche nelle considerazioni di Lukács sul realismo di Balzac. Ma egli rifiuta di seguire Lukács nella assolutizzazione del concetto di realismo: l’idea di «senso» metafisico dell’opera gli sembra incompatibile con la canonizzazione del realismo, nel senso lukacsiano del termine (Lettura di Balzac in Note per la letteratura, op. cit., p. 145).

Adorno e Lukács erano invece d’accordo nell’affermare la «trascendenza» dell’opera d’arte in rapporto alla praxis immediata e alle contingenze politiche. Focalizzare l’attenzione sulla dinamica interna dell’opera, decifrando nella concatenazione dei temi e nel campo delle tensioni l’iscrizione del contenuto di «umanità» – è un motivo comune ai loro pensieri estetici. Assillati da propositi pieni di acrimonia sostenuti spesso da ciascuno dei due pensatori nei riguardi dell’altro, i commentatori hanno agevolmente ignorato le somiglianze evidenti tra certe tesi importanti delle due Estetiche: nessuno, secondo le nostre conoscenze, ha pensato di rilevarle con uno studio comparativo. Non bisogna dimenticare, per non citarne che un solo esempio, la loro comune diffidenza verso l’estetica delle Lehrstücke (Opere didattiche) brechtiane: un impegno politico troppo diretto e ostentato delle opere d’arte sembrava loro, ad entrambi, contrario alla specificità dell’attività estetica (Adorno formulò le sue riserve rispetto alle Lehrstücke di Brecht in una lettera inviata a Ernst Krenek il 26 maggio 1935; più tardi sviluppò i suoi argomenti sconfessando non solo certi lavori teatrali di Brecht ma anche il teatro impegnato di Sartre, nel testo Impegno riprodotto in Note per la letteratura; Lukács, da parte sua, prese le distanze dall’estetica brechtiana nel secondo volume della sua Estetica.

L’ombra della grande estetica hegeliana appare spesso sullo sfondo delle considerazioni formulate dall’uno o dall’altro. Quando si tratta di formulare la severa critica dello stile di Toscanini nell’interpretazione delle grandi opere del passato (soprattutto le sinfonie di Beethoven), rimproverandogli un «perfezionismo» tecnico, cieco a certe sfumature, infinitesimali ma decisive che conferiscono all’opera profondità e «infinità intensiva» (per usare questa volta una espressione cara a Lukács), Adorno fa appello alla nozione di «senso», trascendente «l’éclat sensuel», mutuata dalla famosa definizione hegeliana del bello come «apparizione sensibile dell’Idea» (cfr. Die Meistersschaft des Maestro, in Klangfiguren, Musikalische Schriften 1, Gesammelte Schriften, Band 16, p. 66; Il fido maestro sostituto, trad. it., Torino, Einaudi, 1982, p. 38). I riferimenti all’estetica hegeliana abbondano anche nella Filosofia della musica moderna. Quanto a Lukács, egli ha sempre riconosciuto in Hegel il punto più alto dell’estetica del passato.

Segnalare i punti di convergenza, spiegabili con una eredità filosofica comune1 (senza più insistere sull’influenza duratura esercitata sul pensiero di Adorno dalla Teoria del romanzo e dalla Storia e coscienza di classe),non significa nascondere la divergenza, perfino l’opposizione, degli orizzonti ermeneutici di questi due critici. Adorno ha cercato di far valere il daltonismo estetico di Lukács rispetto all’arte moderna, mettendo in evidenza certe insufficienze fondamentali della sua filosofia dell’arte; ma, la concezione estetica di Lukács, l’abbiamo già visto, non si lascia così facilmente semplificare, essa si rivela più differenziata e più complessa (dunque più resistente) dell’immagine costruita da Adorno. La polemica intorno all’opera di Bartók può essere a tal fine rivelatrice. È fuor di dubbio che, sul piano della competenza tecnica, Adorno fosse infinitamente più preparato per l’analisi del discorso musicale. Tuttavia, Lukács non ha esitato ad opporre, nell’Estetica, un rifiuto (molto) categorico al verdetto di Adorno su Bartók. Nel suo studio intitolato Invecchiamento della musica moderna, riprodotto nel libro Dissonanze (Milano, Feltrinelli, 1959), Adorno metteva vigorosamente in questione una dichiarazione di fedeltà riguardo al principio della tonalità, fatta da Bartók, in nome del suo profondo radicamento in certe tradizioni del folclore: con un ragionamento un po’ sbrigativo Adorno si stupiva che un antifascista così convinto come Bartók, la cui condotta su questo piano gli sembrava esente da qualsiasi sospetto, abbia potuto parlare in nome di un simile populismo (Adorno usa il termine «völkisch», con tutte le connotazioni negative che la parola ha assunto nel vocabolario della destra), tanto la connessione tra fascismo e populismo (id est folklorisme) gli sembrava evidente.

Non era difficile a Lukács contestare la sinonimia astratta (folclorismo-populismo-fascismo) evidenziata da Adorno contro Bartók, mostrando il senso completamente differente dell’attaccamento al folclore del suo compatriota. Ma la posta in gioco del dibattito supera di gran lunga la polemica limitata a questo punto. Bela Bartók apparteneva alla generazione dei grandi innovatori della musica moderna e, nelle prime pagine della Filosofia della musica moderna, Adorno gli accordava un posto di rilievo tra Schönberg e Stravinsky (si avvaleva in questo senso di uno studio di René Leibowitz pubblicato in «Les Temps Modernes»), collocandolo al di sopra di Stravinsky. Tuttavia, nel suo saggio Invecchiamento della musica moderna, Adorno prendeva Bartók come bersaglio, partendo dalla dichiarazione summenzionata, per denunciare una tendenza più generale che egli giudicava reprensibile: Bartók si è rivelato un compagno infedele della vera avanguardia, numerose sue composizioni sono più retrograde se rapportate alle posizioni conquistate dalla scuola di Vienna (è solo un continuatore di Brahms in molte sue composizioni). Trascinato dalla sua verve dimostrativa, Adorno lo rimprovera di avere sostituito le sonorità minacciose, eruttive ed estreme (ungeheuer) delle composizioni di avanguardia con opere «addomesticate», una musica che somigliava ad un incendio di puszta con la csardas, scegliendo infine come patrono il Liszt del Mazeppa (Invecchiamento della musica moderna, in Dissonanze, op. cit., pp. 161-162). Lukács difende Bartók contro Adorno, avvalendosi di un esempio preciso, quello di un’opera che amava più di ogni altra: la «Cantata profana» (composta da Bartók nel 1930, su un testo mutuato da canti popolari romeni). Rifiuta il carattere «astratto» del rimprovero di folklorismo rivolto da Adorno a Bartók e si pone nello spazio interno dell’opera, cogliendo nelle qualità specificamente musicali della «Cantata profana» (il carattere straziante del canto dei figli trasformati in cervi nel rispondere al richiamo del padre) l’espressione «paradossale-tragica» della «disperazione», la voce umana della resistenza nei confronti della negatività sociale, che in quell’epoca assumeva l’aspetto del fascismo nascente e trionfante (cfr. Lukács, Estetica, trad. it., Torino, Einaudi, 1973, vol. 2, pp. 631-632).

L’interesse di questa presa di posizione consiste nel mostrare con evidenza che il discorso correntemente sostenuto sull’insensibilità di Lukács nei riguardi dell’arte moderna deve essere seriamente sfumato, se non addirittura rivisto (pensiamo, per esempio, alle opinioni reiterate di Fritz Raddatz, dopo il suo saggio su Lukács e Adorno Der hölzerne Eisenring…, pubblicato in «Merkur» e ripreso nel libro Revolte und Melancholie, fino ai suoi articoli più recenti, quali quello sulla corrispondenza del giovane Lukács, in cui avanza, impavido, gli stessi clichés).

L’estetica lukacsiana è lungi dall’essere priva di strumenti concettuali inerenti alla comprensione dell’arte del ventesimo secolo come credono i suoi avversari (Adorno in testa). Contrariamente a numerosi pregiudizi ben radicati, conviene ristabilire anche la verità per quel che concerne il suo atteggiamento rispetto all’opera di Franz Kafka (oggetto importante delle recriminazioni di Adorno verso Lukács): molti testi pubblicati da Lukács, a cominciare dall’Estetica, rivelano la profonda ammirazione che egli riserva all’autore del Processo.

In riferimento ai giudizi critici espressi nel 1958 nel libro di Lukács Il significato attuale del realismo critico, Adorno ha creduto di vedere nel cambiamento di atteggiamento nei riguardi di Kafka un test sulla fragilità della concezione estetica lukacsiana. In una lettera dell’8 dicembre 1967 diretta all’editore delle opere di Lukács, Frank Benseler, in cui egli cominciava col protestare nel vedere il suo nome mescolato da Benseler tra i critici «borghesi» di Lukács (e, per colmo di orrendi versi a fianco di Fadeev, per il quale d’altronde Lukács fu anche, per molto tempo una bestia nera!)2, Adorno parlava di una informazione «credibile» secondo cui Lukács avrebbe dichiarato, durante la sua prigionia rumena (fu deportato nel novembre del 1956 con Imre Nagy e gli altri dirigenti della rivoluzione ungherese in Romania), di aver compreso che Kafka era uno scrittore realista. Adorno scriveva a Benseler «… Lukács, come sembra, ha rivisto la sua posizione nei riguardi di Kafka, allora il suo verdetto su Beckett non può neanche essere mantenuto; è vero che dovrebbe allora criticare il preteso realismo socialista molto più risolutamente di quanto gli sia possibile fare … Io credo d’altronde che un vecchio amico di Lukács come Bloch è d’accordo anch’egli con me su questo punto». Alla fine della sua lettera, Adorno faceva un complimento a Lukács, cercando di mostrarsi più morbido nei riguardi del suo avversario di quanto non lo fosse stato nel suo vecchio articolo Conciliazione sforzata: «Va da sé che il mio rispetto davanti al coraggio con cui Lukács ha preso le sue distanze nei riguardi degli studiosi di estetica più limitati del Diamat non è scalfito da questa controversia» (abbiamo consultato la lettera di Adorno a Benseler negli Archives-Lukács di Budapest, perché Frank Benseler ne aveva inviato una copia a Lukács).

Ci sembra evidente che Adorno ignorasse i diversi passi degli scritti di Lukács in cui questi forniva, in maniera succinta, le ragioni estetiche ed etiche del suo giudizio più sfumato sull’opera di Kafka in rapporto al testo del capitolo «Franz Kafka oder Thomas Mann?» del suo libro sul realismo critico. In una lettera ad un critico brasiliano, Carlos Nelson Coutinho, datata 26 febbraio 1968, Lukács deplorava del resto il carattere insufficiente di certi ragionamenti formulati nel suo vecchio libro, spiacendosi di aver redatto troppo in fretta il testo consegnato alle stampe. Noi pensiamo soprattutto al parallelo illuminante tra le opere di Swift e di Kafka, formulato per la prima volta nella prefazione del 1964 al sesto volume delle sue opere pubblicate presso Luchterhand: i due scrittori avrebbero costruito un’immagine fantastica e profetica delle tendenze negative del loro tempo, le parabole di Kafka che rappresentano la contro-umanità del mondo dell’ultima parte del regno di Franz Joseph, lasciando trasparire attraverso una negatività onnipresente la rivolta contro l’aberrazione. Le esortazioni di Adorno affinché Lukács modificasse anche il suo giudizio su Beckett sono rimaste senza seguito. La distanza tra le due posizioni si rivelava su questo punto irriducibile. Lukács non poteva rassegnarsi all’estinzione di una vox humana nell’evocazione di un mondo rovesciato: l’immersione compiacente nella decomposizione, di cui accusava Beckett, suscitava la sua ostilità profonda. È in nome della presenza di un tale fluido di umanità nelle profondità dell’opera di Kafka che egli opponeva in una pagina della sua Estetica il Processo di quest’ultimo al Molloy di Beckett.

Adorno, da parte sua, reagiva vivacemente quando la sua difesa di una «logica della decomposizione» («Logik des Zerfalls»), conseguenza inevitabile sul piano estetico di un’arte eminentemente negativa, era interpretata come un atto di compiacenza, se non di capitolazione, davanti alla negatività dominante. Era il senso del rimprovero che gli rivolgeva Lukács, nella prefazione alla Teoria del romanzo, cioè di abitare in un «Grand Hotel Abgrund», un grand hotel di fronte a un abisso, da dove assaporava un conforto raffinato contemplando lo spettacolo del precipizio, dell’assurdo e del non-senso. Quando Rolf Hochhuth, ammiratore delle posizioni di Lukács, invia a questi una lettera che deve servire da prefazione ad un articolo di omaggio per il suo ottantesimo compleanno, in cui prende di mira la tesi adorniana sulla «dimissione del soggetto» (Abdankung des Subjetks), dimissione raffigurata da certe opere di avanguardia, Adorno gli risponde con una Lettera aperta a Rolf Hichhuth (pubblicata nel 1967 in FAZ e riprodotta in Note per la letteratura, 1961-1968, Torino, Einaudi, 1979, pp. 265-272): egli cerca di persuadere il suo interlocutore che il teatro dell’assurdo, in particolare, e l’arte negativa, in generale, hanno una funzione critica molto più convincente e più profonda, contrariamente alla negatività sociale, dell’arte «umanista», di cui Adorno deplora la Weltfreundlichkeit (la benevolenza nei riguardi del mondo) come forma di compiacenza estremamente insidiosa.

La controversia estetica tra Adorno e Lukács sottintendeva opzioni politiche divergenti. Nonostante una forte matrice comune del loro pensiero, le divergenze che apparivano nei loro giudizi estetici erano legate, mediante molteplici mediazioni, a convinzioni politiche e finanche filosofiche molto diverse. La poca stima con la quale Adorno considerava non solo le opere di Gorki (in una pagina della Teoria estetica, gli opponeva Strindberg, come autocoscienza dell’individualismo borghese in dissoluzione), ma anche gli ultimi lavori teatrali di Brecht, contrastava con il giudizio di Lukács che apprezzava molto l’uno e l’altro. Questa opposizione è solo un esempio tra gli altri dei loro approcci estetici divergenti, avallati dalla divergenza della loro presa di posizione politica.

I sarcasmi di Adorno nei riguardi di concetti quali il «realismo critico» e, soprattutto, il «realismo socialista» sono abbastanza conosciuti, mentre Lukács non esitava a difendere quest’ultimo concetto, sia nell’Estetica che nel piccolo libro molto elogiativo su Solzenicyn (distinguendolo dunque con cura dall’accezione funesta che gli è stata data dall’estetica ufficiale del Diamat): le connotazioni politiche di queste prese di posizione appaiono evidenti.

Un episodio rimasto poco conosciuto ci servirà ad illustrare in maniera eloquente questa situazione. Nel 1949, di ritorno in Germania, dopo l’esilio americano, candidato ad una cattedra di filosofia all’Università di Francoforte, Adorno apporende che la rivista «Merkur» si prepara a pubblicare un articolo di Max Bense sulle posizioni filosofiche difese da lui e Horkheimer nella Dialettica della ragione .Adorno prega il redattore-capo della rivista, Hans Paeschke, di fargli pervenire le bozze e constata che Bense associa l’orientamento del loro pensiero (il suo e quello di Horkheimer) a quello di Lukács e di Bloch. Avverte subito il suo amico Horkheimer, che si trovava ancora negli Stati Uniti, e il loro scambio di lettere mostra fino a qual punto i due fossero preoccupati, in quel momento, di essere associati a pensatori ritenuti rappresentare davanti all’opinione pubblica il «campo socialista». In più Adorno prepara per «Merkur» una messa a punto, destinata a formulare con estremo vigore l’opposizione radicale che li separava, lui e Horkheimer, dalla politica dei «Turkistaner» (è sotto questo nome di codice che tutti e due designavano nelle loro lettere i sovietici e i loro alleati). Egli scrive anche a Bense per chiedergli insistentemente di segnalare, almeno, nel suo articolo, questa opposizione, al fine di evitare ogni identificazione con i «doctores» Lukács e Bloch. L’allarme di Adorno è sicuramente spiegabile con la congiuntura politica in Germania in quel periodo (non bisogna dimenticare che lui e Horkheimer volevano allora reintegrare l’Istituto di sociologia a Francoforte e che egli stesso era candidato ad un posto di professore all’Università): fin da allora prendere fermamente le distanze riguardo alla sinistra comunista appariva loro dunque indispensabile per non mettere in pericolo i loro disegni. Ciò che è più interessante, per il nostro caso, è un passo della lettera indirizzata da Adorno a Hans Paeschke, il 12 dicembre 1949, in cui menziona che Horkheimer e lui stesso stanno preparando il secondo volume della Dialettica dell’Illuminismo, che doveva contenere un «confronto critico con Lukács». Il passo deve essere citato interamente (si rapporta al desiderio espresso da Adorno di impedire la pubblicazione, tale e quale, dell’articolo di Max Bense, e forse al desiderio espresso da Paeschke di accettare eventualmente un articolo di Adorno su Lukács): «Credo mio dovere fare appello alla sua comprensione, che lo studio (di Max Bense, N.T.) ci associa confusamente con certi teorici con i quali noi ci troviamo nella più aspra opposizione: per il secondo volume della Dialettica noi lavoriamo ad una discussione critica con Lukács (an einer kritischer Auseinnandersetzung mit Lukács), e con il mio amico di un tempo Ernst Bloch sono inimicato, per ragioni obiettive (aus sachliche Motiven), da diversi anni». Le nostre ricerche non ci hanno permesso di stabilire se il progetto di un secondo volume della Dialettica della ragione sia stato effettivamente messo in cantiere (con una analisi critica degli scritti di Lukács)3, o se si trattasse di una semplice formula di circostanza, destinata ad un fine ad hoc .Resta il fatto incontestabile che la presa di distanza molto netta nei riguardi di Lukács, come del resto nei riguardi di Bloch, aveva nel contesto per Adorno un senso politico preciso: rimarcare la propria opposizione vigorosa come quella di Horkheimer, ad ogni impegno a fianco della sinistra comunista. «Merkur» pubblicò finalmente l’articolo di Max Bense nel numero di marzo del 1950, ma Horkheimer e Adorno rinunceranno a pubblicare la loro messa a punto, redatta da Adorno: rileggendola oggi, non si può non essere colpiti dalla lucidità di Adorno per quel che concerne alcune tendenze repressive della politica sovietica.

La cronaca dei rapporti Adorno-Lukács comporta un ultimo sussulto, piuttosto inatteso, se prendiamo in considerazione una testimonianza contenuta in una lettera indirizzata il 19 novembre 1968 a Lukács da Franz Benseler. Quest’ultimo parlava di una lunga conversazione che aveva avuto con Adorno: si assiste ad un voltafaccia abbastanza spettacolare della posizione di Adorno rispetto a Lukács (ma le circostanze del tutto personali di questa nuova presa di posizione le conferiscono, a nostro avviso, un interesse piuttosto aneddotico). Adorno aveva fatto sapere a Benseler la sua viva irritazione per un brano, fortemente critico nei suoi riguardi, del libro di Bloch Ateismo e Cristianesimo recentemente apparso (Bloch parlava della «disperazione reificata» presente nel pensiero di Adorno; per un’analisi delle divergenze Bloch-Adorno su questo punto si veda il libro di Marc Jiménez, Vers une esthétique negative, pp. 191 ss.): è in questa occasione, scrive Benseler a Lukács, che Adorno gli aveva parlato del suo (nuovo) disaccordo con Bloch e gli aveva detto chiaramente che avrebbe preferito intendersi con Lukács («er möchte sich mit Ihnen gern verständigen») perché giudicava la posizione di Lukács molto più solida (dauerhafer) di quella di Bloch, in ogni caso «inattaccabile sul piano morale». Nella sua risposta, contenuta in una lettera datata 28 novembre 1968, Lukács scrive a Benseler che trova del tutto divertente «die Sache Adorno», tuttavia si mostra «estremamente scettico» rispetto all’accostamento di Adorno al suo pensiero. Reitera la sua antica persuasione che Adorno svolge «un ruolo schopenhaueriano» nella vita intellettuale (ricordando che considera la dialettica negativa come un Gran Hotel «Abgrund»; tuttavia, si può dubitare che in quel momento egli avesse letto effettivamente la Dialettica negativa): egli sottolinea, al contrario, che malgrado tutto ciò che lo separa filosoficamente da Bloch, ha sempre stimato in massimo grado la sincerità del suo impegno a sinistra. Nondimeno, Lukács aggiunge, in conclusione, anche lui è stato tentato nel vedere nell’affermazione di Adorno quanto all’accostamento col suo pensiero «un sintomo del tempo»: alla fine del 1968, Lukács era incline a palesare segni di cambiamento in favore della sua linea di pensiero.

Possiamo soltanto ripeterlo: la storia delle idee degli ultimi decenni considererà soprattutto i dissensi profondi fra i due studiosi di estetica e filosofia e il significato del conflitto che li vide in contrasto. Anche se possiamo essere tentati di evidenziare, perché sono stati troppo spesso dimenticati o trascurati, certi tratti comuni o certi punti di convergenza tra le due posizioni: il profondo radicamento comune nella critica marxiana della reificazione, l’assimilazione dell’eredità hegeliana, l’ostilità comune rispetto al neo-positivismo o al pensiero di Heidegger, la fedeltà a certi concetti estetici fondamentali («l’immanenza del senso», la «totalità intensiva», la migrazione dell’esteriorità storico-sociale all’interno dell’opera, la «plurivalenza» – la «Mehrdeutigkeit» o la «Vielschichtigkeit» – del senso estetico, il carattere di «verità» dell’opera d’arte, ecc.), tuttavia le divergenze prevalgono di gran lunga. La militanza estetica di Adorno, sin dagli inizi, in favore delle posizioni della «scuola di Vienna» (Schönberg, Webern, Alban Berg) ha segnato la scala di valori lungo tutta la sua vita intellettuale; per Lukács, la creazione di questi compositori sembra essere rimasta terra incognita (nell’estetica si trovano soltanto una o due menzioni sporadiche, anche se elogiative, nei riguardi di «Wozzeck» di Alban Berg). L’affinità che Adorno si è scoperta, agli inizi, per il «pensiero barocco» di Kierkegaard, in consonanza con la forte influenza esercitata su di lui in quel momento da Walter Benjamin, apparteneva in quel tempo, per Lukács, definitivamente al passato (Kierkegaard lo ha fortemente segnato nel periodo de L’Anima e le forme e della Teoria del romanzo).Al contrario, Lukács ha concentrato tutto lo sforzo della sua maturità a valorizzare i principi del realismo nell’arte del XX secolo, interessandosi vivamente a scrittori ed artisti come Thomas Mann e Roger Martin du Gard, Joseph Conrad e O’Neil, Thomas Wolfe e Styron, Brecht e Arnold Zweig, Cézanne e Bartók, per i quali l’attività critica di Adorno non sembra aver testimoniato un troppo vivo interesse analitico (eccetto le pagine critiche su Brecht).

Si può sicuramente deplorare un certo conservatorismo o tradizionalismo del gusto estetico di Lukács (abbiamo cercato di mostrare i limiti di un tale rilievo critico), che gli ha impedito di prendere in considerazione, in modo adeguato, fenomeni importanti della musica moderna, come le opere già menzionate di Anton von Webern o dell’ultimo Alban Berg (quelle che Adorno ha analizzato in maniera squisita), o l’evoluzione della poesia moderna nel suo insieme (ammiratore da giovane di Stefan George, non è più ritornato, in modo approfondito, su analisi di questo genere; in pittura, le sue preferenze si fermavano a Cézanne e a Van Gogh). Ma non ci si può esimere, tuttavia, dal rilevare l’assenza di una vera analisi dei romanzi di Thomas Mann negli scritti critici di Adorno (non si sa quel che pensava del Doktor Faustus, romanzo al quale ha dato un importante contributo grazie alle informazioni musicali fornite all’autore), come pure l’ignoranza volontaria in cui ha tenuto, in quanto critico, le opere contemporanee che uscivano dal perimetro dell’avanguardia.

La scala dei valori estetici nei due critici è dunque rimasta essenzialmente opposta. Quanto alla filosofia, Adorno non ha mai nascosto la convinzione che l’epoca delle grandi sintesi totalizzanti appartenesse ad un passato definitivamente chiuso (la Dialettica negativa ne fornisce la testimonianza). Lukács è rimasto fedele alla convinzione opposta e, scrivendo negli ultimi anni della sua vita una voluminosa Ontologia dell’essere sociale (il termine stesso di Ontologia era violentemente abborrito da Adorno), egli ha voluto offrire, implicitamente, un’ultima e sferzante smentita alle posizioni difese dai suoi avversari della Scuola di Francoforte.


1 Vedere, in questo senso, anche il nostro testo Lukács, Adorno et la philosophie classique allemande, in «Archives de philosophie», avril-mai-juin 1984.

2 Lukács stesso aveva l’abitudine di associare ai suoi avversari staliniani il nome dei rappresentanti in vista dell’avanguardia, tanto era convinto che la sua posizione risvegliasse necessariamente l’ostilità simmetrica dei due campi avversi. È così che nella prefazione al settimo volume delle sue opere, Deutsche Literatur in zwei Jahrhunderten (prefazione datata novembre 1963), egli poteva scrivere in riferimento alla resistenza che incontrava sia presso i partigiani della dottrina staliniana sia presso «il conformismo restauratore» dei rappresentanti dell’avanguardia: «Poiché è chiaro che questi scritti devono scioccare sia i partigiani di Bredel che quelli di Beckett, sia Abusch (ministro della cultura dell’epoca, N.T.) che Adorno. Questo accordo di avversari così accaniti tra di loro è per me, fin da ora, un sintomo che mi trovo sulla buona strada» (G. Lukács, Werke, Band 7, Luchterhand, 1964, P. 19)

3 Abbiamo ritrovato soltanto un resoconto del libro di Lukács sul Giovane Hegel, scritto da Adorno per scopi privati e di cui noi abbiamo parlato in appendice al nostro articolo su Lukács, Adorno et la philosophie classique allemande, cit….

Conciliazione sforzata

A proposito del Significato attuale del realismo critico di György Lukács

(1958)

di T. W. Adorno

«Tempo presente», IV, 1959, n. 3, pp. 178-92. (col titolo la Conciliazione forzata. Lukács e l’equivoco realista) poi in Note per la letteratura 1943-1961, Torino, Einaudi 1979 (da cui è tratta questa riproduzione).

L’aureola che ancora oggi circonda il nome di Lukács anche al di fuori della zona di potere sovietico egli la deve agli scritti della sua giovinezza, al volume di saggi L’anima e le forme, alla Teoria del romanzo, agli studi Storia e coscienza di classe, in cui egli per la prima volta, da materialista dialettico, applicò in linea di principio alla problematica filosofica la categoria della reificazione. Originariamente stimolato da Simmel e Kassner, e poi formatosi alla scuola della Germania sudoccidentale, Lukács contrappose presto al soggettivismo psicologico una filosofia obiettivistica della storia, che esercitò un influsso significativo. Soprattutto la Teoria del romanzo, attraverso la profondità e lo slancio della concezione così come attraverso lo spessore per quell’epoca straordinario e l’intensità dell’esposizione, ha stabilito una misura di estetica filosofica che da quell’epoca non è stata mai più smarrita. Quando, già all’inizio degli anni venti, l’obiettivismo lukacsiano, non senza conflitti iniziali, si inchinò alla dottrina comunista ufficiale, Lukács ha sconfessato quegli scritti, secondo il costume orientale; ha fatto proprie contro se stesso le obiezioni più subalterne della gerarchia di partito, abusando di motivazioni hegeliane, e per decenni, in trattati e libri, si è sforzato di equiparare la sua forza di pensiero, manifestamente indistruttibile, allo sconsolante livello dei pensamenti sovietici, i quali nel frattempo hanno degradato a semplice mezzo per scopi di dominio la filosofia che avevano in bocca. Solo a causa delle opere giovanili, nel frattempo ripudiate e disapprovate dal suo partito, ciò che Lukács durante gli ultimi trent’anni ha pubblicato, anche il ponderoso volume sul giovane Hegel, venne preso in considerazione al di qua del blocco orientale, sebbene in alcuni dei suoi lavori sul realismo tedesco dell’Ottocento, su Keller e su Raabe, si potesse rinvenire il vecchio talento. Nella Distruzione della ragione si manifestò per la verità nella maniera più crassa la distruzione della ragione personale di Lukács. In maniera estremamente adialettica il dialettico ufficializzato assegnò qui tutte le tendenze irrazionalistiche della filosofia moderna, facendo di ogni erba un fascio, alla reazione e al fascismo, senza indugiare troppo sul fatto che in queste correnti il pensiero, di fronte all’idealismo accademico, si ribellava anche proprio e appunto a quella reificazione di essere e pensiero la cui critica costituiva la causa specifica di Lukács. Nietzsche e Freud divennero per lui semplicemente dei fascisti e riuscì addirittura a parlare nel tono disdegnoso, degno di un insegnante di provincia dell’era guglielmina, delle «doti non comuni» di Nietzsche. Sotto la scorza di una critica della società che si atteggia a radicale egli ricontrabbandava il più miserevole cliché di quel conformismo che una volta era oggetto della critica sociale.

Ora il libro Il significato attuale del realismo critico, che è uscito nel 1958 in Germania occidentale presso la casa editrice Claassen1, mostra tracce di un mutato atteggiamento del settantacinquenne filosofo. Probabilmente ciò è connesso col conflitto in cui egli è piombato a causa della sua partecipazione al governo Nagy. Non soltanto si parla dei delitti dell’era staliniana, bensì in una formulazione prima impensabile si parla positivamente addirittura «di una generale presa di posizione a favore della libertà dello scrivere». Lukács scopre postumamente del buono in Brecht, suo avversario per tanti anni, e ne celebra La ballata del soldato morto, dicendo che è geniale, mentre ai reggitori di Pankow deve sembrare un orrore di bolscevismo culturale. Come Brecht, egli vorrebbe ampliare tanto il concetto di realismo socialista, con cui da decenni si è strangolato ogni impulso indomabile, tutto ciò che è risultato incomprensibile e sospetto agli apparački, così che in esso possa trovare spazio più che non la più miseranda paccottiglia. Egli osa una opposizione timida, anticipatamente paralizzata dalla coscienza della propria impotenza. La timidezza non è una tattica. La persona di Lukács sta al di sopra di ogni dubbio. Ma il tessuto concettuale cui egli ha sacrificato l’intelletto è così ristretto che qualunque cosa voglia in esso respirare più liberamente vi soffoca; il sacrifizio dell’intelletto non lascia intatto l’intelletto stesso. La manifesta nostalgia di Lukács per i suoi primi scritti assume in tal modo un tristo aspetto. Dalla Teoria del romanzo torna la «immanenza del senso nella vita», ma umiliata all’aureo detto secondo cui la vita sotto la costruzione socialista sarebbe appunto sensata – un dogma che è buono si e no per una giustificazione filosoficheggiante della rosea positività che viene imposta all’arte negli stati del socialismo popolare. Il libro offre cose semicongelate accanto al cosiddetto disgelo e a un rinnovato gelo.

Il gesto sussumente, che opera dall’alto con etichette come realismo critico e realismo socialista, Lukács, nonostante tutte le assicurazioni dinamiche che asseriscono il contrario, lo condivide, ora come prima, con i balivi della cultura. La critica hegeliana del formalismo kantiano nell’estetica è semplificata dall’affermazione che nell’arte moderna stile, forma, mezzi di esposizione sarebbero sopravvalutati smisuratamente (cfr. in particolare 80) – come se Lukács non dovesse sapere che attraverso questi momenti l’arte in quanto conoscenza si distingue dalla conoscenza scientifica; le opere d’arte che fossero indifferenti nei confronti del loro «come» sopprimerebbero il loro stesso concetto. Quello che a lui appare formalismo significa, attraverso la costruzione degli elementi sotto la legge formale di volta in volta propria, quella «immanenza del senso» che a Lukács sta a cuore, e non di infilare decretoriamente il senso dentro la creazione cosa che egli stesso ritiene impossibile e tuttavia obiettivamente propugna. Egli fraintende volontariamente i momenti costitutivi della forma della nuova arte prendendoli per accidenti, aggiunte casuali del soggetto gonfiato, invece di conoscere la loro funzione obiettiva nel contenuto estetico stesso. Quella obiettività, di cui egli sente la mancanza nell’arte moderna, e che si aspetta dal materiale e dalla sua trattazione «prospettivistica», tocca a quelle tecniche e procedimenti che egli vorrebbe cancellare, ma che dissolvono la pura materialità e proprio in tal modo la pongono in prospettiva. Egli si mostra indifferente al problema filosofico se il contenuto concreto di un’opera d’arte sia di fatto esattamente la stessa cosa del semplice «rispecchiamento della realtà obiettiva» (108), al cui idolo egli si attiene con l’ostinazione del materialismo volgare. In ogni caso il suo stesso testo disprezza tutte quelle forme di una rappresentazione responsabilmente plasmata, che egli aveva aiutato a stabilire con i suoi scritti giovanili. Non esiste barboso consigliere segreto che possa perorare in maniera più estranea all’arte a proposito dell’arte; nel tono di uno che è abituato a parlare ex cathedra e che non è lecito interrompere, che non si spaventa di esposizioni particolarmente lunghe e che manifestamente ha perso quelle possibilità di reazione che nelle sue vittime bolla di esteticismo, decadenza e formalismo, ma che sono le sole che permettono in generale un rapporto con l’arte. Mentre il concetto hegeliano di concreto in Lukács oggi come ieri è molto in auge – in particolare quando si tratta di rapportare la poesia al rispecchiamento della realtà empirica -, l’argomentazione stessa resta ampiamente astratta. Praticamente mai il testo si sottopone alla disciplina di un’opera d’arte specifica e dei suoi problemi immanenti. Invece di ciò si danno ordini. Alla pedanteria del ductus corrisponde la sciatteria nei particolari. Lukács non esita di fronte a disarmanti sentenze come la seguente: «Un discorso non è uno scritto»; ripetutamente egli applica l’espressione, che deriva dalla sfera del commercio e del primatismo, «prestazione di primato» (7); l’annullamento della differenza di possibilità astratta e possibilità concreta egli lo dice «dissolvente» e ricorda «come questa immanenza […] supera sempre più decisamente a partire press’a poco da Giotto, l’allegorismo dei periodi iniziali» (96). Noi, che secondo il linguaggio lukacsiano siamo decadenti, possiamo sì malamente sopravvalutare forma e stile, ma ciò finora ci ha salvaguardato tanto da espressioni come «a partire da Giotto» quanto dal lodare Kafka perché «era un osservatore straordinario» (99). Gli avanguardisti solo di rado hanno probabilmente detto qualcosa «delle innumerevoli emozioni che costituiscono insieme la struttura della vita interiore dell’uomo» (126). Di fronte a tali record, che si inseguono come alle olimpiadi, si potrebbe chiedere se uno che scrive in questo modo, ignaro del mestiere della letteratura che strapazza a piacimento, abbia in generale il diritto di mettersi a discutere seriamente di questioni letterarie. Ma nella pedanteria da maestro di scuola e nell’irresponsabilità che si mescolano in Lukács, il quale una volta sapeva scrivere bene, si sente il metodo del «giustappunto», la volontà piena di rancore che lo spinge allo scrivere male, e cui egli affida la forza magica del sacrificio, la quale dimostra polemicamente che chi vede le cose in altro modo e si sottopone allo sforzo della ricerca è un buono a nulla. L’indifferenza stilistica è quasi sempre un sintomo di raggelamento dogmatico del contenuto. La sforzata mancanza di vanità di un’esposizione che si ritiene obiettiva nella misura in cui trascura la autoriflessione, occulta unicamente il fatto che l’obiettività è staccata dal processo dialettico col soggetto. Alla dialettica si dice di sì con le labbra ma per un tale pensiero il suo esito è stato deciso in anticipo. Il pensiero diventa adialettico.

Il nocciolo della teoria resta dogmatico. Tutta quanta la letteratura moderna, nella misura in cui non si adatta alla formula di un realismo sia critico sia socialista, è rifiutata e viene caricata senza esitare dell’odiosità della decadenza, una parolaccia che copre, e non soltanto in Russia, tutti gli orrori della persecuzione e dell’eliminazione. L’uso di quell’espressione conservatrice è incompatibile con la dottrina la cui autorità Lukács, così come i suoi superiori, attraverso quell’espressione stessa vorrebbe equiparare alla comunità popolare. Il parlare di decadenza non è scioglibile dalla controimmagine positiva di una natura che sprizza forza da tutti i pori; le categorie naturali vengono proiettate sul socialmente mediato. Proprio contro di ciò va tuttavia il tenore della critica di Marx e Engels all’ideologia. Perfino reminiscenze del Feuerbach della sana sensualità difficilmente avrebbero permesso che nei loro testi entrasse quel termine socialdarwinistico. Ancora nell’abbozzo dei Lineamenti della critica dell’economia politica del 1857-58, dunque nella fase del Capitale, si legge2: «Per quanto l’insieme di questo movimento appaia come un processo sociale, e per quanto i singoli momenti di questo moto abbiano origine nella volontà cosciente e nei fini particolari degli individui, la totalità del processo appare come una connessione oggettiva che sorge spontaneamente; essa risulta effettivamente dall’azione reciproca degli individui coscienti, ma non risiede nella loro coscienza, né viene sussunta sotto di essi come totalità. Il loro scontrarsi gli uni con gli altri crea una potenza sociale estranea che li sovrasta; crea la loro interazione come processo e potenza indipendente da essi. La circolazione, essendo una totalità del processo sociale, è anche la prima forma in cui non solo il rapporto sociale – ciò avviene anche per il pezzo di moneta e per il valore di scambio -, ma anche la totalità del movimento sociale stesso appare come un’entità indipendente dagli individui. La relazione sociale degli individui tra loro come potenza divenuta autonoma che li sovrasta – che la si immagini come forza della natura, come caso o in qualsiasi altra forma – è il risultato necessario del fatto che il punto di partenza non è l’individuo sociale libero». Tale critica non si arresta davanti alla sfera in cui l’apparenza della naturalezza del sociale, carica di affettività, si afferma nella maniera più tenace e in cui è di casa ogni indignazione sulla degenerazione: la sfera dei sessi. Marx, un po’ prima, ha recensito la Religione della nuova era di G. F. Daumer di cui pizzica un passo: «Natura e donna sono il veramente divino a differenza dell’homo e dell’uomo… La dedizione dell’humanum alla naturalezza, dell’uomo al femminino è la autentica, unica vera umiltà e autoalienazione, la suprema, anzi unica virtù». Marx commenta: «Vediamo qui come la piatta ignoranza dello speculante fondatore di religioni si trasformi in ben pronunciata vigliaccheria, il signor Daumer fugge dalla tragedia storica, che lo incalza minacciosamente, per rifugiarsi in una pretesa natura, cioè nello stupido idillio contadino, e predica il culto della donna per celare la sua femminile rassegnazione»3. Lì dove si tuona contro la decadenza, quella fuga si ripete. Lukács vi viene costretto da una situazione in cui l’ingiustizia sociale seguita a esistere mentre ufficialmente si dice che è stata eliminata. La responsabilità viene rimossa dalla situazione causata dagli uomini e fatta rientrare all’interno della natura o in una degenerazione escogitata in senso contrario al modello naturale. Lukács ha bensì tentato di far sparire la contraddizione fra teoria marxiana e marxismo approvato retrovertendo spasmodicamente in concetti sociali quelli di arte sana e arte malata: «I rapporti fra gli uomini sono storicamente mutevoli e corrispondentemente mutano anche le valutazioni spirituali ed emozionali di questi rapporti. Questa conoscenza tuttavia non contiene alcun relativismo. In un tempo determinato un rapporto umano determinato significa progresso, un altro significa reazione. Così noi possiamo trovare il concetto del socialmente sano proprio e contemporaneamente come base di tutta l’arte realmente grande poiché questo elemento sano diventa componente della coscienza storica dell’umanità»4. La debolezza di questo tentativo è manifesta: già che si tratta di situazioni storiche, parole come sano e malato andrebbero del tutto evitate. Con la dimensione progresso-reazione esse non hanno niente a che fare e vengono rimorchiate unicamente a causa del loro appello demagogico. Per di più la dicotomia di sano e malato è altrettanto adialettica quanto quella di borghesia in ascesa e in decadenza, che prende a prestito le sue norme stesse da una coscienza borghese che non ha tenuto il passo col proprio sviluppo. — Io disdegno di insistere sul fatto che Lukács sotto i concetti di decadenza e avanguardismo — le due cose per lui sono la stessa – mette insieme cose estremamente eterogenee, non dunque soltanto Proust, Kafka, Joyce, Beckett, ma anche Benn, Jünger, magari Heidegger; e come teoretici Benjamin e me stesso. La precisazione, oggi di moda, che una cosa attaccata non è propriamente una ma si distingue in singolarità divergenti, è fin troppo accessibile per indebolire il concetto e per sottrarsi all’argomento dell’intervento col gesto del «questo non sono io». Dunque, correndo il rischio di semplificare io stesso per resistere alla semplificazione, mi attengo al nerbo dell’argomentazione lukacsiana e all’interno di questo non differenzio ciò che egli rigetta molto più di quanto non faccia egli stesso, tranne dove operi deformazioni grossolane.

Il suo tentativo di dare una coscienza filosoficamente buona al verdetto sovietico sulla letteratura moderna, cioè su quella che colpisce con choc la coscienza normale ingenuo-realistica, dispone di un esile strumentario, complessivamente di origine hegeliana. Per il suo attacco alla poesia avanguardistica in quanto deviazione dalla realtà egli all’inizio scomoda la distinzione di possibilità «astratta» e possibilità «reale»: «La comunione, differenza e opposizione di queste due categorie è anzitutto un fatto della vita stessa. La possibilità – vista astrattamente, e cioè soggettivamente – è sempre più ricca della realtà; infinite possibilità sembrano a disposizione del soggetto umano, di cui solo una percentuale infinitamente piccola può essere effettivamente realizzata. E il soggettivismo moderno, che crede di vedere in questa ricchezza apparente la vera pienezza dell’anima umana, prova nei suoi confronti una malinconia mista ad ammirazione e simpatia, mentre la realtà, che rifiuta la realizzazione di questa possibilità, è considerata con un disprezzo altrettanto malinconico» (82). Nonostante la percentuale non si può scivolare su questa obiezione. Brecht per esempio ha tentato, con abbreviazione infantilistica, di cristallizzare per così dire le forme originali e primarie del fascismo come banditismo, abbozzando l’arrestabile dittatore Arturo Ui come esponente di un immaginario e apocrifo trust del cavolfiore, non di gruppi economicamente ben più potenti; e il mezzo artistico irrealistico non si risolse propriamente a vantaggio del risultato. In quanto impresa di una banda di assassini in certo senso socialmente extraterritoriali e perciò «arrestabili» a volontà, il fascismo perde il suo orrore, quello della grande dimensione sociale. In tal modo la caricatura diventa priva di forza, e sciocca a giudicarla secondo i suoi stessi criteri: l’ascesa politica del ladro di polli perde plausibilità nella commedia stessa. La satira che non possiede adeguatamente il suo oggetto resta insipida anche come satira. Ma l’esigenza di fedeltà prammatica può riferirsi soltanto all’esperienza della realtà e ai membra disjecta dei motivi contenutistici di cui lo scrittore intesse la sua costruzione; nel caso di Brecht, dunque, alla conoscenza del nesso effettivo di economia e politica e alla plausibilità dei dati sociali di partenza; ma non a ciò che diventano nel testo finale. Proust, nel quale l’osservazione «realistica» più precisa si allea così intimamente con la legge formale estetica, offre l’esempio più incisivo di unità di fedeltà pragmatica e – secondo le categorie lukacsiane – modo di procedere irrealistico. Se si trascura qualcosa dell’intimità di quella fusione, se la «possibilità concreta» viene interpretata nel senso di un irriflesso realismo della concezione complessiva, che persiste in rigida osservazione esterna di fronte all’oggetto, e il momento antitetico al materiale viene tollerato soltanto nella «prospettiva», dunque in un lasciar baluginare il senso, senza che questa prospettiva penetri essa stessa fin nei centri dell’esposizione, fin nei realia, ne risulta che della distinzione hegeliana si abusa a favore di un tradizionalismo la cui arretratezza estetica è index della sua falsità storica.

Tuttavia Lukács solleva a livello centrale l’accusa di ontologismo, che amerebbe moltissimo inchiodare tutta quanta la letteratura avanguardistica sugli esistenziali dello arcaizzante Heidegger. Per la verità anche Lukács corre dietro alla moda, secondo la quale il problema sarebbe di chiedere: «che cos’è l’uomo?» (80), senza lasciarsi spaventare dalle tracce che essa lascia. Ma egli la modifica almeno con la notissima definizione aristotelica dell’uomo come essere sociale. Da essa egli fa discendere l’asserzione, difficilmente oppugnabile, per cui «la qualità puramente umana, profondamente individuale e tipica» delle figure della grande letteratura, «la loro evidenza artistica» sarebbe «inseparabilmente connessa al loro concreto radicamento nei rapporti concretamente storici, umani, sociali della loro esistenza» (81). Tuttavia così egli prosegue: «In modo completamente opposto va determinata l’intenzione ontologica, l’essenza umana dei personaggi nei principali scrittori della letteratura d’avanguardia. Per essa, in breve, esiste l’uomo: l’individuo eternamente, essenzialmente solitario, svincolato da tutti i rapporti umani e a maggior ragione da tutti i rapporti sociali, che esiste – ontologicamente – al di fuori di essi» (81). Tutto ciò cerca sostegno in un’asserzione di Thomas Wolfe, abbastanza stupidella e comunque non decisiva per il prodotto letterario configurato, sulla solitudine dell’uomo quale dato di fatto inevitabile della sua esistenza. Ma proprio Lukács, che ha la pretesa di pensare in maniera radicalmente storica, avrebbe dovuto vedere che quella solitudine stessa nella società individualistica è socialmente mediata e di contenuto essenzialmente storico. Baudelaire, al quale risalgono in definitiva tutte le categorie tipo decadenza, formalismo, esteticismo, non aveva il problema di nature umane invarianti e della solitudine o della deiezione dell’uomo, bensì della natura del moderno. L’essenza stessa di questa poesia non è un astratto in sé bensì essenza sociale. L’idea che è obiettivamente dominante nella sua opera vuole proprio ciò che è storicamente progredito, il nuovo in quanto fenomeno originale da evocare; a parlare con Benjamin è «immagine dialettica, non arcaica». Da qui i Tableaux parisiens. Substrato persino di Joyce non è, come Lukács vorrebbe attribuirgli, l’uomo sic et simpliciter atemporale bensì l’uomo supremamente storico. Nonostante tutto il folklore irlandese egli non finge una mitologia al di là del mondo da lui rappresentato, bensì cerca di evocarne la natura o l’antinatura, mitizzando in certa maniera il mondo stesso in forza del principio di stilizzazione, poco apprezzato dal Lukács di oggi. Quasi si vorrebbe giudicare la grandezza della poesia d’avanguardia a seconda che in essa i valori storici in quanto tali siano diventati essenziali o si siano appiattiti ad atemporalità. Lukács probabilmente liquiderebbe come idealistico l’uso estetico di concetti come essenza e immagine. Ma la loro posizione nel campo dell’arte è radicalmente diversa da quella in filosofie dell’essenza o delle immagini originarie, da tutto il platonismo riscaldato. La posizione lukacsiana ha indubbiamente la sua debolezza più intima nel fatto che egli non è più capace di tener ferma questa differenza; e le categorie che si riferiscono al rapporto della coscienza con la realtà le trasporta nell’arte come se vi significassero la stessa cosa. L’arte si trova nella realtà, ha la sua funzione in essa, è anche intrinsecamente molto mediata con la realtà. Ma cionondimeno, in quanto arte, per il suo stesso concetto, essa si contrappone antiteticamente a ciò che è il caso che sia. La filosofia lo ha fatto oggetto di riflessione col nome di parvenza estetica. Anche Lukács non potrà saltare sul fatto che il contenuto delle opere d’arte non è reale nel medesimo senso della società reale. Se questa distinzione fosse eliminata, qualunque sforzo di estetica perderebbe il suo sostrato. Ma l’essersi l’arte separata qualitativamente dalla realtà immediata da cui essa un giorno nacque come magia, l’avere essa carattere di parvenza, non è né il suo peccato originario ideologico né un index aggiunto dall’esterno, come se semplicemente ripetesse il mondo non senza la pretesa di essere essa stessa immediatamente reale. Una tale concezione sottrattiva sbeffeggerebbe tutta la dialettica. Piuttosto la differenza di esistenza empirica e arte riguarda l’intimo comporsi dell’arte stessa: se essa dà essenze, «immagini», questo non è un peccato idealistico; l’aver vari artisti professato filosofie idealistiche non dice nulla sul contenuto delle loro opere. Bensì l’arte stessa di fronte a ciò che semplicemente è esistente, nella misura in cui non si limiti a raddoppiarlo in senso estraneo all’arte rendendolo essenza, deve essere essenza e immagine. Solo in tal modo si costituisce l’estetico; in tal modo, e non con l’occhio alla semplice immediatezza, l’arte diventa conoscenza, cioè rende giustizia a una realtà che occulta la propria natura e sopprime ciò che essa denuncia per favorire un ordinamento puramente classificatorio. Solo nella cristallizzazione della propria legge formale, non nel passivo accoglimento degli oggetti, l’arte converge col reale. La conoscenza è in essa in tutto e per tutto esteticamente mediata. Perfino il preteso solipsismo, che stando a Lukács è una ricaduta nell’illusoria immediatezza del soggetto, in arte non significa, come invece in cattive gnoseologie, negazione dell’oggetto, bensì intende dialetticamente la conciliazione con esso. Come immagine l’oggetto viene accolto nel soggetto invece di pietrificarglisi reificatamente contro, obbedendo al comando del mondo alienato. In forza della contraddizione tra quest’oggetto conciliato nell’immagine, cioè spontaneamente accolto nel soggetto, e quello realmente inconciliato all’esterno, l’opera d’arte critica la realtà. Ne è la conoscenza negativa. Con analogia a un modo di dire filosofico oggi corrente si potrebbe parlare della «differenza estetica» dall’essere: solo grazie a questa differenza, e non negandola, l’opera d’arte diventa entrambe le cose, opera d’arte e coscienza giusta. Una teoria dell’arte che ignora ciò è rozza e ideologica al tempo stesso.

Lukács si accontenta della tesi di Schopenhauer secondo cui il principio del solipsismo «è attuabile in forma pienamente coerente solo nella filosofia più astratta e anche lì solo in maniera sofistica e arzigogolata» (82). Ma la sua argomentazione si ripercuote contro se stessa: se il solipsismo non tiene, se in questo si riproduce ciò che esso in primo luogo, per dirla con i fenomenologi, «mette tra parentesi», allora non si ha bisogno nemmeno di temerlo come principio di stilizzazione. Gli avanguardisti hanno anche obiettivamente oltrepassato nelle loro opere la posizione a essi attribuita da Lukács. Proust scompone l’unità del soggetto in virtù dell’introspezione propria del soggetto stesso: e questo in definitiva si trasforma in teatro di obiettività che si manifestano. La sua opera individualistica diventa il contrario di ciò che Lukács biasima: diventa antindividualistica. Il monologue intérieur, la mancanza di mondo della nuova arte, su cui Lukács si indigna, è entrambe le cose, verità e apparenza della soggettività lasciata libera. Verità, perché nella concezione del mondo dovunque atomistica l’estraniazione domina sugli uomini e poiché essi – come Lukács potrebbe concedere – diventano di conseguenza delle ombre. Apparenza però è il soggetto lasciato libero, poiché obiettivamente la totalità sociale è preordinata al singolo e attraverso l’estraniazione, la contraddizione sociale, viene racchiusa e si riproduce. Questa apparenza della soggettività le grandi opere avanguardistiche la spezzano dando rilievo alla caducità di ciò che è semplicemente singolo e contemporaneamente cogliendo in esso quel tutto di cui il singolo è momento e di cui tuttavia non può saper nulla. Se Lukács ritiene che in Joyce, per così dire contrariamente al programma, si percepisce come «atmosfera dell’accadere» Dublino, in Kafka e in Musil la monarchia di Asburgo, ma che tuttavia ciò resterebbe semplice prodotto secondario e accessorio, egli, per amore del suo thema probandum, rende cosa secondaria quel che è sostanziale, la pienezza epica negativamente montante. Il concetto di atmosfera è in generale estremamente inadeguato a Kafka. Esso discende da un impressionismo che Kafka supera proprio attraverso la sua tendenza obiettiva, che punta all’essenza storica. Perfino in Beckett – forse in lui soprattutto –, nel quale apparentemente vengono eliminate tutte le componenti storiche concrete e sono tollerati soltanto situazioni e modi di comportamento primitivi, la facciata astorica è il provocatorio contrario dell’essere tout court, idolatrato dalla filosofia reazionaria. Il primitivismo, con cui le sue creazioni improvvisamente cominciano, si presenta come fase finale di una regressione, fin troppo chiaramente in Fin de partie, in cui come dalla grande lontananza dell’ovvio viene presupposta una catastrofe terrestre. I suoi uomini primitivi sono gli ultimi. Tematico è in lui ciò che Horkheimer e io nella Dialettica dell’illuminismo chiamavamo la convergenza della società totalmente imprigionata dall’industria culturale con i modi di reagire degli anfibi. Il contenuto sostanziale di un’opera d’arte può consistere nella rappresentazione esatta, mutamente polemica, di una insensatezza spuntante, e andar perduto non appena esso, fosse anche indirettamente, attraverso «prospettiva», come nell’antitesi didattica di vita falsa e vita giusta in Tolstoj a partire da Anna Karenina, venga posto positivamente e ipostatizzato come esistente. L’antica idea prediletta da Lukács di una «immanenza del senso» rinvia appunto a quella dubbia pertinenza, che stando alla sua stessa teoria sarebbe da distruggere. Concezioni come quelle di Beckett tuttavia sono obiettivo-polemiche. Lukács le falsifica a «semplice rappresentazione del patologico, della perversione, dell’idiozia come forma tipica della condition humaine» (90), all’uso del censore cinematografico che ascrive a colpa della rappresentazione ciò che viene rappresentato. La confusione col culto dell’essere, e addirittura col vitalismo minore di Montherlant (90), dimostra completa cecità nei confronti del fenomeno. Essa discende dal fatto che Lukács ostinatamente si rifiuta di attribuire alla tecnica letteraria il suo diritto centrale. Invece di ciò egli si attiene solertemente al narrato. Ma unicamente attraverso «tecnica» si realizza in generale nella poesia l’intenzione del rappresentato, – quel che Lukács attribuisce al concetto di «prospettiva», esso stesso sospetto –. Sarebbe interessante sapere che cosa resterebbe della tragedia attica, che Lukács canonizza come aveva fatto Hegel, se se ne innalzasse a criterio la favola che correva per le strade. Il romanzo tradizionale, «realistico» perfino secondo lo schema lukacsiano – Flaubert – è non meno costituito dalla composizione e dallo stile. Oggi che la semplice affidabilità empirica è sprofondata a reportage di facciata, la rilevanza di quel momento è aumentata all’estremo. La costruzione può sperare di dominare immanentemente la casualità del semplice individuale, contro cui Lukács combatte. Egli non va fino in fondo nelle conseguenze che seguono dalla conoscenza che si fa strada nell’ultimo capitolo del libro: che contro la casualità non serve riferirsi decisamente a un punto di vista che si pretenda più obiettivo. A Lukács dovrebbe essere davvero familiare il pensiero del carattere chiave del dispiegamento delle forze tecniche della produzione. Certo esso era rivolto alla produzione materiale, non a quella spirituale. Ma può Lukács seriamente chiudere gli occhi di fronte al fatto che anche la tecnica artistica si sviluppa secondo una propria logica e invece convincersi che l’asserzione astratta, per cui all’interno di una società mutata varrebbero automaticamente ed en bloc altri criteri estetici, sia sufficiente a estinguere quello sviluppo delle forze tecniche della produzione e a restaurare la normatività di forze più antiche, superate secondo la logica immanente della cosa? Sotto il diktat del realismo socialista non diventa proprio lui avvocato di una dottrina delle invarianti, che si distingue soltanto per maggiore rozzezza da quella da lui fondatamente rifiutata?

E per quanto giustamente Lukács, nella tradizione della grande filosofia, concepisca l’arte come forma di conoscenza, e non la ponga a contrasto con la scienza come assoluta irrazionalità, egli qui si impiglia appunto nella semplice immediatezza di cui con miopia accusa la produzione avanguardistica: nell’immediatezza della constatazione. L’arte non conosce la realtà perché la riproduce fotograficamente o «prospetticamente», bensì perché in virtù della sua costituzione autonoma enuncia ciò che viene celato dalla configurazione empirica della realtà. Anche il gesto dell’inconoscibilità del mondo, che Lukács biasima così indefessamente in autori come Eliot o Joyce, può diventare un momento di conoscenza, quello della frattura tra il mondo delle cose, iperpotente e inassimilabile, e l’esperienza che impotente ne scivola via. Lukács semplifica l’unità dialettica di arte e scienza rendendola asettica identità, come se le opere d’arte attraverso la prospettiva anticipassero semplicemente qualcosa di ciò che poi da brave le scienze sociali riprenderanno. Tuttavia l’essenziale per cui l’opera d’arte in quanto conoscenza sui generis si distingue da quella scientifica è proprio che niente di ciò che è empirico resta immutato, che i contenuti oggettivi diventano obiettivamente sensati soltanto in quanto fusi con l’intenzione soggettiva. Se Lukács distingue il suo realismo dal naturalismo, egli tuttavia evita di dar conto del fatto che il realismo, se la distinzione è intesa sul serio, si amalgama necessariamente con quelle intenzioni obiettive che egli invece vorrebbe disinfestare dal realismo. In generale la contrapposizione, da lui innalzata inquisitoriamente a criterio, tra modi di procedere realistici e «formalistici», non è da salvare. Se si dimostra la funzione esteticamente obiettiva dei principi formali, che per Lukács sono anatema in quanto irrealistici e idealistici, viceversa i romanzi del primo Ottocento da lui molto stimati e ritenuti senz’altro paradigmatici, quelli di Dickens e di Balzac, non sono affatto così realistici. Potevano ritenerli tali Marx e Engels, in polemica contro il romanticismo da mercato che fioriva alla loro epoca. Oggi in entrambi i romanzieri si sono rivelati non soltanto elementi romantici e arcaistico-preborghesi, bensì tutta quanta La comedie humaine di Balzac si dimostra una ricostruzione fantastica della realtà alienata, cioè di una realtà che il soggetto non sperimenta proprio più5. In tale misura egli non è per niente diverso dalle vittime avanguardistiche della giustizia di classe lukacsiana; solo che Balzac, stando all’intendimento formale della sua opera, ritenne che i suoi monologhi fossero pienezza mondana mentre i grandi romanzieri del XX secolo nascondono la loro pienezza mondana nel monologo. Di conseguenza l’approccio di Lukács crolla. La sua idea della «prospettiva» decade inevitabilmente a ciò da cui nell’ultimo capitolo il suo scritto cerca così disperatamente di differenziarsi, a tendenza affibbiata ovvero, per dirla con le sue parole, ad «agitazione». La sua concezione è aporética. Egli non può sottrarsi alla coscienza che esteticamente la verità sociale vive soltanto in opere d’arte autonomamente configurate. Ma questa autonomia oggi necessariamente introduce nell’opera d’arte concreta tutto ciò che egli, sotto la signoria della dottrina comunista dominante, oggi come ieri non tollera. La speranza per cui dei mezzi arretrati, insufficienti sul piano immanentemente estetico, si legittimerebbero poiché in un altro sistema sociale avrebbero una posizione diversa, dunque avrebbero una giustificazione esterna, al di là della loro logica immanente, è pura superstizione. Non si può liquidare come epifenomeno, come fa Lukács, bensì bisogna spiegare obiettivamente il fatto che ciò che nel realismo socialista si dichiara stadio progredito della coscienza ci offre soltanto relitti frammentari e stantii di forme artistiche borghesi. Quel realismo non discende tanto, come starebbe bene ai chierici comunisti, da un mondo socialmente sano e guarito, quanto piuttosto dalla arretratezza delle forze produttive sociali e della coscienza che nelle loro province. Essi utilizzano la tesi della frattura qualitativa fra socialismo e borghesia solo per falsificare, spacciandola per qualcosa di più progredito, quella arretratezza che da molto tempo non è più lecito menzionare.

All’accusa di ontologismo Lukács accoppia quella di individualismo, di un punto di vista di solitudine irriflessa, sul modello della teoria heideggeriana della deiezione in Essere e tempo. Lukács esercita, sul procedere della creazione letteraria dal soggetto poetico nella sua casualità, quella critica (103) cui in maniera sufficientemente stringente Hegel a suo tempo sottopose la filosofia della certezza sensoriale del singolo. Ma proprio poiché questa immediatezza in sé è già mediata essa, vincolantemente configurata nell’opera d’arte, contiene i momenti di cui Lukács sente in essa la mancanza, mentre d’altra parte al soggetto poetico il procedere da ciò che a lui è più prossimo è necessario a causa della conciliazione anticipata dell’oggettualità con la coscienza. La denuncia dell’individualismo Lukács la estende fino a Dostoevskij. Le memorie del sottosuolo sono secondo Lukács «una delle prime rappresentazioni dell’individuo solitario decadente» (112). Attraverso l’accoppiamento di decadenza e solitudine però l’atomizzazione, che in linea di principio nasce dalla stessa società borghese, viene capovolta in semplice manifestazione di decadenza. Inoltre la parola «decadenza» suggerisce una degenerazione biologica di singoli individui: parodia del presumibile risalire di quella solitudine a molto prima della società borghese, poiché anche le bestie del gregge sono, per dirla con Borchardt, delle «comunità solitarie», e lo zoon politikon va instaurato. Un a priori storico di tutta l’arte moderna, che trascende se stesso soltanto lì dove essa lo riconosce senza attenuanti, appare errore evitabile o addirittura accecamento borghese. Tuttavia appena Lukács si mette a parlare della più recente letteratura russa scopre che quel mutamento di strutture che egli suppone non ha avuto luogo. Solo che non impara a rinunciare a concetti come quello di solitudine decadente. La posizione degli avanguardisti da lui accusati – in base alla sua terminologia precedente: il loro «luogo trascendentale» – è, nella lotta delle correnti, la solitudine storicamente mediata, non la solitudine ontologica. Gli ontologi di oggigiorno sono fin troppo d’accordo con vincoli che, attribuiti all’essere in quanto tale, danno a tutte le autorità eteronome possibili l’apparenza dell’eternità. E in questi essi non andrebbero tanto mal d’accordo con Lukács. Che la solitudine in quanto a priori formale sia semplice apparenza, che essa stessa sia prodotta socialmente e che essa vada oltre se stessa non appena si rifletta in quanto tale, tutto ciò va concesso a Lukács6. Ma proprio qui la dialettica estetica si rivolge contro di lui. Non sta al singolo soggetto di superare attraverso scelte e decisioni la solitudine collettivamente determinata. Lì dove Lukács fa i conti con la poesia di tendenza degli standardizzati romanzi sovietici, ciò si sente in maniera abbastanza udibile. Nel complesso nel leggere questo libro, soprattutto le appassionate pagine su Kafka (per esempio 100 sgg.), non si riesce a liberarsi dall’impressione che egli reagisce alla letteratura da lui biasimata come decadente alla maniera in cui il leggendario cavallo di carrozza reagisce quando ascolta musica militare prima di seguitare a tirare il carretto. Per sottrarsi alla sua forza di attrazione egli si aggrega al coro di controllo, che a partire da Kierkegaard, da lui stesso messo fra gli avanguardisti, se non a partire dalla indignazione su Friedrich von Schlegel e sul primo romanticismo, si dà a picchiare intorno a ciò che è interessante. Il dibattito in materia andrebbe rivisto. Che una intuizione o una rappresentazione abbia carattere di interessante non è cosa riducibile semplicemente a sensazione e mercato spirituale, che indubbiamente hanno stimolato quella categoria. Pur non essendo sigillo di verità, tuttavia essa oggi è diventata una delle sue condizioni necessarie, ciò che mea interest, ciò che riguarda il soggetto, invece di saziarlo con il potere enorme di ciò che predomina, delle merci.

Lukács non potrebbe lodare ciò che lo attira in Kafka e tuttavia porlo all’indice se in segreto, come gli scettici tardo-scolastici, non avesse pronta una dottrina della doppia verità: «Queste considerazioni muovono sempre dalla superiorità artistica, storicamente condizionata, del realismo socialista (anche se non si metterà mai abbastanza in guardia contro le interpretazioni che da questa opposizione storica vogliono trarre illazioni immediate – in senso positivo o negativo – circa la qualità artistica di singole opere). La base ideologica di questa superiorità risiede nella chiara visione che la concezione socialista del mondo, la prospettiva del socialismo rappresenta per la letteratura: nella possibilità di riflettere e rappresentare l’essere sociale e la coscienza, gli uomini e i rapporti umani, la problematicità della vita umana e le sue soluzioni più ampiamente e profondamente di quanto fosse possibile sulla base delle precedenti concezioni del mondo» (152-53). Qualità artistica e superiorità artistica del realismo socialista sarebbero dunque due cose diverse. Ciò che è letterariamente valido in sé viene separato da ciò che è valido soltanto sul piano della letteratura sovietica, che in certo qual modo deve essere dans le vrai per una grazia dello spirito del mondo. Tale ambivalenza mal si addice a un pensatore che pateticamente difende l’unità della ragione. Ma una volta dichiarata l’inevitabilità di quella solitudine – egli non passa sotto silenzio che essa è preparata dalla negatività sociale, della reificazione universale – e al tempo stesso resosi hegelianamente conto del suo obiettivo carattere di apparenza, allora si imporrebbe la conclusione che la solitudine, spinta fino in fondo, si capovolgerebbe nella sua propria negazione; che la coscienza solitaria, svelandosi nel configurato quale nascosta coscienza di tutti, potenzialmente supererebbe se stessa. Proprio ciò è evidente nelle opere realmente avanguardistiche. Esse si obiettivano immergendosi senza residui, monadologicamente, nella singola legge formale di volta in volta data, essendo in tal modo estetiche e mediate anche secondo il loro sostrato sociale. Ciò soltanto dà la sua forza a Kafka, Joyce, Beckett, alla grande musica moderna. Nei loro monologhi echeggia l’ora che è suonata per il mondo: perciò eccitano molto più di quelle che descrivono loquacemente il mondo. Tale passaggio all’obiettività resta contemplativo, e non diventa pratico; e ciò ha la sua motivazione nella situazione di una società in cui realmente da tutte le parti, nonostante si assicuri il contrario, seguita a perorare la condizione monadologica. Inoltre proprio il classistico Lukács non dovrebbe aspettarsi oggi e qui dalle opere d’arte che esse spezzino la contemplazione. La sua proclamazione della qualità artistica è inconciliabile con un pragmatismo che di fronte alla produzione progredita e responsabile si accontenti del giudizio «borghese, borghese, borghese», emesso senza processo.

Lukács cita con approvazione il mio lavoro sull’invecchiamento della musica moderna, per utilizzare le mie riflessioni dialettiche, in maniera paradossalmente simile a Sedlmayr, contro la nuova arte e contro le mie stesse intenzioni. Ciò gli andrebbe concesso: «Veri sono soltanto i pensieri che non capiscono se stessi»7 e nessun autore ha su di essi titoli di proprietà. Ma l’argomentazione di Lukács non mi strappa proprio questi titoli. Che l’arte non possa sistemarsi al vertice dell’espressione pura, che è immediatamente identica con la paura, stava in Filosofia della musica moderna8,sebbene io non condivida l’ottimismo ufficiale di Lukács, secondo cui storicamente oggi ci sarebbe meno motivo per una paura del genere e l’«intelligenza decadente» dovrebbe avere meno paura. Oltrepassare il puro «questo qui» dell’espressione non può significare né realis istaurazione di uno stile, priva di tensioni, come io ho obiettato all’invecchiante musica moderna, né salto in una positività che hegelianamente si direbbe non sostanziale, non autentica, non costitutiva di forma anteriormente alla riflessione. Trarre le conseguenze dall’invecchiamento della musica moderna non vorrebbe dire ricorrere alla musica invecchiata, bensì un’insistente autocritica. Tuttavia sin dall’inizio l’esposizione non attenuata della paura fu contemporaneamente più che paura stessa, un resistere attraverso l’enunciato, attraverso la forza dell’irremovibile chiamar per nome: il contrario di tutte le associazioni eccitate dalla parola persecutoria «decadente». In ogni modo all’arte da lui deprecata Lukács fa credito di una risposta negativa alla realtà negativa, al dominio del «deforme». Poi prosegue: «Ma l’avanguardia, riflettendo tutto ciò nella sua immediatezza deformata, escogitando forme che fanno apparire queste tendenze come le sole potenze dominanti della vita, deforma la deformazione al di là della sua rilevanza fenomenica nella realtà oggettiva, fa sparire come irrilevanti, come ontologicamente senza importanza tutte le controforze e le controtendenze realmente attive in essa» (122). L’ottimismo ufficiale delle controforze e controtendenze costringe Lukács a rimuovere il detto hegeliano per cui la negazione della negazione – «deformazione della deformazioni» – sarebbe la posizione. Questo detto soltanto porta nell’arte alla sua verità il termine fatalmente irrazionalistico di «polistratificazione»: l’espressione del soffrire e la felicità e il piacere della dissonanza, che Lukács disprezza in quanto «avidità di sensazioni, bramosia del nuovo per il nuovo» (144), si intrecciano in maniera indissolubile nelle autentiche opere d’arte nuove. Ciò andrebbe pensato insieme con quella dialettica di campo estetico e realtà, cui Lukács si sottrae. In quanto l’opera d’arte non ha immediatamente a oggetto la realtà non dice mai, come invece dice di solito la conoscenza: le cose stanno così, bensì: ecco come vanno le cose. La sua logicità non è quella di un giudizio predicativo bensì della coerenza immanente: solo passando attraverso questa, attraverso il rapporto in cui pone gli elementi, l’opera prende posizione. La sua antitesi nei confronti della realtà empirica, che tuttavia cade dentro l’opera e in cui questa stessa cade, è proprio il fatto che, a differenza delle forme spirituali, che si riferiscono immediatamente alla realtà, l’opera non la determina univocamente in quanto questo o quello. L’opera d’arte non enuncia giudizi; diventa giudizio nel suo complesso. Il momento della non verità, che in base alla dimostrazione di Hegel è contenuto in ogni singolo giudizio poiché niente è completamente ciò che deve essere nel singolo giudizio, viene corretto dall’arte nella misura in cui l’opera d’arte sintetizza i suoi momenti senza che l’un momento venga risucchiato dall’altro: il concetto di enunciato, oggi di moda, è amusico. Quel che in quanto sintesi non giudicante l’arte perde in determinatezza dei particolari, essa lo riacquista attraverso una maggiore giustezza nei confronti di ciò che di solito il giudizio taglia via. L’opera d’arte diventa conoscenza solo in quanto totalità, attraverso tutte le mediazioni, non attraverso le sue singole intenzioni. Né queste sono isolabili da essa, né essa è misurabile in base a esse. Così però procede Lukács in linea di principio, nonostante la sua protesta contro i romanzieri ortodossi, che nella loro prassi scrittoria procedono in questo modo. Mentre egli stesso nota assai bene ciò che vi è di inadeguato nei loro prodotti standardizzati, la sua propria filosofia dell’arte non può affatto sottrarsi a quei corti circuiti del cui effetto, una prescritta debolezza di giudizio, ha poi orrore.

Di fronte alla essenziale complessità dell’opera d’arte, che non andrebbe bagatellizzata come accidentale caso singolo, Lukács chiude spasmodicamente gli occhi. Una volta che si mette a discutere di poesie specifiche, si mette a sottolineare in rosso ciò che sta lì immediatamente e in tal modo manca il contenuto. Alza lai su una poesia, indubbiamente assai modesta, di Benn, che dice:

Fossimo i nostri primogenitori.
Grumo di muco in uno stagno caldo.
Vita e morte, fecondazione e generazione
scivolerebbero dai nostri succhi muti.
Un filo d’alga o il dosso d’una duna,
che il vento forma e pesante di sotto.
Già un capo di libellula, un’ala di gabbiano
sarebbe troppo lontano, e soffrirebbe troppo9.

Lukács ci vede «la tendenza a qualcosa di primordiale, opposto a ogni socialità», nel senso di Heidegger, Klages e Rosenberg, e in definitiva una «esaltazione dell’anormale, un antiumanesimo» (90), mentre perfino se si volesse identificare completamente la poesia col suo contenuto l’ultimo verso accusa schopenhauerianamente il grado superiore dell’individuazione quale sofferenza, mentre la nostalgia del tempo primevo semplicemente corrisponde alla pressione insopportabile del presente. Il colore moralistico dei concetti critici di Lukács è quello di tutte le sue lamentazioni sulla soggettivistica «mancanza di mondo»: come se gli avanguardisti avessero esercitato letteralmente quello che nella fenomenologia di Husserl, in maniera sufficientemente grottesca, si chiama annientamento metodologico del mondo. Così viene bollato Musil: «L’eroe del suo grande romanzo, Ulrich, risponde alla domanda che cosa farebbe se il governo del mondo fosse nelle sue mani: “Non mi resterebbe altro che sopprimere la realtà”. Che la realtà soppressa dal lato del mondo esterno sia un complemento dell’esistenza soggettiva “senza qualità” non ha bisogno di una lunga spiegazione» (85). E invece la frase incriminata evidentemente intende parlare di disperazione, di dolore cosmico che si capovolge, di amore nella sua negatività. Lukács tace ciò e opera con un concetto di normalità realmente solo «immediato», del tutto irriflesso, e con quello affine di deformazione patologica. Solo una situazione spirituale felicemente purificata da qualsiasi resto di psicanalisi può disconoscere il nesso tra quella normalità e la regressione sociale, che proscrisse gli istinti parziali. Una critica sociale che si mette a parlare disinvoltamente di normalità e perversione rimane essa stessa in balia di ciò che dà a intendere di aver superato. I do di petto lukacsiani emessi alla maniera di Hegel, virili e forti, sul primato dell’universale sostanziale sulla apparente, caduca «cattiva esistenza» della pura individuazione, ricordano quei pubblici ministeri che richiedono l’eliminazione di quelli che sono incapaci di vivere e dei devianti. Sulla loro comprensione della lirica ci sono da nutrir dubbi. Il verso «O se fossimo i nostri primissimi antenati» nella poesia ha un valore posizionale completamente diverso, che non esprime un desiderio letterale. Nella parola Ururahnen (primissimi antenati) è intessuta una smorfia. Attraverso la stilizzazione il sentimento del soggetto poetico si mostra – d’altra parte in maniera piuttosto antiquata che moderna – comicamente non autentico, gioco malinconico. Proprio ciò che respinge in quello verso cui il poeta finge di desiderare di tornare e dove non può affatto desiderare di tornare dà la sua incisività alla protesta contro il dolore prodotto storicamente. Tutto ciò vuole venir sentito in Benn, proprio come l’«effetto di straniamento» dato dal montaggio, nell’uso di parole scientifiche e di motivi scientifici. Esagerando egli sospende la regressione che Lukács tranquillamente gli attribuisce. Chi non riesce ad ascoltare tali armonici somiglia a quello scrittore subalterno che imitava con diligenza e abilità lo stile di Thomas Mann e su cui questi una volta ridendo disse: «Scrive esattamente come me, però dice sul serio». Semplificazioni del tipo dell’excursus lukacsiano su Benn non disconoscono soltanto delle sfumature, bensì insieme con queste l’opera d’arte stessa, che solo a opera delle sfumature diventa opera d’arte. Esse sono sintomatiche dell’instupidimento in cui cadono anche le persone più intelligenti non appena obbediscono a prescrizioni come quella del realismo socialista. Già prima Lukács, per accusare di fascismo la poesia moderna, era andato a cercare trionfante una cattiva poesia di Rilke per scatenarvi la sua rabbia come l’elefante nella bottega viennese. Resta aperto se la regressione, avvertibile in Lukács, di una coscienza che una volta è stata annoverata fra le più progredite, esprima obiettivamente l’ombra della minacciante regressione dello spirito europeo, quell’ombra che i paesi sottosviluppati gettano sui paesi più sviluppati, che già cominciano a orientarsi su quelli; oppure se in ciò si tradisca qualcosa del destino della teoria stessa, che non soltanto avvizzisce nei suoi presupposti antropologici, dunque nella capacità di pensiero degli uomini teoretici, ma la cui sostanza si contrae anche obiettivamente in una costituzione dell’esistenza in cui nel frattempo è meno questione di teoria che di prassi, la quale si dice sarebbe immediatamente tutt’uno con l’impedimento della catastrofe.

Dalla neoingenuità di Lukács non è al sicuro nemmeno il circuito Thomas Mann che egli usa contro Joyce, con un fariseismo che all’epico cantore della decadenza avrebbe fatto venire i brividi. La controversia scatenata da Bergson sul tempo viene trattata come il nodo di Gordio. Dal momento che Lukács è un buon obiettivista il tempo obiettivo deve aver ragione dappertutto e il tempo soggettivo deve essere semplice deformazione decadentistica. Era stata l’insopportabilità di quel tempo reificatamente alienato, vuoto di senso, che il giovane Lukács una volta descrisse in maniera così penetrante trattando dell’Education sentimentale, a costringere Bergson alla teoria del tempo vissuto e non, come invece può immaginarsi l’ottusità di qualunque osservanza pia nei confronti dello stato, lo spirito della deformazione soggettivistica. Ora anche Thomas Mann nella Montagna incantata pagò il suo tributo al bergsoniano temps durée. Affinché Mann venga salvato a pro della tesi lukacsiana del realismo critico, vari personaggi della Montagna incantata ricevono un buon voto poiché essi hanno anche «soggettivamente un’esperienza normale, oggettiva del tempo». E poi, letteralmente: «vi è perfino, in Ziemssen, un barlume di consapevolezza del fatto che la moderna esperienza del tempo è solo una conseguenza del modo di vita anormale del sanatorio, ermeticamente separato dalla prassi quotidiana» (103). L’ironia sotto cui complessivamente sta la figura di Ziemssen è sfuggita all’estetico; il realismo socialista lo ha reso ottuso anche nei confronti del lodato realismo critico. Il limitato ufficiale, una specie di Valentin postgoethiano, che muore da soldato e da coraggioso, anche se a letto, diventa per lui immediatamente il portavoce della vita giusta, un po’ come il Levin di Tolstoj, pianificato e fallito. In realtà Thomas Mann, senza riflettervi ma con estrema sensibilità, ha rappresentato il rapporto dei due concetti temporali nella maniera scissa e ambivalente che è adeguata al suo modo di fare e al suo rapporto dialettico con tutto ciò che è borghese: diritto e torto sono entrambi divisi tra la coscienza temporale realis del filisteo, che invano fugge dal sanatorio verso il suo mestiere, e il tempo fantasmagorico di coloro che restano nel sanatorio, allegoria della bohème e del soggettismo romantico. Saggiamente Mann non ha né conciliato i due tempi né nella configurazione ha preso partito per uno dei due.

Che Lukács eviti drasticamente nel suo filosofare il contenuto estetico perfino del suo testo preferito è motivato da quel parti pris preestetico per il materiale e per ciò che viene comunicato, che egli scambia con l’obiettività artistica delle opere d’arte. Mentre non si cura di mezzi stilistici come quello per nulla troppo nascosto dell’ironia, per tacere poi dei mezzi stilistici esposti, per tale rinuncia non lo ricompensa il contenuto di verità delle opere, purificato dall’apparenza soggettiva, bensì viene satollato della loro parca feccia, il contenuto effettuale, di cui esse indubbiamente hanno bisogno per raggiungere il contenuto di verità. Per quanto Lukács desideri impedire la regressione del romanzo, si mette a blaterare articoli di catechismo quali il materialismo socialista, la teoria gnoseologica della riproduzione, ideologicamente sanzionata, e il dogma di un progresso dell’umanità meccanico, cioè indipendente dalla spontaneità nel frattempo strangolata, sebbene «la convinzione che il mondo abbia, in ultima istanza, una razionalità e un significato immanente, che sia aperto e comprensibile all’uomo» (97) sia una bella pretesa se si considera l’irrevocabile passato. In tal modo egli si riavvicina forzatamente a quelle concezioni infantili dell’arte che trova penose nei funzionari meno versati. Invano egli cerca di spezzare questo cerchio. In quale ampia misura sia già lesa la sua propria coscienza estetica lo tradisce per esempio un luogo sulla allegoresi nell’arte musaica bizantina: le opere d’arte di questo tipo e di livello similmente alto potrebbero essere nella letteratura solo «fenomeni eccezionali» (96). Come se nell’arte, a parte quella delle accademie e dei conservatori, ci fosse una distinzione di regola ed eccezione; come se tutto ciò che è estetico, in quanto individuato, non fosse sempre un’eccezione in base alla sua stessa universalità mentre ciò che immediatamente corrisponde a una generale regolarità proprio in tal modo già si squalifica sul piano del configurato. Le eccezioni sono prese in prestito dal medesimo vocabolario delle prestazioni record. Il defunto Franz Borkenau disse una volta, dopo la sua rottura col partito comunista, che non aveva più potuto sopportare che si trattassero decisioni di consiglieri comunali secondo categorie della logica hegeliana e la logica hegeliana nello spirito delle assemblee comunali. Tali contaminazioni, che per la verità risalgono fino a Hegel stesso, incatenano Lukács a quel livello che gli piacerebbe equilibrare col suo proprio. La critica hegeliana della «coscienza infelice», l’impulso della filosofia speculativa a lasciare sotto di sé l’epos apparente della soggettività isolata, sotto le sue mani diventa ideologia per limitati funzionari di partito, che non sono ancora affatto riusciti ad arrivare al soggetto. La loro violenta limitatezza, residuo di tutta la piccola borghesia dell’Ottocento, egli la innalza a una adeguatezza alla realtà sottratta alla limitatezza della semplice individualità. Ma il salto dialettico non è un salto che vada al di là della dialettica e che a spese dei momenti sociali e tecnici obiettivamente posti alla produzione artistica trasformi grazie al solo orientamento ideologico la coscienza infelice in consenso felice. Il preteso punto di vista superiore, in base a una tesi hegeliana che certo Lukács non mette in dubbio, deve restare necessariamente astratto. La disperata profondità, che egli mostra contro la debolezza della letteratura tipo boy meets tractor, non lo salva nemmeno da declamazioni allo stesso tempo astratte e infantili: «Quanto più la materia trattata è una materia comune, quanto più gli scrittori indagano da lati diversi le stesse condizioni e direzioni di sviluppo della stessa realtà, quanto più quest’ultima, con tutte le fratture descritte, si trasforma in una realtà prevalentemente o puramente socialista, tanto più il realismo critico deve finire per avvicinarsi a quello socialista, tanto più la sua prospettiva negativa (che si limita a non respingere) deve trasformarsi, attraverso una serie di trapassi, in una prospettiva positiva (affermativa), in una prospettiva socialista» (152). La distinzione gesuitica fra prospettiva negativa, cioè «che non si limita a respingere», e quella positiva, cioè «affermativa», sposta le questioni della qualità letteraria proprio in quella sfera di intenzioni conformi a prescrizioni, alla quale Lukács vorrebbe sottrarsi.

Sulla sua volontà di farlo certamente non ci sono dubbi. Si rende giustizia al suo libro soltanto se ci si rende conto che in paesi in cui non si può chiamare per nome ciò che è decisivo i segni del terrore sono impressi in tutto ciò che vien detto al posto di quel decisivo; ma d’altra parte perfino pensieri senza forza, pensati a metà e fuorviati, acquistano in tal modo nella loro costellazione una forza che à la lettre non posseggono. Sotto questo aspetto va letto tutto il terzo capitolo, nonostante la disproporzione tra sfoggio spirituale e questioni affrontate. Non ci sarebbe che da seguitare nel pensiero di numerose formulazioni per arrivare all’aria libera. È il caso della seguente: «La semplice approvazione del marxismo (per non parlare nemmeno della semplice partecipazione al movimento socialista, della semplice iscrizione al partito ecc.) non conta, di per sé, praticamente nulla. Per la personalità dello scrittore le esperienze di vita acquisite per questa via, le facoltà intellettuali, morali ecc. così ridestate possono riuscire molto preziose e contribuire a trasformare questa possibilità in una realtà. Ma è un errore credere che il passaggio da una giusta coscienza a un giusto, realistico rispecchiamento artistico della realtà sia in linea di principio più diretto e più semplice che non a una falsa coscienza» (137). Oppure, contro lo sterile empirismo del romanzo documentario, oggi fiorente dovunque: «Balza agli occhi che anche nel realismo critico l’affacciarsi di un ideale di completezza monografica (per esempio in Zola) era un segno di problematicità interna, e cercheremo di mostrare in seguito che la penetrazione di queste tendenze è divenuta ancora più problematica nel realismo socialista» (140). In tale contesto, usando la terminologia della sua giovinezza, Lukács insiste sul primato della totalità intensiva rispetto all’estensiva; gli basterebbe tener dietro alla sua esigenza seguendola entro il configurato per venir costretto proprio a ciò che rimprovera agli avanguardisti finché tiene la sua lezione ex cathedra; ed è grottesco che ciononostante voglia ancor sempre «battere» l’«antirealismo della decadenza». Una volta arriva addirittura vicino a rendersi conto che la rivoluzione russa non ha affatto dato luogo a una situazione che richieda e sostenga una letteratura «positiva»: «Anzitutto non si deve dimenticare il fatto ovvio che, anche se questa presa del potere rappresenta un salto enorme, gli uomini nella loro maggioranza, e quindi anche gli artisti, non subiscono ancora, per ciò solo, alcuna trasformazione essenziale» (144). In maniera bensì blanda, come se si trattasse di una semplice deviazione, egli tuttavia spiattella come stanno le cose nel cosiddetto realismo socialista. «Nasce allora una variante malsana e scadente del realismo borghese, o almeno un avvicinamento quanto mai problematico ai suoi mezzi espressivi, naturalmente senza nessuno dei suoi massimi pregi» (153). In questa letteratura il «carattere realistico della prospettiva» sarebbe disconosciuto. Ciò significa «che molti scrittori identificano semplicemente con la realtà ciò che esiste solo come una tendenza rivolta al futuro (la quale proprio perciò, se fosse giustamente intesa, potrebbe fornire il punto di vista decisivo per la valutazione della fase attuale) e rappresentano gli spunti presenti spesso solo in germe come realtà pienamente sviluppate; in una parola, equiparano meccanicamente realtà e prospettiva» (153-54). Sciolto dall’incapsulamento terminologico, ciò non significa altro che molti procedimenti del realismo socialista e del romanticismo socialista, riconosciuto da Lukács come suo complemento, sono trasfigurazione ideologica di un cattivo sussistente. L’obiettivismo ufficiale della considerazione totalitaria della letteratura si dimostra per Lukács esso stesso semplicemente soggettivo. A contrasto egli pone un concetto di obiettività estetica più degno dell’uomo: «poiché le leggi formali dell’arte, in tutti i loro complicati rapporti reciproci di contenuto e di forma, di concezione del mondo ed essenza estetica ecc., sono anch’esse di carattere oggettivo. Certo la loro violazione non ha conseguenze pratiche immediate del genere di quelle che ha il disprezzo delle leggi dell’economia, ma produce necessariamente opere problematiche, fallite o scadenti» (154). Qui, dove il pensiero trova il coraggio di arrivare a se stesso, Lukács dà un giudizio assai più pertinente che non quelli rozzi di prima sull’arte moderna: «La lacerazione delle mediazioni dialettiche produce quindi, nella teoria come nella pratica, una falsa polarizzazione: a un polo il principio si irrigidisce da “guida per la prassi” in dogma; all’altro polo dai singoli fatti di vita sparisce il momento della contraddizione (e spesso anche quello dell’accidentalità)» (155). In maniera concisa egli chiama per nome il concetto centrale: «La soluzione letteraria non scaturisce quindi dalla dinamica contraddittoria della vita sociale, ma deve servire da illustrazione a una verità astratta» (156). Colpevole di ciò sarebbe l’«agitazione come forma primaria», come modello di arte e pensiero, i quali entrambi per tal via si irrigidiscono, si rattrappiscono, diventano praticistico-schematici. «Al posto di una nuova dialettica abbiamo davanti a noi una staticità schematica» (158). Nessun avanguardista avrebbe niente da aggiungervi.

In tutto ciò si seguita ad avere la sensazione di uno che scuota disperatamente le sue catene immaginando che il loro stridio sia la marcia dello spirito del mondo.

Lo acceca non soltanto il potere che, se dà spazio ai pensieri ribelli di Lukács, non li approverà certo sul piano della politica culturale. Bensì la critica di Lukács resta prigioniera dell’illusione che l’odierna società russa, che in realtà è oppressa e sfruttata, sarebbe bensì, secondo una trovata cinese, ancora contraddittoria ma non antagonistica. Tutti i sintomi contro i quali egli protesta vengono essi stessi prodotti dal bisogno propagandistico dei dittatori e del loro seguito di mettere per bene nella testa della gente quella tesi che Lukács ufficiosamente giustifica col concetto di realismo socialista, e di cacciare dalla coscienza quello che li potrebbe confondere. Il dominio di una dottrina che adempie funzioni così reali non viene spezzato con l’esporne la falsità. Lukács cita una cinica frase di Hegel, che esprime il senso sociale del processo, quale lo descrive l’antico romanzo pedagogico borghese: «Infatti la fine di questi anni di apprendistato consiste nel fatto che il soggetto si rompe le corna, con i suoi desideri e le sue opinioni si inserisce nella situazione sussistente e nella sua ragionevolezza, entra nella concatenazione del mondo e vi si conquista un punto di vista adeguato» (122). Lukács riflette: «Molti dei migliori romanzi borghesi contraddicono, in un determinato senso, questa affermazione di Hegel, ma in un altro senso, altrettanto determinato, la confermano. La contraddicono in quanto non sempre l’accettazione della società borghese avviene. La lotta per una realtà corrispondente ai sogni e alle convinzioni giovanili viene spezzata dalla potenza della società, i ribelli vengono spesso costretti a piegarsi, a rifugiarsi nella solitudine ecc., ma non si lasciano estorcere la conciliazione hegeliana. E tuttavia, poiché la lotta finisce nella rassegnazione, il suo risultato si avvicina a quello hegeliano; la realtà sociale oggettiva finisce per avere la meglio sulla semplice soggettività delle aspirazioni individuali; del resto la conciliazione proclamata da Hegel non è affatto priva di rassegnazione» (150). Il postulato di una realtà da esporre senza fratture fra soggetto e oggetto e, per dirla col testardo linguaggio di Lukács, da «rispecchiare», criterio supremo della sua estetica, per amore di tale mancanza di fratture, implica tuttavia che quella conciliazione venga fatta e che la società sia giusta; che il soggetto, come adduce Lukács nel suo excursus antiestetico, pervenga ai suoi diritti e sia di casa nel suo mondo. Solo allora scomparirebbe dall’arte quel momento di rassegnazione che Lukács verifica in Hegel e che avrebbe dovuto constatare proprio nel modello primo del suo concetto di realismo, in Goethe, che predicò la rinuncia. Ma la scissione, l’antagonismo, sopravvivono ed è semplice menzogna che negli stati orientali sia stato, come dicono, superato. Il dominio che circonda Lukács e gli preclude il desiderato ritorno all’utopia della sua gioventù ripete la conciliazione sforzata che egli smaschera nell’idealismo assoluto.

1 [Cito dalla traduzione italiana Il significato attuale del realismo critico, Einaudi, Torino 1957].

2 K. Marx, Grundrisse der Kritik der politischen Ökonomie (Rohentwurf) 1857-58, Berlin 1953, p. 111 [trad. it. Lineamenti fondamentali di critica dell’economia politica («Grundrisse»), 2 voll., Einaudi, Torino 1976, pp. 133-34].

3 K. Marx, Rezension der Schrift G. F. Daumers: Die Religion des neuen Weltalters, Hamburg 1850, in «Neue Rheinische Zeitung», ristampa, Berlin 1955, p. 107.

4 G. Lukács, Gesunde oder kranke Kunst?, in Georg Lukács zum siebzigsten Geburtstag, Berlin 1955, pp. 243 sg.

5 Cfr. Lettura di Balzac, p. 133.

6 Cfr. T. W. Adorno, Philosophie der neuen Musik, Frankfurt am Main 19582, pp. 49 sgg. [trad. it. Filosofia della musica moderna, Einaudi, Torino 1975, pp. 49 sgg.].

7 T. W. Adorno, Minima moralia, Frankfurt am Main 1951, p. 364 [trad. it. Minima moralia, Einaudi, Torino 1979, p. 230].

8 Adorno, Philosophie der neuen Musik cit., pp. 51 sg. [trad. it. cit., pp. 53 sg.].

9 [Cfr. G. Lukács, Il significato attuale del realismo critico, Einaudi, Torino 1957, p. 35].

Il silenzio del romanzo

di Franco Fortini

«Il sole 24 ore», 25 settembre 1994.

Nel gennaio del 1920 Proust pubblicava un saggio (scritto, almeno in parte, nel 1909) intitolato À propos du style de Flaubert che riprendeva e sviluppava idee già accen­nate nelle pagine che oggi si leggono sotto il titolo di Contre Sainte-Beuve. Il sag­gio conteneva osservazioni molto notevoli su alcuni particolari della scrittura flaubertiana. Se ne accorse Walter Benjamin, cinque anni più tardi e ne scrisse a Hugo von Hoffmannsthal. Al nostro Debenedet­ti quel saggio parve «mira­coloso». Tali osservazioni torneranno – ma vòlte esclusivamente al negativo – nelle pagine pubblicate postume che Sartre scrisse durante la Seconda guerra; prova di una contrapposi­zione radicale. Interessa ora quanto in quel saggio Proust dice a proposito della espressione letteraria del Tempo: «La Éducation sentimentale è il lungo resoconto di una intera esistenza, in cui i personag­gi non prendono, per così dire, parte attiva all’azio­ne. Talvolta il passato remoto interrompe l’imper­fetto, ma allora diventa, al pari di questo, qualcosa d’indefinito che si prolun­ga… […]

A mio avviso, la cosa più bella della Éducation senti­mentale non è una frase, ma uno spazio bianco. Flaubert ha descritto, riferi­to, nel corso di moltissime pagine, le più insignificanti azioni di Frédéric Moreau. Frédéric vede un agente scagliarsi, con la spada in pugno, contro un insorto, che cade morto. “E Frédéric, a bocca aperta, riconobbe Sénécal”.  Qui uno spazio bianco, un enorme “bianco”; poi, sen­za l’ombra di una transizio­ne, mentre la misura del tempo diventa d’improvvi­so, anziché di quarti d’ora, di anni, di decenni:

Egli viaggiò. Conobbe la melanconia dei piroscafi, i freddi risvegli sotto la tenda …Verso la fine del 1867… Flaubert fu il primo a sbarazzarsi del  parassitismo degli aneddoti e dalle scorie della storia. Fu il primo a metterli in musica”». (Proust, Scritti mondani e letterari, Torino, Einaudi 1985, p. 548/9).

È ben noto che l’Education è stata opera di fondamentale importanza per Lukács e che anzi per tutta la vita gli ha fornito richiami e confronti. Tanto più fa impressione leggere, nel saggio sul Significato attuale del realismo critico, pubblicato per la prima volta in italiano nel 1957, un sintetico giudizio sul medesimo passo flaubertiano che, in parte almeno, smentisce l’autore medesi­mo quando diceva di non voler scrivere in modo aforistico.

«Flaubert ha profetica­mente presentito e rappre­sentato questo processo (e cioè il rapporto del reali­smo letterario con la possi­bilità che la vita abbia un senso – o almeno della speranza di una vita siffat­ta – nella società borghe­se, da un lato, e dell’avan­guardia, con il venir meno di queste prospettive, dal­l’altro) nella composizione della Educazione sentimen­tale. Il romanzo vero e proprio, realistico, finisce nella notte delle barricate, in cui Fédéric Moreau vede cadere Dussardier al grido di “Viva la Repubblica!” e riconosce nell’agente di polizia il suo ex compagno di lotta “radicale”, Sénécal. Il romanzo realisti­co è finito. Comincia, per Fédéric Moreau, “la recherche du temps perdu”».

Un caso evidente, mi pare, di «trionfo del realismo nella critica letteraria». Malgrado l’antipatia ideologico-politica per Proust, Lukács coglie per­fettamente che quel mini­mo ma non modesto antici­po delle future avanguardie riunisce in sé una intuizio­ne di storia politico-sociale e una innovazione relativa all’intreccio (nella accezio­ne nella quale Segre usa questo termine, ossia sia di «contenuto del testo nell’or­dine in cui vien presenta­to») e  una relativa  al “discorso”, ossia al testo narrativo complessivamen­te significante.

Nel caso di Proust aveva­mo un esempio di “critica di scrittore”, secondo quan­to Lukács medesimo ci ha spiegato, distinguendola co­sì dalla propria che era “critica di filosofo”. Infatti le osservazioni tecniche che Proust espone a propo­sito di Flaubert, prese l’una separatamente dall’al­tra possono anche sembra­re, o essere, superficiali. Vi senti lo scrittore che civet­ta col suo pubblico, esaspe­rando, come spesso gli autori amano fare, l’aspet­to artigianale della scrittu­ra e ingannevolmente rendendo partecipe quel pub­blico del laboratorio degli autori anzi, dei  critici. Attribuire a Flaubert un eccezionale trattamento del tempo è da parte di Proust un atto di “politica delle alleanze”, volto a fondare una tradizione autoprotetti­va; non è altro che inserirsi in una linea. Non è forse stato Proust a dirci qualco­sa che Flaubert avrebbe certo sottoscritto, e cioè che l’arte è «le vrai Jugement Dernier» parafrasan­do e, nel medesimo tempo rovesciando, la frase hege­liana, secondo la quale il vero Jungsten Gericht, il vero Giudizio Finale è la Storia? Ha davvero ragione Lukács: fra la morte di Hegel e Goethe e il Secon­do Impero (poco più di un ventennio) non comincia solo “la ricerca del tempo perduto” ma un modo di rinuncia al futuro.

Sembra di  poter dire invece che nelle ultime righe della lucaksciana e premarxiana Teoria del Ro­manzo (1914-15), ossia la contrapposizione di una cattiva temporalità ad una buona temporalità, sboccan­do nella funzione catartica che questa seconda avreb­be nei confronti della pri­ma, fa di quella conclusio­ne una delle numerosissi­me estetizzazioni della vita compiute da quello che Lukács, in lotta permanen­te con la propria giovinez­za, più tardi avrebbe chia­mato «ateismo religioso».

Coerentemente con lo sviluppo della utopia-profe­zia delle ultime righe della Teoria del romanzo, la scelta etico-politica di Lukács lo avrebbe condot­to, dapprima, a subordina­re la funzione esemplare dell’arte alla funzione esem­plare della dedizione etico-politica e poi, dopo il 1933 e per un ventennio, alla celebrazione (tanto più ap­passionata quanto più disperata) di una letteratura e di una cultura che simme­tricamente, e in parallelo, avanguardia e burocrazia socialista avevano o distrut­to ingiuriando o distrutto venerando. Intanto la lun­ga polemica dei difensori dell’espressionismo, del­l’estraniamento e della ne­gatività (Adorno, Bloch, Brecht) aveva avuto defini­tivamente ragione della no­zione di tempo storico a favore della modulazione o montage di vari tempi soggettivi o durées, riducen­do il tempo sociale nei paesi dell’Occidente, non già ad un fenomeno di interscambio (come fra le Ungleichzeitigkeiten, o “discronie” care a Bloch) ma a una sinistra oggettiva­zione della insensatezza e al moto browniano delle durées individuali.

Durante la disputa, dal 1930 al 1960, sul realismo e l’espressionismo, sul­l’umanesimo e l’avanguar­dia, su Kafka e Mann, su Schoenberg e Stravinski, sul tempo del Meister e quello di En attendant Godot, o di Balzac e di Proust, si venne costituen­do un continuum dove c’è posto per tutto, per l’alto come per il basso, per la mistica ebraica cara al nostro Cacciari come per la mistica del vomito dilet­ta a Celine o Bataille e dentro quel continuum, ag­gregato di tempi compressi e irrigiditi, ognuno può scavarsi i percorsi che vuole, non più talpa collet­tiva ma tarlo o termite finché nube pesticida non lo inchiodi.

Non Lukács allora abbia­mo; ma le sue domande. Esse rimandano molto in­dietro, con l’imposizione di­ scelte ossessive e “fanatiche” nel senso di “radicali”; intollerabili quanto intolleranti; estremiste, dove tutto sia da ripensare, ma subito. Certo oggi è incomparabilmente più difficile condurre una sensata azione di gruppo per mutare qualcosa intor­no a sé che non scrivere un buon testo letterario.

Quando, mezzo secolo fa, Lukács parlava di disso­luzione del romanzo nella società imperialista e ne indicava i modelli in Joyce e Proust, alludeva è chiaro, al romanzo come forma chiusa che oppone la pro­pria forma al caos e con quella propone un senso all’insensatezza dell’esistente. Quando Adorno gli opporrà che il dovere dello scrittore moderno (che per lui equivale invece e proprio all’avanguardia come, per Bloch, all’espressioni­sta) è di introdurre il caos nell’ordine, Adorno lo dirà perché l’ordine sarà per lui l’esistente, come universo totalitario della mercifica­zione. E, dove non appaia una percorribile via politi­ca, all’artista non restereb­be che indicare il negativo con tutte le proprie ener­gie. Detto per epigramma: se stalinismo e socialismo “reale” hanno mentito a Lukács, il quindicennio che è trascorso dalla morte di Adorno a oggi ha colora­to in tal modo le sue profezie da renderle indi­stinguibili dal clamore dei media, clamore ormai, dice­va Valéry, pari al silenzio. Anzi Bloch, Brecht, Benja­min, Marcuse, si accorgono di avere a noioso compa­gno, nell’al di là, proprio tutto Lukács, di essere quasi una sola persona con lui, travolti come sono, nell’al di qua, dal coro dei copywriters internazionali della reazione e neanche più delle rudimentali chiac­chiere dei Nuovi Filosofi degli anni Settanta ma nei ben più seri padri di questi ultimi, i cui nomi è inutile ricordare. Lavorano sulle loro opere, degli anni Ven­ti e Trenta, eminenti stu­diosi che nei momenti di distrazione, come altri farebbe con le note di un puerile carillon d’infanzia, canterellano le note della Internazionale.

La forma romanzo si è dissolta nel corso del seco­lo. C’è chi non lo crede e continua a celebrare negli infiniti romanzi che tutta­via si stampano l’effluvio trasmesso dai classici della narrazione. Sono dei socialdemocratici, incapaci, per autoprotezione, di guarda­re in faccia la caduta simultanea del “mondo nuovo” comunista e di quello “vecchio” dell’uma­nesimo liberalsocialista.

Della cosa non si era preoccupato Bachtin. Ave­va messo, per così dire, le mani avanti, parlando del­la illimitata plasticità del genere che come tutto, si rigenera in basso, dalla Madre Terra, inter faeces et urinam. È singolare e indicativo (di un compro­messo che ci ha condotti dove siamo) che nel 1969 Italo Calvino tanto si entu­siasmasse alla prospettiva di Bachtin di una alleanza fra consumismo carnevale­sco e austerità produttiva.

E, per di più, al genere “romanzo” si è sostituita la nozione di narratività, già cara ai russi di Propp e di Sklovski e fino ai giorni nostri; narratività che è certo difficile introdurre nel processo hegeliano-marxista. Il malcerto tenta­tivo di Goldmann, di me­diare fra Lukács e la sociologia; e la tenebrosa riuscita del Flaubert di Sartre (dove l’analisi inter­minabile e totalizzante fa della scrittura appena uno degli infiniti dati accolti nel computer dei suoi volu­mi) danno ragione tanto al Lukács maturo che parlava di “decadenza” avanguardistica quanto alla logica interna della avanguardia che è costretta a  farsi sempre più ottimistica esal­tatrice delle forme aperte come fossero un esempio di deregulation e finalmen­te della tecnologia, applica­ta quasi elettrodi di tortura a indocili sudditi dell’Impero. L’“opera aperta” dichia­ra la senescenza della for­ma chiusa, la letteratura come disneyland permanen­te è il trionfo del principio: «se sapete leggere sapete scrivere ma, se non sapete leggere, sapete scrivere lo stesso».

La narratività, è stato scritto, si è diffusa all’ester­no della letteratura propria­mente detta nelle scritture critiche e storiografiche ol­tre che nelle forme della comunicazione visiva. Il processo della mescolanza degli stili (Auerbach) e dei generi (Bachtin) ha raggiun­to la propria perfezione quando stili e generi hanno potuto fare la loro ricom­parsa – come ai nostri anni – non più quali precetti fondati su di un consenso culturale ma qua­li citazioni di un universo di regole scomparse ossia come meri supporti merceo­logici. Con la semplice pressione di un telecoman­do, l’alto e il basso, il dimesso e il sublime, lo schifiltoso e il sotàdico, il tragico e il comico, il romanzesco e il lirico sono a nostra disposizione come nelle sezioni di un self service. Unico limite è la capienza catastale degli or­dinatori.

Il mio marxismo

di György Lukács

a cura di Rossana Rossanda

«il manifesto», 28 luglio 1991

ora in Quando si pensava in grande. Tracce di un secolo. Colloqui con venti testimoni del Novecento, Einaudi, Torino 2013, con il titolo Che cosa è il reale? Domanda inesorabile d’un vecchio moscovita. Qui il testo inizia nel seguente modo:

 

«Ho incontrato György Lukács a Budapest nel 1965. In quegli anni il Partito comunista ungherese era ancora sotto lo choc del ’56 e si presentava come molto più aperto di altri partiti dell’Europa dell’Est. Potei incontrare Lukács senza grandi difficoltà, ma forse perché ero un membro «autorevole» di un partito fratello. Viveva da solo in un appartamentino a un piano elevato davanti all’hotel Gellert, perché la moglie era morta da poco ed egli si apprestava a pubblicare la sua opera completa e una fondamentale «ontologia».

La conversazione ha preso spunto nelle recenti posizioni critiche ed estetiche di Ernst Fischer.

Lukács Ho per lui la più grande stima, è una vecchia amicizia, ma non mi persuadono le sue ricerche, né quelle di Garaudy. Essi sono troppo indulgenti verso l’arte «moderna», verso i vari Ionesco o Musil o Beckett. Ben poco dell’arte moderna è destinato a restare. Io mi avvicino ormai agli ottantanni, divento sempre più «antimodernista» e vedo la storia della letteratura come un gran cimitero: migliaia di pietre tombali e ben poche voci capaci di parlare ancora oggi. Fra trentanni, nessuno parlerà di questi personaggi».


[L]a conversazione con György Lukács ha trovato il suo spunto iniziale nelle recenti posizioni critiche ed estetiche di Ernst Fischer. «Ho per lui la più grande stima – comincia Lukács – e una vecchia amicizia, ma non mi persuadono le sue ricerche, né quelle di Garaudy. Essi sono troppo indulgenti verso l’arte ‘moderna’, verso i vari lonesco o Musil o Beckett. Ben poco dell’arte moderna è destinato a restare. Io mi avvicino ormai agli ottant’anni, divento sempre più ‘antimodernista’ e vedo la storia della letteratura come un gran cimitero: migliaia di pietre tombali e ben poche voci capaci di parlare ancora oggi. Fra trent’anni, nessuno parlerà di questi personaggi».

Rossanda Esiste una possibile scelta di nomi fra gli scrittori del nostro secolo? E quale può essere, a suo parere?

Lukács Thomas Mann. E Brecht, ma soltanto il Brecht lirico e il drammaturgo della seconda fase, dall’Anima buona di Sezuan alla morte. Nella produzione precedente egli non si libera della schematicità: ha momenti di poesia, ma non riesce a creare personaggi viventi – della grandezza, per esempio, shakespeariana, del finale di Madre Coraggio. E giacché abbiamo ricordato Shakespeare, chi parla oggi – se non gli specialisti – del teatro elisabettiano? La grande arte è rarissima.

Rossanda Si potrebbe osservare, però, che l’esperienza o la ricerca dell’arte debbano essere seguite nel loro manifestarsi.

Lukács Ma che cosa è l’arte se non è grande arte? Quando ero giovane, si andava pazzi per Maeterlinck: chi parla di lui oggi? Eppure è più interessante di Beckett. Abbiamo messo in scena, ricordo, La città morta di D’Annunzio. Ora nessuno si occupa più di lui, e giustamente. Naturalmente, attorno ai rari grandi artisti c’è tutta una molteplicità di tentativi, che ne costituiscono lo sfondo e la condizione. Occorre conoscerli e seguirli con attenzione. Ma il nostro compito vero resta quello di esprimere un giudizio di valore dal punto di vista della vera grande arte. E in questo giudizio il momento dell’invenzione tecnica, per quanto importante, non entra. Noi assistiamo oggi, nei nostri Paesi e partiti, a un’ondata di liberalismo culturale: io non sono affatto contrario a esso, badi. Se non altro per il suo valore pedagogico. Da noi, i giovani adorano tutto quello che viene dall’Occidente perché ha ancora il fascino delle cose proibite: e per questo prendono tutto per buono, da Beckett alla pop-art. Quando questa conoscenza sarà normalizzata, il giudizio non passerà più fra cultura dell’Est e cultura dell’Ovest, ma all’interno delle due culture. Per arrivare a questo giudizio, occorre uno sviluppo dell’estetica marxista. In tanta liberalizzazione, chiedo il diritto di parola anche per il marxismo. In verità, questo è il problema centrale. Abbiamo perduto il marxismo: bisogna ritrovarlo. Dopo la morte di Marx nessuno, salvo Lenin, ha dato un contributo teorico ai problemi dello sviluppo capitalistico. Bisogna tornare a Lenin e a Marx, insomma, come si usa dire, fare qualche passo indietro per saltare meglio.

Rossanda Si può già individuare un punto centrale da cui ripartire?

Lukács Marx ha cominciato dall’analisi della struttura, e anche noi dobbiamo ripartire da qui. Nelle economie socialiste c’è, dappertutto, una grande crisi di produzione. Non se ne è fatta una analisi critica di fondo. Perché? Per una insufficienza teorica. Per fondare una politica di piano occorre una teoria valida della riproduzione in un sistema socialista. Senza questo, ogni riforma non può essere che pragmatica, empirismo puro, o tentativo di accomodare la nostra economia a quella capitalista. Le ricerche di Liebermann o di Nemčinov non vanno in fondo al problema. Le nostre pianificazioni falliscono perché nel periodo staliniano è stata cancellata dalla teoria la dialettica tra valore di scambio e valore d’uso, annullando con ciò di fatto la possibilità stessa di una teoria della riproduzione. Un capitalista può farne anche a meno: per il fatto stesso che se non vende i suoi prodotti, egli si scontra con il valore d’uso nel corso di tutta la sua attività. In una economia socialista questo non si verifica spontaneamente, e pertanto è necessario dare una fondazione teorica alla questione. Si tenga presente che in Marx, nel quadro della riproduzione, il valore d’uso non si presenta soltanto nella fase finale, quando il prodotto è pronto per essere venduto, ma all’inizio del processo quando il capitalista acquista i mezzi di produzione appunto secondo il loro valore di uso. La ricostituzione di una teoria scientifica della riproduzione, insomma, può solo rappresentare il «tertium datur» che nel campo dell’economia ci protegge, assieme, da una pratica settaria e da scivolate liberali. Si tratta, in altre parole, di fondare una economia socialista di cui, nel periodo di Lenin, è esistito soltanto l’inizio. Questo ristabilimento teorico esige, nello stesso tempo, un ristabilimento di quella democrazia proletaria che Lenin accompagnava sempre al concetto di dittatura del proletariato. Al congresso del 1921, è sulla base di questo principio che Lenin si batté contro Trotsky: e a questo Lenin occorre tornare. Una ripresa teorica è necessaria ugualmente per l’analisi del capitalismo, che ha subito profonde modificazioni, e per l’analisi delle situazioni dei cosiddetti Paesi del Terzo mondo. Il valore delle tesi cinesi in proposito è minimo, perché esse considerano in blocco situazioni affatto diverse. Nessuno ci ha dato finora una analisi scientifica della dialettica sociale dei Paesi sottosviluppati.

Rossanda A quali cause lei attribuisce insufficienza teorica?

Lukács Evidentemente allo stalinismo, la cui caratteristica è stata quella di dedurre da alcune scelte pratiche, talvolta necessarie, determinate leggi di validità generale. Certo il politico non può rinviare la sua azione per il solo fatto di non possedere ancora una teoria adeguata: certe scelte non possono essere rimandate. Ma altra cosa è sapere che si compie una scelta contingente, conoscendone i limiti, e altra cosa è teorizzarne la validità generale. Un marxista può benissimo rispondere: «Non so, non perché sia impossibile sapere, ma perché non so ancora». E frattanto agire, sapendo che si muove all’interno di un limite teorico, che dovrà superare. Nel periodo del comunismo di guerra, Lenin ha adottato soluzioni che non considerava affatto tipiche e obbligatorie per il passaggio al socialismo, ma scelte transitorie, dettate da necessità contingenti. Stalin, al contrario, quando è stato costretto a una scelta tatticamente giusta, il patto russo-tedesco, ne ha derivato una teoria generale, che ha reso insostenibile, per esempio, la posizione dei comunisti in Paesi come la Francia. Nei confronti della Cina, egli ha sostenuto la sua posizione negando che le forme della rivoluzione in Cina dovessero caratterizzarsi con la presenza del «modo di produzione asiatico», e inventando un inesistente «feudalesimo» dal quale la Cina sarebbe dovuta passare alla «rivoluzione democratica». Il male viene dunque quando a certi mezzi di accelerazione politica – che possono momentaneamente imporsi – si vuol dare il carattere di legge teorica. Di qui quella corruzione del senso teorico, sulla quale è cresciuta una intera generazione.

Rossanda Come si spiega che questa difficoltà sussiste dopo il XX Congresso?

Lukács Anzitutto c’è una resistenza delle forze staliniste. È difficile fare un’autocritica fino in fondo. Difficile anche perché la corruzione intellettuale di cui parlavo ha prodotto una generazione tentata dall’empirismo. Sono ben pochi i teorici fra gli attuali dirigenti del movimento operaio. Siamo all’inizio di un lungo periodo di transizione.

Rossanda Come considera lei sotto il profilo teorico il dissenso russo-cinese?

Lukács Vorrei dire che l’Urss ha ragione, ma non possiede la coscienza teorica della sua ragione storica. La Cina – spinta a ciò dalla politica occidentale – pretende di elevare a generalizzazione teorica una sorta di comunismo di guerra, di politica del tanto peggio tanto meglio. Nei confronti dell’Urss i cinesi hanno torto, il loro è un cieco radicalismo, ed è pericoloso. Il settarismo può fare danni limitati in un piccolo partito europeo; altra cosa è quando agisce una grande potenza. D’altra parte la posizione di Stalin nel ’24 concernente il socialismo in un Paese solo, era giusta: ma nel 1945, la situazione era affatto differente. L’incapacità di adeguarsi ha provocato il conflitto con la Jugoslavia, e le difficoltà successive del campo socialista. Nello stesso tempo, rispetto alle dimensioni attuali della guerra, non c’è dubbio che la tesi sovietica della coesistenza è giusta, e le decisioni – per esempio concernenti Cuba – sono state sagge. Naturalmente la storia presenta sempre nuovi problemi: l’affare del Vietnam ripropone, verosimilmente, una collaborazione russo-cinese. Tra gli anni Venti e Trenta la politica sovietica ha avuto un grande fascino per tutto il movimento socialista nel mondo. Con lo svilupparsi dello stalinismo, questo fascino, questo modello, si è andato spegnendo. Finché non si sarà fatta una riforma interna dell’economia e dell’ideologia, questo ascendente non si riavrà. Si deve allo stalinismo se oggi la rivoluzione in Occidente non è all’ordine del giorno. Occorre riconoscere che questi guasti vanno riparati con un lungo processo, che la rivoluzione in Occidente non si farà domani. Anche saper attendere esige forza, io aspetto questa profonda riforma che ci restituirà tutta la nostra attrattiva ideale. E nel caso dei popoli sottosviluppati? La rivoluzione mondiale sarà più lenta. Nel 1905, Lenin sosteneva contro Trotsky che la rivoluzione mondiale non era all’ordine del giorno. Il problema dei popoli sottosviluppati è soprattutto quello della elaborazione di forme di transizione verso il socialismo.

Rossanda In che modo concepisce lei il rapporto fra il marxismo e altre culture? Vorrei ricordarle, ad esempio, la posizione di Sartre sul rapporto fra psicoanalisi e marxismo.

Lukács Marx ha perfezionato la dialettica hegeliana. Ha capito che il mondo non è composto da elementi separati, ma che l’elemento primo è un complesso dinamico concreto, del quale è possibile esaminare gli elementi riferendosi alla totalità. La dialettica materialistica è dunque il solo metodo che permetta di comprendere i complessi in quanto tali, e di comprendere anche le categorie che esistono soltanto in quanto reciproche («Reflexionsbestimmungen»). Ho per Sartre, come pensatore e come uomo, una stima assoluta: egli ha compreso di non poter lavorare se non con il marxismo. Marx ha anche operato grandi integrazioni culturali. Ma Sartre si sbaglia nel non comprendere la dialettica, nel non vedere che l’ontologia dell’esistenzialismo è incompatibile col materialismo. Ne deriva la contraddittorietà dei suoi risultati. A proposito di Freud, la posizione di Sartre viene dal fatto che egli concepisce la relazione fra uomo e categorie sociali come una relazione a posteriori: in questo non ha abbandonato la vecchia concezione di Heidegger, secondo cui l’uomo è gettato nella realtà sociale. In verità l’uomo e l’essere sociale sono tutt’uno. Una psicologia, come quella di Freud, che ipotizza l’uomo come isolato, non ha nulla a che fare col marxismo. Personalmente io non credo in una psicologia, ma in un’antropologia, nel senso che per Marx ogni uomo ha una determinazione fisiologica e una determinazione sociale. Del resto l’etnografia moderna sembra dar ragione a Marx: essa ha scoperto che perfino le funzioni elementari – l’alimentarsi e i rapporti sessuali – sono determinati socialmente, nel senso dunque che non esiste una sessualità, che si presenta di volta in volta con variazioni storiche, ma esiste un processo della sessualità. Il limite di Sartre è quello di accettare il materialismo storico e non quello dialettico.

Rossanda Come interpretare oggi la questione del materialismo dialettico? Riferendoci a Materialismo ed empiriocriticismo di Lenin?

Lukács Io difendo quello studio di Lenin. Egli ha scritto, nel ’19, cose profetiche: per esempio, che l’eccessiva applicazione delle matematiche sarebbe stata un aiuto all’idealismo. Era giusto. Non escludo che la logica neopositivistica abbia un valore, ma essa considera a torto l’ontologia come un problema esoterico. Non è possibile addentrarmi qui nella questione, e non vorrei che il mio pensiero in proposito fosse giudicato dalle definizioni sommarie di questa conversazione: è questione che va affrontata nel modo dovuto, in altra sede. Grosso modo, secondo me la logica neopositivista crede che una cosa sia risolta quando è stata determinata matematicamente. Ora resta irrisolto il problema della corrispondenza con la realtà. L’astronomia di Tolomeo era matematicamente possibile, consentiva la navigazione e nondimeno non corrispondeva alla realtà. Che cosa è la realtà? Questo è il problema centrale. Nella vita sociale soggettività e oggettività sono legate: nella natura, un mondo oggettivo può esistere senza soggetto, ma la società non può esistere senza soggetto. Occorre uscire assieme dalla falsa oggettività del neopositivismo e dalla falsa soggettività dell’esistenzialismo: ambedue non riescono a cogliere la realtà. Che è perduta egualmente nell’arte moderna, o nello stalinismo. Io parlo di rinascita del marxismo come rinascita del senso della realtà! Ma – ripeto – sono questioni sulle quali non vorrei essere frainteso per la forma approssimativa di queste affermazioni. La questione va affrontata a fondo. Sto scrivendo un’etica: e l’introduzione a questo studio è ormai diventata un libro a sé, che pubblicherò col titolo di Ontologia dell’essere sociale.

Rossanda Veniamo alla questione del realismo, e se esso debba presentarsi o no come posizione di un partito in sede estetica.

Lukács Io non credo che il partito debba avere una sua posizione estetica. I casi in cui i comitati centrali si sono espressi in tema di musica, o di cinema, sono casi ridicoli, e non solo perché le posizioni là sostenute erano infondate. Il partito è più importante, la sua leadership può e deve esprimersi senza entrare nel merito delle opere o indicare una poetica. Tanto, in ogni caso, il corso dell’arte segue la sua strada… Altra cosa è che il partito aiuti l’evoluzione di una estetica marxista. L’arte è un modo di verificarsi della realtà e per questo a un partito giova sempre prenderne conoscenza. Lenin lo sapeva bene. Naturalmente, questa verifica può avvenire come confronto o come fuga: come comunista sono per il confronto e contro la fuga – ma questo non implica un giudizio di valore estetico. Vediamo una questione attuale come quella dell’alienazione: essa può essere considerata come un fatto sociale, seguendo Marx, o come una eterna condizione umana. Questo secondo modo è una fuga e, come marxista, sono contro. E tuttavia, su questa base si possono scrivere poesie ottime. Sotto il profilo di una politica culturale, peraltro, essendo assai difficile definire una verità artistica, il metodo della libera discussione mi sembra il più proficuo.

Rossanda È al corrente delle critiche secondo cui la sua ricerca ha implicitamente favorito le posizioni dogmatiche?

Lukács La mia posizione è stata sempre contestata. Di qui a trentanni mi daranno ragione… Vede, la maggior parte dei critici di oggi si limita a una critica tecnica. Ma il marxista deve affrontare le grandi questioni estetiche. Io mi sento sempre più «antimodernista» perché l’arte moderna ha generalmente una sola dimensione. Non si confronta con la realtà. Confrontarsi con la realtà significa confrontarsi con la multidimensionalità del reale. Pensi a Cézanne, che indicando un suo quadro, afferma: «Questa parte non è buona, perché è solo colore e non espressione»; ecco un confronto in una questione estetica concreta. Matisse non si pone questo problema: il suo colore non è espressione, ma decorazione.

Rossanda Ma se all’esempio di Matisse sostituiamo quello di astratti? Essi – Mondrian, per esempio – si propongono una interpretazione, e non solo una decorazione.

Lukács Non voglio generalizzare. Ma gli astratti, e Mondrian, mi interessano ancora meno di Matisse. Non arrivano neanche alla decorazione… Torno a insistere che il problema dell’arte è diverso da quello della tecnica artistica. Il grande viaggio di Jorge Semprún è scritto secondo la tecnica del monologo interiore, secondo la scuola di Joyce: eppure va in direzione affatto opposta. Il valore di questo libro sta nel fatto che la forma più brutale dell’angoscia non è data come una condizione umana universale, ma come una condizione concreta dell’uomo. Quanto al realismo socialista, di cui Fischer e Garaudy non vogliono più sentire parlare, esso resta, secondo me. È l’arte in grado di esprimere una situazione sociale. Può essere buono, o no: può avere forme differenti, a seconda dell’evoluzione storica. Pensate al realismo di Defoe o di Fielding, e a quello di Thomas Mann. Certo, si è fatto tutto il possibile per compromettere il realismo socialista. Ma poi viene uno scrittore come Solženitsyn, lo ritrova, lo verifica, e gli dà una forma nuova.

Rossanda È stato osservato che lei indica in Solženitsyn e nella ricerca della condizione umana e sociale del periodo di Stalin il modello di un realismo attuale. È esatto?

Lukács Non lo addito a modello. È solo un inizio. Ma certo esso indica le forme recenti del conflitto sociale. Ai tempi di Sholokhov questi conflitti erano diversi. Si dice che la storia ha già superato questa fase, ma come può uno scrittore costruire un personaggio se non nello sfondo dell’intera esperienza che lo ha formato? E Balzac senza il riferimento al periodo napoleonico? Tutti noi, salvo coloro che oggi hanno vent’anni, siamo dei sopravvissuti all’età di Stalin, ed è impossibile avere oggi un confronto con la realtà, senza porci questa questione. E del resto, il nostro grande compito di oggi è quello di superare questo periodo.

Rossanda Un’ultima domanda. Qual è la sua attuale posizione nei confronti della sua opera giovanile Storia e coscienza di classe?

Lukács Questa opera ha il merito di avere affrontato per la prima volta il problema dell’alienazione. Ma quando l’ho scritta non conoscevo il giovane Marx. Quando nel 1930 andai nell’Urss e lessi i Manoscritti, mi resi conto che avevo interpretato l’alienazione in una maniera hegeliana, e che tutta la critica che Marx faceva di Hegel valeva anche per Geschichte und Klassenbewusstsein che, perciò, non può che considerarsi sorpassata.